UM HISTÓRICO DE RUSGAS E OS ESFORÇOS RECENTES DE PACIFICAÇÃO NAS RELAÇÕES BILATERAIS SINO-VATICANAS por Felipe Vidal Benvenuto Alberto


Seja na data de concepção bíblica, narrada por seus fiéis, ou naquela relativizada pelos acontecimentos históricos subsequentes ao ano inaugural de nosso calendário vigente, o cristianismo tem protagonismo inquestionável nas construções de poder ao redor do mundo. Desde as pequenas esferas, que tangem o comportamento individual daqueles que nela creem, até a intervenção direta em decisões da alta política, a irmã do meio da tríade abraâmica tem sua história intrinsecamente amarrada na formação do mundo que hoje conhecemos. No entanto, à medida que a Igreja Católica se tornava um colosso, em frente a outras denominações mais ortodoxas, como representante direta da prática cristã no Ocidente, ao menos até o advento da Reforma Protestante, também seus dogmas e decisões passaram a ter cada vez mais relevância e para um público mais abrangente, esses muitas vezes tolhidos de suas crenças originárias.

 

Em se falando do Sul Global, mais precisamente da América Latina, a Igreja exerceu um papel tão fundamental quanto controverso no processo de colonização do chamado Novo Mundo, com destaque para o período das Grandes Navegações dos séculos XV e XVI, onde sacerdotes missionários constantemente integravam as comitivas de exploradores. Através da ordem religiosa Companhia de Jesus, cujos membros recebem a denominação de jesuítas, a catequização fez parte integral das práticas de aproximação para com os povos originários, sendo essencialmente exercida através de movimentos paralelos de doutrinação religiosa e assimilação cultural.

 

A mesma Companhia de Jesus disfrutou também de algum protagonismo na Ásia, onde, poucos anos depois, buscava aprofundar a influência ocidental na região para além da atividade comercial já intensamente praticada por mercadores europeus. Difundido de maneira mais intensa no até então Império da China já no fim do século XVI, o catolicismo se deparou de imediato com um ambiente inóspito e com os primeiros sinais de que o caminho para seus objetivos não seria fácil. Como prenunciado inicialmente, já são mais de quatro séculos marcados por poucas concordâncias e muitas desavenças entre a Igreja e o gigante asiático.

 

Como era de se esperar, apesar das intensas mudanças históricas no xadrez global e reposicionamento estratégico da Igreja como peça nesse complexo tabuleiro, a chegada do Partido Comunista da China (PCCh) ao poder no país adicionou — ao menos — um grande fator complicador nas relações bilaterais entre esses dois atores internacionais. Enquanto o PCCh fundava a República Popular da China — daqui em diante chamada apenas de China —, a Igreja seguiu resistente a negociar com simpatizantes do comunismo e até hoje mantém relações diplomáticas com a República da China, nome oficial do território de Taiwan. Condição sine qua non para o estabelecimento de relações bilaterais, o reconhecimento da China continental parece ainda ser um entrave significativo no debate.

 

O Papa do Sul Global e a virada de chave nas relações

Recém-entronizado como novo Papa da Igreja, em 2013, Francisco logo iniciaria seus esforços para implementar aquilo que carregava consigo como ideal desde sua época de anonimato na Argentina. Ainda nos primeiros dias de papado, uma carta foi enviada a Xi Jinping a fim de parabenizá-lo pela missão de presidir a República Popular da China, posto que que o líder chinês chegava ao cargo no mesmo período. Os esforços de aproximação não se demonstrariam levianos, uma vez que a tentativa de contato, ainda unilateral, se repetiria por mais numerosas oportunidades.

 

Passado algum tempo, foram organizadas comitivas da Santa Sé em direção ao gigante asiático, com o objetivo de mapear e explorar os “muitos pontos de encontro entre a China e o Vaticano”, segundo palavras do bispo argentino Marcelo Sánchez Sorondo, presente em um desses encontros. Buscar similaridades entre ambos os entes de poder passou a ser uma arma bastante eficaz na desmistificação dessa relação historicamente truncada, afinal estamos falando das “duas únicas instituições milenares do planeta” (IHU, 2018).

