UM OLHAR EDITORIAL SOBRE O GRUPO DE K-POP SINO-COREANO EXO por Vitória Ferreira Doretto


Todo grupo ou solista que deseja participar da indústria de música pop sul-coreana (K-pop) passa por um período de preparação e treinamento nas agências de entretenimento sul-coreanas antes de debutar e se tornar um idol. Neste período de preparação para sua apresentação ao público, os indivíduos aprendem ou aperfeiçoam técnicas de canto e dança, têm aulas de educação física e inspeções de rotina de peso e controle diário da dieta, e também podem estudar atuação e línguas estrangeiras (por exemplo inglês, japonês e mandarim para os sul-coreanos e coreano para os estrangeiros). Para analisarmos a constituição de um grupo de K-pop a partir de uma perspectiva editorial, considerar este momento pré-debut é de extrema importância, pois, é nele que são definidas as características que serão evidenciadas em cada integrante do grupo, os gêneros musicais abordados, os conceitos de vestimenta e maquiagem e outros tantos aspectos, mas também processo de lançamentos posteriores podem trazer informações caras ao desenvolvimento da análise. Assim, neste texto fazemos um exercício conceitual, colocando o conceito de objeto editorial como  método, e analisamos o grupo sino-coreano EXO como um objeto editorial, preparado para ter uma vida pública e partícipe de uma cadeia criativa e produtiva.

 

Com doze membros, o EXO (em coreano, 엑소) debutou em 8 de abril de 2012 sob a tutela da SM Entertainment (SM), empresa de entretenimento sul-coreana criada por Lee Soo-Man em fevereiro de 1995 e desenvolveu um sistema interno de produção de artistas, começando com os grupos H.O.T. em 1996, S.E.S. em 1997, Shinhwa em 1998, a dupla de R&B Fly to the Sky em 1999, e a solista BoA em 2000.

 

A SM, como várias outras empresas da Coreia do Sul, cria seus próprios talentos e seleciona o conceito, imagem e visão musical de cada artista. Este processo geralmente envolve um treinamento rigoroso para criar um idol ideal, em termos de corpo, personalidade e comportamento, que os fãs irão “venerar” e se espelhar — e, em muitos casos, também tratar como um produto, mas esta é uma discussão para outro momento. Antes da estreia do grupo, os integrantes assinam contratos como trainees (neste caso, aspirante a artista) e passam pelo treinamento sistemático na SM — por exemplo, o líder do EXO, Suho (Kim Junmyeon), foi o primeiro integrante a entrar na agência e passou sete anos como trainee (conferir Figura 1). Se o período como trainee é o momento de preparação, modelação, refinamento para se tornarem idols e serem apresentados ao público, as definições de sua interlocução, inscrição material e circulação são determinadas e escolhidas de acordo com os temas (chamados de conceitos) e as tendências do mercado que o grupo seguirá — e tudo isso é considerado quando a empresa começa a planejar a estreia de seu próximo grupo. Veremos um pouco mais da história do EXO para que possamos identificar esses três aspectos, mas a Figura 1 traz informações sobre o pré e pós-debut dos integrantes atuais do grupo e que serão retomadas na análise nos parágrafos posteriores.

 

 

Figura 1 – Atividades pré e pós-debut de cada integrante atual do EXO

Fonte: Elaborado pela autora.

 

Em janeiro de 2011, o fundador da SM, Lee Soo-man, anunciou que debutaria um novo grupo masculino em março ou abril do mesmo ano. Em maio, Lee Soo-man falou sobre o grupo em um seminário empresarial sobre a Hallyu — ou “onda coreana”, termo que se refere à popularização da cultura popular sul-coreana ao redor do mundo a partir dos anos 1990 — realizado na Universidade de Stanford, explicando sua estratégia de separá-lo em dois subgrupos, M1 e M2, que promoveriam as mesmas músicas na Coreia do Sul e na China, em coreano e mandarim. Ele planejava estreá-lo em maio de 2011, porém, a estreia foi adiada para 2012.

