O
lugar de lugar de fala destas reflexões será a sala de aula de História da
Educação Básica. Mais especificamente as aulas de História que abordam
conteúdos pertinentes a civilizações ou temas do “oriente”, ainda referidos no
singular na maioria dos programas de estudo. Fato este que por si só já é um
grande desafio, ou seja, a mudança de olhar, pensar o “oriente” no plural,
visto que existem múltiplos orientes. O objetivo do texto será pensar
alternativas para aproximar os orientes distantes com o cotidiano dos
estudantes. Para isso, apresentaremos as histórias em quadrinhos como recurso
didático para efetuar o estudo, as reflexões e os aprendizados sobre os
orientes nas aulas de História.
A
proposta teve seu início a partir de falas dos próprios estudantes repetidas ao
longo de anos, que de certa forma não deixa de ser uma provocação para a
reflexão docente. Professor, “por que temos que estudar coisas lá do outro lado
do mundo?”
Assim,
propomos aproximar o geograficamente distante fazendo uso de uma mídia
conhecida por muitos estudantes, as histórias em quadrinhos. Nossa reflexão
terá como foco diferentes histórias em quadrinhos que abordam temas que possam
ser trabalhados em sala de aula demonstrando diferentes contextos existentes no
que se convencionou chamar de “oriente”. Ressalto, com tudo, que não iremos
realizar um estudo aprofundado sobre um tema específico, ou apresentar dados de
uma pesquisa acadêmica. Não sou um especialista em temas orientais, como já
referido acima, sou professor de História na Educação Básica. Utilizo as
histórias em quadrinhos como um recurso para adentrarmos nestes temas, para
fomentar questionamentos e questionar os preconceitos sobre este universo
nomeado genericamente oriente. Como alertou Edward Said:
“(...)
os terríveis conflitos reducionistas que agrupam as pessoas sob rubricas
falsamente unificadoras como ‘Américas’, ‘Ocidente’ ou ‘Islã’, inventando
identidades coletivas para multidões de indivíduos que na realidade são muito
diferentes uns dos outros, não podem continuar tendo a força que têm e devem
ser combatidos; sua eficácia assassina precisa ser radicalmente reduzida tanto
em eficácia como em poder mobilizador”. (SAID, 2007, p. 25)
Almejando
organizar a reflexão, acreditamos ser prudente apresentarmos, mesmo que de
maneira sucinta, como compreendemos ensino de história e história em quadrinhos
e suas intersecções. Na sequência, daremos continuidade com as potencialidades
das histórias em quadrinhos como recursos para os estudos das histórias dos
diferentes orientes e seus desdobramentos.
Ensino
de História e Histórias em Quadrinhos
Não é de hoje que nos deparamos com reflexões sobre os múltiplos
usos dos quadrinhos no ambiente escolar. Mas é necessário estar ciente de que
esta mídia apresenta peculiaridades, ou seja, agregam diferentes aspectos da
comunicação, tanto visual quanto verbal. Para Will Eisner:
“A configuração geral da revista de quadrinhos apresenta uma
sobreposição de palavra e imagem e, assim, é preciso que o leitor exerça as
suas habilidades interpretativas visuais e verbais.” (EISNER, 1989, p. 8).
Neste
sentido, as histórias em quadrinhos têm muito a contribuir com o
desenvolvimento das competências e habilidades que fazem parte das exigências
do Ensino de História. Sua compreensão exige
interpretar textos e imagens, compreender “sons” e perceber os diferentes
tempos e espaços. É necessário compreender a presença do múltiplo numa história
em quadrinhos. Assim, “a alfabetização na linguagem específica dos
quadrinhos é indispensável para que o aluno decodifique as múltiplas mensagens
neles presentes e, também, para que o professor obtenha melhores resultados em
sua utilização”. (VERGUEIRO, 2016, p. 31).
Nesta perspectiva, as Histórias
em Quadrinhos podem contribuir para o ensino de história, pois:
“(…) ensinar História é estabelecer relações interativas que
possibilitem ao educando elaborar representações sobre os saberes, objetos de
ensino e da aprendizagem. O ensino se articula em torno dos alunos e dos
conhecimentos, e as aprendizagens dependem desse conjunto de interações. Assim,
como nós sabemos, ensino e aprendizagem fazem parte de um processo de
construção compartilhada de diversos significados, orientado para a progressiva
autonomia do aluno.” (GUIMARÃES, 2012, p. 166-167)
Para contribuir com esta
perspectiva de transformação, de exercício do pensar e do construir
conhecimento, as histórias em quadrinhos se oferecem como um recurso de ensino
relevante. Esta mídia exige dos estudantes uma atitude ativa. Permite a
formulação de diversos questionamentos e reflexões.