 

Para o professor Francesco Sisci (IHU, 2018), um ponto de virada na relação sino-vaticana, ao menos sob a ótica chinesa, se deu em setembro de 2015, quando Bergoglio e Xi Jinping estiveram ao mesmo tempo nos EUA. Observar a relevância atribuída pela mídia local à presença do Sumo Pontífice teria alertado o presidente chinês a potenciais ganhos na construção de uma relação amistosa com a Santa Sé. Afinal de contas, Sisci (IHU, 2018) completaria sua análise afirmando que “[...] se o Vaticano é tão poderoso, não se trata apenas de gerir esses poucos milhões de católicos chineses”, segundo o lado chinês.

 

Já sob a ótica da Santa Sé, fechar um acordo com Beijing é de suma importância para superar a divisão na prática do catolicismo chinês, tanto visando promover a liberdade religiosa a seus fiéis quanto logrando exercer na prática o caráter essencialmente universalista da Igreja Católica. Não obstante, Francisco não demonstrou pressa durante o amadurecimento das negociações e indicou saber muito bem que caso acelerasse certamente tropeçaria. Sem fugir de perguntas a esse respeito, Francisco (2018) já respondeu a questionamentos sobre uma possível ida à China dizendo “[...], mas as portas do coração estão abertas. E penso que fará bem a todos uma viagem à China. Eu gostaria de a fazer...” Ao citar o pioneiro jesuíta Matteo Ricci em uma entrevista concedida em 2016, o Pontífice é paciente ao dizer que “[...] a experiência de Ricci nos ensina que é necessário dialogar com a China, que é uma fonte de sabedoria e história. É uma terra abençoada de muitas formas”. Essa não seria a primeira e nem a última vez que o Papa jesuíta recordaria os passos do histórico missionário da Companhia de Jesus.

 

“Pessoalmente, sempre olhei para a China como uma terra rica de grandes oportunidades e, para o povo chinês, como artífice e guardião de um patrimônio inestimável de cultura e sabedoria, que se aperfeiçoou resistindo às adversidades e integrando as diferenças, e que não por acaso, desde os tempos antigos, entrou em contacto com a mensagem cristã. Como dizia com grande perspicácia o Padre Matteo Ricci, desafiando-nos para a virtude da confiança, ‘antes de contrair amizade, é preciso observar; depois de a ter contraído, é preciso fiar-se’. É minha convicção também que o encontro só pode ser autêntico e fecundo, se se verificar através da prática do diálogo, que significa conhecer-se, respeitar-se e caminhar juntos para construir um futuro comum de maior harmonia.” (FRANCISCO, 2018)

 

Dos estudos mútuos às mesas de negociações

O ano de 2016 estabelece um marco nos avanços das relações bilaterais sino-vaticanas a partir do momento em que um papa recebe, de maneira inédita, resposta proveniente do mais alto governante chinês. Xi Jinping não só respondeu a mensagem como enviou a Francisco uma réplica da Estela de Xian, item importantíssimo da literatura cristã que se trata do mais antigo contato da civilização chinesa com o cristianismo e data de cerca de 635 d.C. (CARLETTI, 2008, p. 21), quando missionários siríacos enviados pela Igreja Oriental teriam deixado o elemento sob os cuidados da dinastia Tang (PELIKAN, 2015). Segundo Sisci (IHU, 2018), o recado estava além do ato da resposta, mas também incluiria uma mensagem de pertencimento do cristianismo à história chinesa, visando dissociar a prática de um pretenso ocidentalismo intrínseco.