 

Em dezembro de 2011 o grupo foi oficialmente apresentado como EXO — nome retirado de exoplanet, termo que se refere a planetas fora do Sistema Solar e que se relaciona com o conceito do grupo, apresentado na introdução do clipe de “MAMA”: garotos que vieram de outro planeta e que possuem poderes especiais —, com o nome EXO-K para o subgrupo sul-coreano e EXO-M para o subgrupo chinês. Os doze membros da formação original (Xiumin, Suho, D.O., Chen, Chanyeol, Lay, Baekhyun, Tao, Kris, Luhan, Kai e Sehun) foram introduzidos individualmente em vinte e três teasers lançados entre dezembro de 2011 e fevereiro de 2012. Kai, Luhan, Tao e Chen foram os primeiros membros a serem apresentados no evento da SBS Gayo Daejun em 29 de dezembro de 2011.

 

Em 30 de janeiro de 2012, os subgrupos lançaram "What Is Love" (em coreano e mandarim), seus primeiros singles promocionais. Em 9 de março foi lançado o single promocional "History”. O show de estreia do grupo foi realizado no Estádio Olímpico de Seul em 31 de março, cem dias após o lançamento de seu primeiro teaser em 21 de dezembro de 2011 — cerca de três mil pessoas entre oito mil candidatos foram selecionadas para participarem do evento. Um segundo show com conferência de imprensa foi realizado no Grande Salão da Universidade de Economia e Negócios Internacionais em Pequim, na China, em 1 de abril de 2012. A estreia oficial dos subgrupos ocorreu em 8 de abril com o lançamento do single "MAMA" do EP homônimo. O EXO-K realizou sua apresentação de estreia na Coreia, no programa musical Inkigayo, enquanto o EXO-M se apresentou na China, na décima segunda edição do Yinyue Fengyun Bang Awards.

 

Atualmente, o EXO é composto por nove membros, Xiumin, Suho, Lay, Baekhyun, Chen, Chanyeol, D.O., Kai e Sehun – como comentado anteriormente, sua formação original também incluía Luhan, Kris e Tao, que saíram do grupo entre 2014 e 2015. Descrito como "a maior boyband do mundo" pela Dazed [Glasby, 2016] e Vogue [Okwodu, 2017], é um grupo com grande número de prêmios musicais (os chamados daesangs), qualidade sonora reconhecida e conceito bem estabelecido — seus integrantes fazem uso do tema de “poderes especiais” da história criada para o EXO tanto em lançamentos do grupo quanto em lançamentos de álbuns e faixas como solistas.

 

A partir destas descrições, podemos identificar sua interlocução, ou seja, o público, o interlocutor projetado; sua inscrição material, como é apresentado a este interlocutor projetado; e sua circulação, por onde e como circula.

 

Seu interlocutor projetado abrange os consumidores de música pop coreana, como os que participam dos shows de outros grupos masculinos (como TVXQ, Super Junior e SHINee) e femininos (como o Girls Generation). Também é por isso que os integrantes do grupo fizeram participações em clipes, turnês e programas especiais dos outros grupos da SM, como atestam as atividades pré-debut de cada integrantes mostradas na Figura 1. Sua inscrição material, ou seja, como se mostra ao público, envolve os figurinos trabalhados de acordo com o conceito do debut, as maquiagens destacando as feições de cada integrante, os penteados de cada um, mas também seu tipo físico e as dietas e exercícios, que são feitos para moldar o corpo, e as aulas de canto e dança (Figura 1) que todos fizeram. Finalmente, sua circulação envolve os clipes feitos antes do debut, as apresentações de pré-debut (Figura 1), os programas participados durante o debut, mas também os diversos vídeos promocionais espalhados em diversas lojas e outdoors pelas cidades sul-coreanas, os artigos na mídia impressa e digital sul-coreana, e todos os lugares que alcançaram o público que se tornou parte de sua comunidade de fãs (fandom) chamada EXO-L.

 

Nisto também podemos falar em espaço associado e canônico do EXO. Segundo o analista de discurso Dominique Maingueneau (2006), em breves linhas, o espaço canônico é o material que pode ser entendido como primeiro, a fonte, o material linguístico que será retomado diversas vezes, e o espaço associado, todas as retomadas do material original, ou seja, o que é produzido sobre ou a partir dele — artigos de revista, vídeos de fãs, fanarts, fanfics, ensaios fotográficos, sites e perfis de fãs em redes sociais etc. A fronteira entre o espaço canônico e o associado é impossível de se definir porque é renegociada a cada posicionamento, o espaço associado varia de acordo com o espaço canônico e um “se alimenta” do outro, ainda que não tenham a mesma natureza:

 

“O ‘espaço associado’ não é um espaço contingente que se somaria a partir de fora ao espaço canônico: os espaços canônico e associado alimentam-se um do outro, sem contudo possuir a mesma natureza. Esse duplo espaço se mostra a si mesmo no conjunto mais amplo de marcas deixadas pelo autor, o que inclui também os cadernos escolares, a correspondência amorosa, cartas dirigidas à administração e etc.” [Mangueneau, 2006, p. 144].