O grande desafio da educação é,
no nosso entender, contribuir para a formação de indivíduos autônomos do ponto
de vista da capacidade de construir conhecimento e saberes, principalmente, de
saber utilizá-los na vida cotidiana. No passado, o importante era dominar o
conhecido, hoje, o foco está em dominar o desconhecido. A educação visa
contribuir para que o sujeito contemporâneo consiga desenvolver habilidades e
competências para serem aplicadas diante de situações que lhe são impostas.
Entre estes desafios está a competência para compreender os múltiplos orientes.
Na continuidade, iremos apresentar as potencialidades das
histórias em quadrinhos para a utilização em sala de aula.
Histórias em quadrinhos com
temáticas do “outro lado do mundo”
Nesta seção, buscamos apresentar algumas histórias em quadrinhos
que tenham como temática os diferentes orientes. A proposta não é realizar um
estudo exaustivo de cada uma delas, o que devido ao espaço destinado para a
elaboração do texto, não seria viável. Também não foi nosso intuito oferecer
estudo sobre as temáticas abordadas nas histórias em quadrinhos. Buscamos
apresentar histórias em quadrinhos que possam ser utilizadas em sala de aula e
que através destas demostrar a existência de diferentes orientes aos
estudantes. Desta forma, visamos contribuir para que os estudantes possam
construir seus saberes e assim construir diálogos pertinentes sobre os
orientes, combatendo estereótipos e preconceitos sobre esta região.
Neste sentido, as histórias em quadrinhos oferecerem um duplo
recurso, textual e imagético. Muitas destas histórias em quadrinhos apresentam
diferentes ambientes, arquiteturas, paisagens naturais, vestuário etc. dos
locais retratados. Estes elementos também podem ser explorados em sala de aula.
Assim como os textos, a arte também é permeada pelo olhar de quem a constrói.
Como este outro (distante) e o seu mundo foram representados? Esta habilidade
certamente contribuirá para que cada estudante aprimore sua criticidade e seu
poder de análise diante das narrativas a qual é submetido(a) no seu dia a dia,
tanto na escola, quanto fora dela.
Iniciamos pelo já clássico Joe Sacco. Suas reportagens em
quadrinhos versam sobre a Palestina. Do autor temos: “Palestina: uma nação
ocupada” (2000); “Palestina: na faixa de Gaza” (2005); “Notas sobre Gaza”
(2010) e “Palestina – edição especial” (2011). As referidas obras apresentam o
contexto dos conflitos entre árabes e israelenses, as questões políticas e
sociais da região. Há também um diálogo com Edward Said, o que contribui para a
discussão sobre os orientalismos.
Para contribuir com um diálogo plural menciono a história em
quadrinhos que narra a história do povo judeu ao longo de 4000 anos. Intitulada
“A história dos judeus, o povo do livro – uma aventura de 4.000 anos”, escrita
por Stan Mack (2009). A obra apresenta a trajetória dos judeus ao longo do
tempo destacando algumas passagens significativas da história antiga; da idade
média; problemas com a inquisição; o sionismo dos séculos XIX-XX. Oferece um
capítulo sobre a Palestina e América entre os anos 1900 e 1946 intitulado
‘primos de mudança’ no qual faz referência as imigrações. Relata a Shoá
(holocausto) e do pós-1945 até a atualidade. Fazendo uso destas obras podemos
refletir sobre o contexto do Oriente Médio e o conflito entre Israelense e
Palestinos. Os quadrinhos aqui referidos nos introduzem numa temática que está
presente nas séries finais do ensino fundamental e também no Ensino Médio.
Respeitando as respectivas faixas etárias é possível explorar as trajetórias,
os conflitos, as versões históricas que são apresentadas em cada uma delas
buscando conhecer mais sobre suas realidades e a geopolítica da região.
Outro eixo temático de estudo que sugerimos é pensar o contexto
da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O conteúdo é amplo e com uma vasta
historiografia. Assim, ofertamos a oportunidade de realizar o estudo desta
temática através de algumas histórias em quadrinhos que abordam o tema e seus
desdobramentos. Partindo do assunto Segundo Guerra explorar outros tópicos que
estejam a ele relacionados. É uma oportunidade para refletir com os estudantes
a história do Japão e dos japoneses. Fazendo um recorte temático podemos
explorar as diferentes temáticas da história japonesa. No que diz respeito a
Segunda Guerra Mundial temos o clássico mangá “Gen, pés descalços” de Keiji
Nakazawa (10 volumes). De maneira genuína o autor nos apresenta a história de
uma família japonesa no contexto da guerra, incluindo o ataque dos Estados
Unidos com o uso de duas bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima – cidade do
personagem – e Nagasaki. É uma possibilidade para abordar a história do
conflito através da biografia e relatos pessoais. Um olhar mais localizado e
pessoal.
Inserido neste eixo temático, indicamos a obra “Hiroshima: a
cidade da calmaria”, de autoria de Fumiyo Kouno (2010). Nesta narrativa tomamos
contato com os resultados oriundos da radiação causada pelo lançamento da bomba
atômica sobre a cidade de Hiroshima. Anos depois ainda é difícil falar sobre o
tema, as doenças, as consequências entre a população local. A obra nos permite
acompanha a vida cotidiana dos protagonistas e nos conduz a refletir sobre o
uso da bomba.