 

Logo no ano seguinte das posses de Francisco e de Xi Jinping, mais precisamente em 2014, ambos os Estados já haviam retomado contato oficial em busca de solucionar a questão que historicamente mais afasta os dois governos: a questão da nomeação dos bispos chineses. Essa questão muito pouco ou nada tem a ver com reconhecimento estatal ou formalização das relações bilaterais, mas sim envolveria um acordo meramente religioso. A Santa Sé alegava ambicionar apenas o gozo de alguma normalidade no trato de questões religiosas em território chinês. Já a representação chinesa na negociação apontava ainda intransigências pontuais por parte do Vaticano, que não entenderia os perigos que a ingerência ocidental já levou à China.

 

Após incontáveis reuniões, a notícia de que um acordo acerca do assunto estaria encaminhado veio de um dos maiores entusiastas da ideia: o Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado da Santa Sé. Ao afirmar que em breve não haveria mais questionamentos acerca da legitimidade ou clandestinidade na Igreja chinesa, no início de 2018, o religioso preparou o terreno para um documento que já vinha sendo tratado a muitas mãos e há muitos anos. Parolin que, recentemente, ao escrever o prefácio de obra dedicada ao estudo de missões na China, inicia tomando para si as palavras outrora usadas por Pio XII em direção aos chineses: “Antes de tudo desejamos manifestar o nosso caloroso afeto por todo o povo da China” (PAROLIN, 2021, apud FRANGUELLI, 2021).

 

Reações acaloradas em um ambiente já fragilizado

Todavia, a singela prévia de notícia dada pelo Cardeal já seria suficiente para despertar reações dos mais diversos níveis. Do lado conservador da Igreja, mais uma oportunidade de tecer duras críticas ao papado “indisciplinado” de Francisco, mas mesmo na China o bom prognóstico não foi unanimidade. Enquanto John Tong, Cardeal chinês e bispo emérito de Hong Kong, recebeu as boas novas com expectativa de pacificação dos conflitos, Joseph Zen, também Cardeal chinês e bispo emérito, chegou a utilizar o termo “comercialização da Igreja” ao se referir ao acordo.

 

Ainda no fim de 2017, as primeiras notícias sobre a possibilidade de normalização das relações já surgiam em noticiários chineses. As primeiras críticas não chegaram a ser realisticamente impactantes por terem sido rebatidas através do uso da própria figura do Papa, levando consigo sua habilidade inquestionável de acalmar os ânimos. Ao informar que Francisco estaria acompanhando as negociações pessoalmente, a Secretaria de Estado não deixou muita margem para dúvidas sobre a seriedade do caso. O grande assombro daqueles pertencentes à Igreja “clandestina” era, porém, que o Papa fosse enganado pelo governo de Beijing, abrindo as portas para aqueles que haviam aprisionado e torturado os seus sem garantias da contraparte.

 

Em setembro de 2018, finalmente era assinado um acordo provisório entre a Santa Sé e o governo de Beijing em face da nomeação dos bispos chineses. Tratando-se de um claro reflexo da mudança nas políticas adotadas pelas respectivas lideranças em ambos os países, cabe, ainda assim, ressaltar alguns fatores que podem ter sido predominantes para essa guinada a um entendimento. A pesquisa pode ser enquadrada no âmbito das análises de Política Externa, onde elementos como cultura e religião, em particular a chamada Faith Diplomacy emerge como um fator condicionante na construção das relações de força no cenário internacional (LEIGHT, 2011, apud CARLETTI, 2019).

 

O olhar diferenciado do governo Xi para o fator religioso

Se quando chegou ao poder Xi Jinping implementou uma política fortemente nacionalista, tudo leva a crer que o passar dos anos e sua habilidade diplomática o levaram a considerar outros caminhos para a manutenção do acelerado desenvolvimento chinês. Para além dos convencionais meios de coerção e demonstração de força, a China tem se aventurado por práticas que poderiam perfeitamente se encaixar no conceito de soft power cunhado por Joseph Nye. Segundo BECARD (2019), citado por CARLETTI (2019), Wang Huning teria sido o responsável por levar tal conceito ao país asiático, sendo ele muito útil desde os acontecimentos da Praça Tiananmen – repressão violenta empregada pelo governo chinês a manifestações pacíficas que aconteciam no local, resultando em um massacre que produziu imagens bastante negativas da China para o mundo (SPENCE, 2013, p. 581) – e atingindo seu auge nos Jogos Olímpicos de 2008, em Beijing. Proeminente teórico político chinês, Huning compõe o Comitê Permanente do Politburo do PCCh, ou seja, a mais alta cúpula do partido. Pelo mesmo motivo, é apontado por muitos como principal ideólogo do governo comunista.