 

Podemos dizer que o “conteúdo” principal do EXO — o que será retomado, e por isso consideramos como espaço canônico — são seus integrantes, suas músicas, clipes e álbuns, mas o grupo só é bem-sucedido, como a quantidade de prêmios e sua popularidade indicam, porque é lembrado não só pelos fãs, mas pelo público em geral, o que só é alcançado com aparições em programas de rádio, de entretenimento televisivo, com reality shows (como as três temporadas do Travel The World on EXO's Ladder), participação em dramas (as “novelas” sul-coreanas) — como EXO Next Door (2015), 100 days my prince (SudioDragon, 2018), Memories of Alhambra (tvN, 2018), Now, We are Breaking Up (SBS, 2021) e Bad Prosecutor (KBS, 2022) —, peças teatrais e filmes, participação em trilhas sonoras de dramas e nos mais diversos anúncios publicitários que formam seu espaço associado.

 

É nesta conjugação de espaço canônico e associado que um grupo de K-pop se torna, finalmente, um grupo formado por idols. Mas é também com estes rastros de circulação pública que podemos identificar sua participação numa cadeia produtiva e numa cadeia criativa, com técnicas e normas, que marca certos traços de autoria e nos levam a considerar um grupo de K-pop um objeto editorial — pode parecer um salto muito longo, mas explicaremos.

 

Uma concepção de objeto editorial anterior entendia um objeto editorial como um objeto que é preparado para uma "vida" pública que tem, necessariamente, três aspectos que possibilitam sua identificação — sendo eles a interlocução (para quem é, qual é o interlocutor projetado), a inscrição material (como ele se materializa, como é apresentado ao público), e a circulação (por onde/quais lugares ele circula). Como esta proposição era ainda significativamente abrangente, Salgado [2021, slide 6] refinou a definição para o que entendemos como objeto editorial, colocando em relevo a questão da autoria e das cadeias criativa e produtiva:

 

“Objetos editoriais são objetos técnicos que supõem uma cadeia criativa e uma cadeia produtiva, nas quais técnicas e normas são administradas por diferentes atores, com vistas à formalização material de uma síntese de valor sígnico, que enseja uma circulação pública, apontando para uma autoria.” [Salgado, 2021, slide 6]

 

Quando pensamos em objetos editoriais, geralmente, os exemplos mais comuns e pesquisados são livros, revistas, cartas ou outros objetos que explicitam alguma “coisa material”, mas se pensarmos que objetos técnicos são “objetos” que pressupõem um encadeamento de procedimentos técnicos ou trabalhos que demandam certas técnicas para serem concluídos, podemos pensar na preparação de um idol ou de grupos de K-pop como uma produção técnica inserida em uma complexa cadeia criativa e também em uma cadeia produtiva, onde diversos atores — coreógrafos, musicistas, letristas, professores de canto, produtores musicais, profissionais de marketing, maquiadores, estilistas, fotógrafos etc. — cooperam para que seja criada uma identidade distinguível e dentro dos padrões da empresa agenciadora para o grupo e seus integrantes individualmente e a mensagem desejada seja entregue ao público.

 

Há todo um conjunto complexo de práticas na preparação de um objeto editorial, que supõem também uma rede de aparelhos, um campo e um arquivo [Maingueneau, 2006]. Relacionando estas noções ao estudo de caso em tela, uma rede de aparelhos engloba os mediadores (agentes, produtores, vendedores de álbuns etc.), os críticos musicais, professores de música, intérpretes e as instituições que consagram e elevam as produções ao cânone (prêmios, listas...), o campo supõe atores centrais e periféricos, dominantes e dominados, com posicionamentos sempre em disputa uns com os outros, mas também em cooperação, e o arquivo remete a uma memória interna (como grupos anteriores de uma mesma empresa, práticas de publicidade já feitas etc.), às filiações que podem ser traçadas, à criação de espaços associados ao espaço canônico.

 

Para um melhor entendimento, vejamos mais atentamente um pouco do material promocional e de bastidores de um dos lançamentos mais recentes do EXO, o álbum Obsession — antes, é importante notar que quando tratamos do grupo como um objeto editorial não estamos tratando da vida pessoal dos artistas, estamos fazendo uma análise sobre um tipo de pessoa pública, a figura do idol, e diferenciando idol/grupo de K-pop e indivíduo/cidadão sul-coreano/chinês, ou seja, tratamos de Kai, Sehun, Suho, Chen, Xiumin, Baekhyun, Chanyeol, D.O. e Lay, não de Kim Jongin, Oh Sehun, Kim Junmyeon, Kim Jongdae, Kim Minseok, Byun Baekhyun, Park Chanyeol, Do Kyungsoo e Zhang Yixing.

 

Lançado em 27 de novembro de 2019, Obsession é o sexto álbum de estúdio do grupo e teve a participação de seis dos nove integrantes — dois deles, Xiumin e D.O., estavam cumprindo o alistamento obrigatório e o terceiro, Lay, estava realizando atividades como solista na China — e teve duas versões de capa e material (photocards, pôsteres, livreto com fotos etc.), EXO e X-EXO [EXO, 2019a], refletindo a narrativa e conceito do lançamento: continuando a usar o tema de garotos de outro planeta com poderes especiais, o grupo apresentou sua versão de militares e também uma versão negativa, malvada, os X-EXO (conferir Figura 2, Figura 3 e Figura 4).

 

Figura 2 – Pôsteres de EXO e X-EXO

Fonte: EXO [2019b, 2019c, 2019d, 2019e, 2019f, 2019g]. Elaborado pela autora.

 

Figura 3 – X-EXO

Fonte: SMTOWN 신곡 포스트 [2019].

 

Figura 4 – SUHO se preparando para ser X-SUHO

Fonte: SMTOWN 신곡 포스트 [2019].

 

Figura 5 – EXO

Fonte: SMTOWN 신곡 포스트 [2019].

 

Pela comparação entre EXO e X-EXO (Figura 2, Figura 3, Figura 4 e Figura 5), podemos observar mais atentamente o trabalho de construção do grupo como um objeto editorial. De saída, salta aos olhos que para que os integrantes mostrem ser X-EXO é necessária uma construção de caracterização, com efeitos nos olhos, maquiagem mais acentuada, acessórios no rosto, figurino mais chamativo e penteados bastante específicos, mas também de personalidade (as versões negativas são, por exemplo, mal-educadas, desbocadas, mal-humoradas, sem paciência). O que talvez passe despercebido é que para que eles mostrem ser EXO também é necessário que se preparem — tanto fisicamente, com corpos saudáveis, quanto em termos de figurino e maquiagem, pois, roupas de estilo militar ou guerrilheiro não são frequentemente usadas por eles —, que continuem a aprender técnicas de canto e dança, que se especializem cada vez mais. Este lançamento, tanto em termos estéticos quanto narrativos, também deixa explícito a marca de autoria da SM e dos integrantes do EXO, porque retoma e acrescenta desenvolvimento ao fio narrativo criado por Lee Soo-Man desde o debut do grupo e personificado por cada idol — por exemplo, o idol e líder do grupo Suho (Figura 4) não seria Suho se não fosse Kim Junmyeon, pois, as características de Suho são também dele. É com a convergência de todos os detalhes que visualizamos a cadeia produtiva do K-pop e a cadeia criativa da SM e da indústria musical.

É importante notar também que a produção do EXO converge não apenas para o visual dos integrantes, temas de lançamentos e escolhas musicais, sua produção chega ao campo da literatura e de outras esferas do entretenimento. Por exemplo, em álbum anterior, The War: The Power of Music (lançado em 2017), o grupo lançou uma revista de história em quadrinhos (“The War: The Eve”) contando mais da história criada para o embasamento das atividades do grupo e reafirmando a autoria da SM pela SM Comics; seus shows ao vivo também seguem o conceito e costumam levar o título de “EXO Planet” (como EXO Planet 2 – The Exo'luxion, EXO Planet 3 – The Exo'rdium etc.); e até mesmo em campanhas publicitárias para outras empresas que não a SM aparecem seus “poderes especiais” quando são identificados como um dos integrantes do EXO — em campanha recente da Olive Young (marca de produtos de beleza e saúde sul-coreana), por exemplo, Kai aparece se teletransportando, que é seu poder especial. Estes exemplos também nos ajudam a perceber que há, no caso do EXO, um pacto de suspensão da descrença, um acordo ficcional [Eco, 1994] em que o público acredita em seus poderes e não se surpreendem com as menções ou usos fora das produções principais do grupo.