 

Em 2001, o então presidente Jiang Zemin pela primeira vez reconheceu que a religião poderia agir como força estabilizadora na sociedade e, assim, pode ser considerada uma força positiva para o desenvolvimento nacional (LEUNG, 2005, apud CARLETTI, 2019). Uma vez compreendida a relevância do fator religioso como atenuador de problemáticas na interação com outros entes do sistema internacional, a disputa que surge internamente à China é: abraçar o que seria “chinês por essência” ou admitir uma religiosidade de fato livre? Ainda que, por exemplo, os ensinamentos de Confúcio não necessariamente se sobreponham à atividade religiosa, é bastante difícil imaginar um povo com uma tradição tão longínqua quanto os chineses aderindo massivamente a práticas sincréticas com ritos ocidentais em algum grau.

 

Frequentemente trazido de volta aos discursos públicos por Xi Jinping, o pensamento confuciano tem sido instrumentalizado politicamente, sob o prisma da religião, a fim de preencher uma lacuna sentida pelo povo chinês com um elemento fortemente identificado com a história local. A China sabe que não poderá competir pela liderança global apenas com o incremento da sua força econômica e militar. Embora necessárias, estas dimensões de poder não são suficientes. Sabe-se que deve haver valores, padrões morais e éticos para apoiar a ascensão chinesa no mundo. Em outras palavras, é preciso ter soft power. E, neste quesito, o pensamento de Confúcio e sua imagem são capitais culturais valiosos a serem explorados. (CARVALHO, 2019)

 

Depois de algum tempo vigente, ainda que cercado de polêmicas envolvendo principalmente trocas de bispos sob ordem expressa do Vaticano e pronunciamentos acalorados do já referenciado Cardeal Joseph Zen, principal voz de resistência à negociação com o governo comunista, o acordo provisório deu sinais de fragilidade. A despeito de seus 90 anos, o Cardeal Zen não se limita a exercer suas atividades religiosas na clandestinidade, mas concede também muitas entrevistas e se coloca como publicamente oposto a qualquer concessão do Vaticano ao regime comunista. O respeitado bispo emérito de Hong Kong já teve a oportunidade até mesmo de se reunir com o Papa a fim de debater a situação na região, já que sua radicalidade quase intransigente, em termos políticos, não se reproduz no quesito religioso e por fim Zen não estaria completamente errado:

 

“Por muitos anos, a Igreja de Hong Kong apoiou o Papa em sua empolgação, agindo como uma ponte entre as duas comunidades. Quando ouvimos críticas da comunidade oficial contra a comunidade clandestina, defendemos esta última dizendo que sua posição é legítima. Em vez disso, quando ouvimos a comunidade clandestina criticar a comunidade oficial como se todos fossem traidores da Igreja, dizemos: ‘Não! Nem todos eles! Porque conhecemos esses irmãos. Vivemos juntos há muito tempo. Muitos deles são fortes e corajosos, mantendo a verdadeira fé enquanto estão em uma estrutura tão desfavorável.’” (ZEN, 2019, tradução minha)

 