 

Com tudo o que foi descrito e analisado aqui, conseguimos afirmar o caráter de objeto editorial de um grupo de K-pop, neste caso, o EXO. Fica explícito a participação da SM Entertainment nas cadeias produtivas e criativas da indústria do K-pop, e sua marca autoral é sempre reafirmada com o lançamento de novos álbuns do EXO ao reutilizar ou ampliar a narrativa iniciada no debut do grupo. Ao mesmo tempo, um grupo de K-pop é preparado, treinado, para refletir a expertise da empresa agenciadora e suas principais características — como a qualidade vocal ou beleza dos artistas e os experimentos sonoros nas composições musicais — e ter grande circulação pública. Identificamos ponto a ponto os aspectos de caracterização de um objeto editorial, mas mais do que isto, observamos como há um processo complexo, com os mais diversos passos, para que um artista se torne idol. Seria interessante também observar mais atentamente a constituição dos artistas como figuras públicas, seus ethos e até mesmo a cenografia de suas aparições em público, bem como um olhar dos fansigns como uma heterotopia [Doretto, 2020], um contraespaço, conceito de Foucault [2013], mas estes são temas para outras ocasiões.

 

Referências

Ma. Vitória Ferreira Doretto é doutoranda e mestra em Estudos de Literatura pela Universidade Federal de São Carlos com bolsa CAPES (código de financiamento 001), professora-voluntária de português língua estrangeira no Instituto de Línguas/UFSCar e integrante do Grupo de Pesquisa COMUNICA - inscrições linguísticas na comunicação (UFSCar/CEFET-MG/CNPq) e do Laboratório de Escritas Profissionais e Processos de Edição (CEFET-MG/UFSCar). E-mail: vitoriaferreirad23@gmail.com

 

DORETTO, Vitória Ferreira. Um fansign, uma heterotopia, 2020. Disponível em: www.vitoriadoretto.com/2020/09/um-fansign-uma-heterotopia.html.

 

ECO, Umberto. Seis passeios pelos bosques da ficção. Trad. Hildegard Feist. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

 

EXO. #EXO VS X-EXO 대결! Twitter, 2019a. Disponível em:

 

EXO. EXO 엑소 VS X-EXO 엑스-엑소 #KAI. Twitter, 2019b. Disponível em: https://twitter.com/weareoneEXO/status/1193543839564337154.

 

EXO. EXO 엑소 VS X-EXO 엑스-엑소 #CHANYEOL. Twitter, 2019c. Disponível em: https://twitter.com/weareoneEXO/status/1194268612325806081.

 

EXO. EXO 엑소 VS X-EXO 엑스-엑소 #SEHUN. Twitter, 2019d. Disponível em: https://twitter.com/weareoneEXO/status/1194993389055479808.

 

EXO. EXO 엑소 VS X-EXO 엑스-엑소 #BAEKHYUN. Twitter, 2019e. Disponível em: https://twitter.com/weareoneEXO/status/1196080553109467137.

 

EXO. EXO 엑소 VS X-EXO 엑스-엑소 #CHEN. Twitter, 2019f. Disponível em: https://twitter.com/weareoneEXO/status/1196805328110665728.

 

EXO. EXO 엑소 VS X-EXO 엑스-엑소 #SUHO. Twitter, 2019g. Disponível em: https://twitter.com/weareoneEXO/status/1197530107147145217.

 

FOUCAULT, Michel. O corpo utópico, as heterotopias. Trad. Salma Tannus Muchail. São Paulo: N-1 Edições, 2013.

 

GLASBY, Taylor. “Meeting the K-Pop band who are bigger than One Direction”, in Dazed, 2016. Disponível em: www.dazeddigital.com/music/article/32019/1/the-nine-koreans-who-make-up-the-world-s-biggest-boyband.

 

MAINGUENEAU, Dominique. Discurso literário. Trad. Adail Sobral. São Paulo: Contexto, 2006.