A aparente vitória do clima de incerteza

No fim de 2020, pouco depois de trocar notas diplomáticas com Roma a fim de renovar o acordo por mais dois anos, o governo de Beijing estabeleceu abertura de processo de seleção de bispos sem nenhuma anuência papal. Não cogitando apresentar explicação oficial, o lado chinês, que alega estar agindo em consonância com o previsto no acordo, esse já não mais dentro da validade e ainda sob sigilo, segue colecionando casos de perseguição a praticantes “subversivos” do catolicismo no país. Cerca de uma centena de policiais invadiu, em maio de 2021, um seminário católico a fim de prender a liderança religiosa local, famoso ativista não-alinhado com o governo central. Na ausência do monsenhor no local, dezenas de sacerdotes e seminaristas foram detidos. (IHU, 2021) Já há apenas dois meses, em dezembro de 2021, bispos subordinados ao governo de Beijing realizaram inédita reunião a portas fechadas com aqueles que atuam em Hong Kong e respondem ao Vaticano. Relatos do encontro dão conta de que foi uma reunião voltada para levar uma mensagem e que Xi Jinping nunca teria sido tão enfático ao descrever seu desejo de religião com “características chinesas”.

           

Apesar de seguir defendendo o diálogo, Francisco começa a ficar esvaziado em seu discurso, uma vez que as alegações de desconfiança acerca do governo chinês não se mostraram totalmente infundadas. Em sua mais recente entrevista sobre o tema, o argentino afirmou que "[...] a China não é fácil, mas estou convencido de que não deveríamos desistir do diálogo" e disse ainda que "[...] você pode ser enganado no diálogo, pode cometer erros, tudo isso..., mas é o caminho. Uma mente fechada nunca é o caminho". (PULLELLA, 2021)

 

Referências

Felipe Vidal Benvenuto Alberto é mestrando em Relações Internacionais pelo PPGRI da UERJ, bacharel em Línguas Estrangeiras Aplicadas às Negociações Internacionais pelo CEFET/RJ, com período de mobilidade acadêmica na Faculté des Sciences Juridiques, Politiques et Sociales da Université de Lille e pesquisador do Núcleo de Estudos Atores e Agendas de Política Externa (NEAAPE) do IESP/UERJ.

 

CARLETTI, Anna. A Faith Diplomacy de Xi Jinping: as Implicações Político-Religiosas do acordo provisório sobre a nomeação dos bispos católicos na China. Conjuntura Internacional, v. 16, n. 3, p. 24-33, 1 dez. 2019.

 

_________, Anna. Diplomacia e Religião: Encontros e Desencontros nas Relações entre a Santa Sé e a República Popular da China de 1949 a 2005. Brasília: FUNAG, 2008.

 

CARVALHO, Evandro Menezes de. Reflexões Sobre o Confucionismo no Socialismo com Características Chinesas. In: CARVALHO, Evandro Menezes de; SILVEIRA, Janaína Camara da (orgs.) A China por Sinólogos Brasileiros: Visões sobre Economia, Cultura e Sociedade. Rio de Janeiro: Batel, 2019. p. 99-124.

 

FRANCISCO. Mensagem do Papa Francisco aos Católicos Chineses e à Igreja Universal, 26 de setembro de 2018. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/pont-messages/2018/documents/papa-francesco_20180926_messaggio-cattolici-cinesi.html. Acessado em: 21 de fevereiro de 2022.

 

FRANGUELLI, Bruno. Cardeal Parolin em livro sobre a China: “tudo está dentro de um plano de Deus”. Vatican News, Vaticano, 14 de maio de 2021. Disponível em: https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2021-05/cardeal-parolin-em-livro-sobre-a-china.html. Acessado em: 21 de fevereiro de 2022.

 

IHU, China-Vaticano: vigília de um possível acordo. Artigo de Francesco Sisci. Revista Insituto Humanitas Unisinos, 25 de fevereiro de 2018. Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/576377-china-vaticano-vigilia-de-um-possivel-acordo-artigo-de-francesco-sisci. Acessado em: 20 de fevereiro de 2022.

 

_____, O arrastão de Pequim no seminário católico: preso um bispo. Revista Insituto Humanitas Unisinos, 24 de maio de 2021. Disponível em: https://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/609515-o-arrastao-de-pequim-no-seminario-catolico-preso-um-bispo. Acessado em: 20 de fevereiro de 2022.