 

OKWODU, Janelle. “EXO’s Sehun Was Louis Vuitton’s Best Dressed Man”, in Vogue, 2017. Disponível em: www.vogue.com/article/paris-fashion-week-fall-2017-louis-vuitton-front-row-sehun.

 

SALGADO, Luciana Salazar. Autoria: Tema dos temas de todos os tempos. Slides da disciplina Estudar Objetos Editoriais ofertada no Programa de Pós-Graduação em Estudos de Literatura da UFSCar, 2021. Disponível em: https://lucianasalazarsalgado.files.wordpress.com/2021/11/autoria-25-11.pdf. Acesso em: 12 dez. 2021.

 

SMTOWN 신곡 포스트. “[📸Photo By. EXO] 'OBSESSION' 자켓 촬영 비하인드”, in Naver, 2019. Disponível em: https://post.naver.com/viewer/postView.nhn?volumeNo=26920567&memberNo=41350603.

 

THOMPSON, John B. Mercadores de Cultura. Trad. Alzira Allegro. São Paulo: Editora Unesp, 2013.

16 comentários:

  1. Pedro Gabriel de Souza e Costa5 de outubro de 2022 às 18:55

    Olá! Primeiramente a parabenizo pelo ótimo trabalho. Bom, não sei se seus estudos levam a isso, mas nesse processo de se tornar um "idol", como é tratada a parte pessoal dos integrantes do grupo? Digo fora do "ser um produto" e da máscara criada para o público.

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    1. Oi, Pedro! Obrigada pela perguntar!
      Então, como estou pensando justamente na face pública dos idols, a questão pessoal (como as relações sociais ou atividades que não compõem a "agenda pública") não é considerada. Tudo o que é da ordem do particular (sem considerar casos específicos) não se encaixa na preparação para uma vida pública justamente porque não pretende nenhum tipo de circulação :)
      Espero ter conseguido responder sua dúvida!
      Vitória Ferreira Doretto

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  2. Fernando de Barros Honda5 de outubro de 2022 às 19:14

    Boa noite, Vitória. Gostaria de dizer que essa perspectiva abordada por ti, que leva ao termo autoria, é de uma certa forma refrescante no entorno dos chamados ídolos coreanos. Nesse ponto, levando em conta a sua pesquisa sobre o produto (além dele também!), é possível que em shows filmados (e claro, apresentações transmitidas) seria possível afirmar: esse show é do EXO; ou esse show é da SM? Não é uma pergunta apenas sobre a posse do produto, mas em termos de criação e performance do próprio grupo criado. Ainda, seria possível uma produtora de talentos perceber o potencial, acumular capital com isso e não solapar a própria criação/arte daqueles artistas? Agradeço a atenção e bons trabalhos no doutorado.

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    1. Olá, Fernando! Muito obrigada pela pergunta!
      Tenho a impressão de que no caso dos shows a autoria seria tanto da SM quanto do EXO (ou de qualquer outro grupo/empresa), porque ainda que características específicas remetam ao que é produzido pela SM, há também marcas autorais do grupo (por exemplo, a forma como as músicas são interpretadas, as interações que são feitas com o público... etc.) - neste caso penso que seria uma autoria conjunta ou até mesmo uma gestão de autoria.
      No caso de uma produtora de talentos... me parece que há acumulo de capital simbólico e econômico tanto para ela quanto para o artista (em maior e menor grau, claro), mas uma criação nunca será somente dela nem somente do artista (no caso em que há um processo de preparação) porque é um trabalho que precisa dos dois... no caso do que é produzido apenas pelo artista precisamos analisar caso a caso, porque nem todo grupo/idol/artista pode ser considerado um objeto editorial e nem toda criação rompe com o formato "aprendido" na empresa.
      Faz sentido? Espero ter conseguido responder! :)
      Vitória Ferreira Doretto

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  3. Olá, boa noite!

    Primeiramente, gostaria de te parabenizar por seu excelente trabalho! A temática geral da música do K-pop é um tema de extrema popularidade e acredito que isso precisa, e muito, ser respaldado com estudos nas mais diferentes áreas possíveis.

    Como fã e participante das comunidades de K-pop no geral, um dos temas mais recorrentes e preocupantes é de como alguns idols ou grupos em específico acabam por moldar padrões sociais de beleza e corpo, e de que muitas pessoas arriscam a própria saúde e bem-estar em busca de atingir tais padrões.

    Minha pergunta sobre isso é: De um ponto de vista social, no caso brasileiro, é possível perceber um impacto desses padrões? Visto a amplitude que grupos, tanto masculinos como femininos, atingiram em nosso país nos últimos anos.

    Assinado: Gabriel Silvestre Ferraz

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    1. Oi, Gabriel! Obrigada pela pergunta!
      Então, para perceber o impacto social dos padrões de beleza sul-coreanos, principalmente dos idols, seria preciso fazer uma pesquisa de campo, com coleta de dados (entrevistas, questionários etc.) tanto com a comunidade que consome K-pop quanto com a que consome indiretamente e a que não consome. Como o meu foco de pesquisa foi pensar apenas na "preparação" para a vida pública de um grupo, não consigo afirmar ou negar que há ou quais são os impactos desse aspecto da Hallyu no Brasil... :)
      Vitória Ferreira Doretto

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  4. Boa noite, Vitória! Gostei muito da leitura de seu trabalho e do conteúdo proposto, ainda mais por consumir há bastante tempo esse tipo de conteúdo da indústria cultural sul-coreana. A análise que você faz sobre a indústria de entretenimento foi ótima e me despertou uma curiosidade. Não sei se você conhece ou já ouvi falar sobre o grupo GOT7 da JYP Entertainment, quando estava lendo sobre o processo de trainee e a respeito da empresa moldar essas pessoas conforme o que busca transmitir, me veio esse grupo de kpop em mente. Pois, ano passado eles saíram da empresa e tentaram judicialmente conseguir os direitos sobre o nome do grupo! Em sua opinião, mesmo com a saída desse grupo da empresa, e mesmo tendo cada integrante com carreira solo (atores / cantores), eles mesmos juntos lançando álbum e músicas com o nome do grupo, haveria a possibilidade de algum aspecto comportamental ou característica de um idol em si, ainda prevalecer?

    Quero parabenizá-la pelo ótimo trabalho!

    - Eduarda Christine Souza Pucci

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    1. Oi, Eduarda! Obrigada pela pergunta!
      Sim sim, conheço o GOT7! É muito legal que eles decidiram continuar juntos mesmo fora da JYP. Acho que, no caso deles, seguem valendo toda as características de idol, porque quando a gente pensa no GOT7 como grupo, eles já passaram pelo "processo de preparação" e mesmo que os integrantes tenham saído da empresa, tenho considerado que a preparação e as marcas autorais que ainda são possíveis de identificar não são uma coisa que dê para apagar, a menos que seja intencionalmente com a criação de uma nova imagem pública - aí teria que analisar caso a caso e tudo mais.
      Espero ter conseguido responder sua dúvida! :)
      Vitória Ferreira Doretto

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  5. Vitória, mais um excelente trabalho de sua autoria. É um prazer ler seus textos e observar as inovadoras abordagens que você sempre traz em suas análises. Achei esse tamanho um exímio exercício de enquadramento de uma teoria a um objeto de pesquisa e penso que essa chave de análise pode ser verdadeiramente revolucionária para uma maior compreensão da indústria do kpop e de toda a especificidade que envolve o processo de formação e "distribuição" dos idols. Achei o texto muito completo e me peguei pensando no quanto essa teoria seria útil para analisar o que a SM Entertainment vem construindo com o seu universo de Kwangya, que vai além dos conceitos individuais de cada grupo.
    Uma outra questão que surge é: é possível fazer esse tipo de análise em artistas "ocidentais" que não possuem esse conceito tão explícito e divulgado pelas gravadoras como é o caso dos trainees na Coreia do Sul?

    Alexsandro Pizziolo

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    1. Oi, Alex!
      Kwangya é meu próximo passo de análise! Mas acho que no caso dessa construção de universo que a SM está fazendo apenas a ideia de objeto editorial não consegue servir de base de análise (ainda que seja uma noção muito importante no raciocínio), por isso é um estudo de caso que vai levar um tempo...
      E eu acho que é possível pensar em artistas ocidentais como objetos editoriais desde que haja a marca de autoria (que seja possível identificarmos isso) e que sua "preparação" tenha em vista uma circulação pública - é aquela questão, é preciso analisar caso a caso com vagar.
      Espero ter conseguido responder sua questão! :)
      Vitória Ferreira Doretto

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  6. Vitória, que trabalho excelente!