 

PELIKAN, Jaroslav. O Espírito do Cristianismo Oriental (600-1700). A Tradição Cristã: Uma História do Desenvolvimento da Doutrina, Vol. 2. São Paulo: Shedd Publicações, 2015.

 

PULLELLA, Philip. Papa defende acordo com China e diz que diálogo é necessário. Terra, Madrid, 1 de setembro de 2021. Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/mundo/papa-defende-acordo-com-china-e-diz-que-dialogo-e-necessario,770d9b9d0ee0af867c08a27116be8aa4elv9u14e.html. Acessado em: 25 de fevereiro de 2022.

 

ZEN, Joseph. For Love of My People I Will Not Remain Silent: On the Situation of the Church in China. San Francisco: Ignatius Press, 2019.

4 comentários:

  1. Caro Filipe, com satisfação que leio seu texto! =D Sobre a questão da nomeação dos bispos, refere-se a católicos estritamente ou o Vaticano está conseguindo atuar sobre a igreja católica patriótica - e aliás, como esta se situa nesse jogo de negociações?
    grande abraço,
    André Bueno

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    1. Olá, professor André! É um prazer ter meu texto lido por você. Em relação à sua pergunta, me refiro no texto estritamente aos bispos que congregam com a fé católica apostólica romana. No entanto, segundo todos os envolvidos nas negociações pelo lado do Vaticano, o objetivo de longo prazo em qualquer acordo debatido seria pôr fim na segregação entre esses dois entes do catolicismo na China. Isso se daria preferencialmente pelo reconhecimento do governo chinês quanto à autoridade papal único no que se refere à nomeação de bispos, ainda que haja algum custo de intervenção governamental no cotidiano da prática católica pelos chineses. A Associação Patriótica Católica Chinesa é um ente um tanto complexo, pois não nega o reconhecimento da liderança papal e, portanto, não representa um cisma religioso, mas está inserida no contexto da burocracia estatal chinesa e conta com figuras bastante influentes no Partido Comunista da China. Esse último motivo faz com que haja bastante resistência interna a negociações que poderiam simbolizar uma significativa diminuição de privilégios.

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  2. Marcos José Soares de Sousa4 de outubro de 2022 às 21:33

    Olá Felipe, ótimo texto sobre o envolvimento político e religioso e que vai ao encontro do que o Brasil vive nesse momento. Parabéns.
    Minha pergunta é sobre quais pontos o vaticano poderia ou deveria ceder para que o catolicismo saia da clandestinidade na China e até onde você acredita que o governo chinês poderá ceder?

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  3. Olá, Marcos! Agradeço pelo comentário e concordo com você quanto a certas similaridades no ganho de relevância das religiões nas relações estatais, bem como nas agendas de política interna por todo o mundo. Quanto aos pontos de cessão que cada ente pode aderir, é inevitável que entremos no campo das especulações, uma vez que os acordos bilaterais negociados são mantidos em sigilo. No entanto, aderindo a esse exercício de imaginação, me parece razoável dizer que o Vaticano estaria mais disposto a ceder a determinadas exigências chinesas, sendo essa opinião embasada no fato dos fiéis clandestinos - historicamente perseguidos - não serem exatamente simpáticos à aproximação recente entre os Estados. A principal alegação desses indivíduos é de que o governo chinês seria traiçoeiro e uma espécie de "anistia" em prol da pacificação das relações não seria o melhor dos caminhos, pois o Partido Comunista da China (PCCh) cedo ou tarde violaria o acordado. Já da parte chinesa, a nomeação de bispos pelo Papa não parece ser o grande problema, mas sim as potenciais ingerências estrangeiras que isso traz ao território chinês. De acordo com o Direito Canônico, um indivíduo não precisa nem mesmo ser nativo daquele país para que seja nomeado bispo. Logo, não é difícil imaginar as problemáticas que figuras alheias aos quadros do PCCh e detentoras de liderança social representariam ao modelo de governança pretendido pelo país.

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