    É, de fato, uma abordagem teórica que você não imagina que se encaixaria de primeira com um objeto de estudo como o k-pop, pelo menos a priori. Muito bom. Eu fiquei com uma dúvida em relação justamente a quando você aponta para a centelha de originalidade que a SM coloca dentro do mercado da música pop coreana, da qual concordo completamente. Nesse sentido, você acha que a SM seria uma empresa fora da curva dentro do k-pop com esse olhar editorial, ou o k-pop em si converge para essa tendência, como se fosse uma característica do k-pop?

    Abraço e, novamente, trabalho muito bom!

    Maria Gabriela Wanderley Pedrosa

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    1. Oi, Gabriela!
      Tenho a impressão de que a SM teve um papel importante para o estabelecimento desse olhar mais detalhado e com características mais marcadas durante o treinamento dos grupos, mas hoje me parece um aspecto instituído para o gênero em si - talvez possamos até mesmo considerar como um dos traços distintivos do k-pop.
      Obrigada pela pergunta! :)
      Vitória Ferreira Doretto

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  7. Boa tarde, Vitória!

    Antes de tudo, gostaria de parabenizá-la pelo seu texto, foi bem completo e de leitura agradável. O EXO é de longe um dos grandes nomes da indústria do K-pop. A divisão entre EXO-K e EXO-M foi uma ótima estratégia empresa SM, contudo após a saída dos 3 membros chineses, o sistema de sub-units não vigorou. A SM já teve outros problemas com integrantes chineses da sua empresa, principalmente se envolvendo em escândalo de descaso com estes.

    Em sua opinião, como as relações entre chineses e sul-coreanos, levando em conta o passado histórico dessas duas nações, podem ser favoráveis e/ou desfavoráveis para um grupo K-pop sino-coreano?

    Abraços,
    Júlia da Silva Amaral.

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    1. Vitória Ferreira Doretto6 de outubro de 2022 às 21:10

      Oi, Júlia! Obrigada por comentar!
      Então, essa é uma questão bastante complexa... porque envolve questões políticas e sociais, que vão além do meu escopo de pesquisa. Pessoalmente, acredito que há pontos favoráveis e desfavoráveis que são considerados quando um grupo com integrantes não-coreanos começa a ser pensado e preparado.
      No caso específico das units originais do EXO, a saída de quase todos os integrantes chineses levou a promoção dos integrantes apenas como EXO e posteriormente como outras units (EXO-SC, EXO-CBX), considerando o meu escopo de pesquisa, essa modificação na formação não altera a possibilidade de identificação das características de um objeto editorial.
      Espero ter conseguido te responder um pouquinho :)
      Vitória

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  8. Oi, Vitória!
    Esse texto me trouxe a imagem de uma curadoria de arte, sabe? A complexidade que existe em torno do produto é muito diversa e realmente há toda uma construção imagética em torno dos idols. Muitas vezes esse imaginário ultrapassa o lúdico e se mistura com o real. O que me incomoda é a super exploração dos atores que trabalham nesse meio. Dito isso, e associando à cultura de trabalho sul coreana, teria como precisarmos o impacto negativo que o excesso de trabalho e a luta pela imagem perfeita desse mercado gera à sociedade coreana?
    Há a possibilidade de desassociar este aspecto negativo do resultado artístico para a sociedade? Trago essas perguntas como uma maneira de reflexão até sobre as taxas altas de suicídio de jovens e de idols na Coreia.
    Novamente, o texto está muito bem escrito e apresenta uma indústria que se empenha na produção de um produto artístico de excelência.
    Obrigada pelo texto!
    Maria Clara Pessoa de Moraes

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    1. Vitória Ferreira Doretto6 de outubro de 2022 às 21:20

      Oi, Clara! Obrigada pela pergunta!
      Certamente podemos pensar no impacto negativo na sociedade e acho difícil não associar esse aspecto do produto final justamente porque está "embutido" no processo de produção do conteúdo artístico. A super exploração (e exaustão) infelizmente parece estar em todas as etapas da "preparação", mas também tenta ser mascarada na circulação final... essa é uma questão que ainda precisa ser bem mais discutida (e ~corrigida~).
      Vitória Ferreira Doretto

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