Buscando oferecer um panorama maior sobre o Japão e sua história
temos “História do Japão: origem, desenvolvimento e tradição de um país
milenar”. Publicada em 1995, a obra integrou as atividades comemorativas do
centenário do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação Brasil-Japão. Esta
história em quadrinhos nos permite conhecer a história do Japão da antiguidade
ao final do século XX. A obra pode ser trabalhada no todo ou utilizar partes
selecionadas as quais se pretenda analisar.
Buscando aproximar o geograficamente distante, temos a indicação
da história em quadrinhos intitulada “Banzai!: história da imigração japonesa
no Brasil”, produzida por Francisco Noriyuki Sato e Julio Shimamoto (arte).
Publicada em 2008 em comemoração ao Centenário da Imigração Japonesa no Brasil.
Nesta obra temos a viagem iniciada no Kasato Maru até as fazendas no Brasil.
Temos a imigração japonesa e os problemas no período da Segunda Guerra Mundial
e o Estado Novo que vigorava no Brasil. Apresenta a cultura japonesa e sua
inserção na economia brasileira. Toda a narrativa tem como linha mestra o
diálogo entre um jovem descendente japonês nascido no Brasil e seu avô que
imigrou do Japão. Entre lembranças, memórias, fotografias e recordações a
história da imigração japonesa nos é apresentada. É uma excelente obra para
conhecermos mais sobre este grupo étnico e sua presença no país.
“Zero eterno”, coletânea composta por cinco volumes foi
produzida por Naoki Hyakuta com arte de Souichi Sumoto. Foi publicada
originalmente em 2006 no Japão e no Brasil no ano de 2015. O romance em forma de
quadrinhos nos conduz ao universo dos pilotos kamikazes que compunham as
unidades militares do Império Japonês que executavam ataques suicidadas contra
alvos inimigos no decorrer da Segunda Guerra Mundial. A narrativa nos faz
refletir sobre o militarismo e sobre a confiança destes soldados nas ordens do
imperador japonês. A obra nos possibilita conhecer outras versões sobre a
conflito mundial do ponto de vista japonês.
George Takei escreveu suas memórias dos campos de concentração
nos Estados Unidos da América durante a Segunda Guerra Mundial fazendo uso das
histórias em quadrinhos. Na obra intitulada “Eles nos chamam de inimigo” (2019)
somos confrontados com uma dura realidade vivenciadas por aproximadamente 120
mil nipo-americanos encarcerados pelo governo dos EUA. Uma parte da história da
Segunda Guerra Mundial pouco referenciada e conhecida na Educação Básica
brasileira. É uma obra que nos permite trabalhar sobre a construção dos
inimigos, a imigração, diferenças culturais e direitos humanos. Pois muitos dos
aprisionados nasceram nos Estados Unidos e mesmo assim, foram rotulados de
inimigos. A obra nos convida a refletir sobre a importância da memória como
objeto para o estudo da História. Podemos abordar a importância dos relatos
produzidos pelas pessoas que vivenciaram períodos históricos e que hoje
estudamos. Neste sentido, a história em quadrinho pode ser uma fonte histórica,
assim como tantas outras, jornais, diários, fotografias, cinema etc. Apresenta
também uma narrativa histórica.
Fazendo a conexão com os relatos e memórias, indicamos a
possibilidade de serem utilizadas as histórias em quadrinhos que foram
produzidas partindo as experiências pessoais de seus autores. Sejam estas como
experiências de vida ou como relatos de viagens. Assim como os relatos de
viagens produzidos por viajantes estrangeiros utilizados como documentos para a
pesquisa histórica com o objetivo de conhecermos os olhares sobre Brasil
Império, por exemplo. Estamos cientes que estes exigem todo um cuidado e
atenção. Também os relatos na versão quadrinhos exigem que deixemos claro aos
estudantes que se trata de um olhar sobre o lugar e não da verdadeira história
sobre aquele lugar. Evidenciar que se trata de versões, de visões pessoais
sobre um determinado lugar. Mas que tais obras nos possibilitam compreender
como estes olhares são formadores de estereótipos ou que possam contribuir para
que venhamos a desfazer preconceitos existentes.
Neste grupo, temos as obras de Guy Delisle. O autor realizou
viagens a diferentes países, nos quais conviveu por um certo tempo, muitas
vezes por motivo de trabalho. O resultado foi a produção de relatos de viagens
no formato de quadrinhos. Temos: “Shenzhen: uma viagem à China”; “Pyongyang:
uma viagem à Coreia do Norte”; “Crônicas de Jerusalém” e “Crônicas Birmanesas”.
Uma das possibilidades para a utilização destas narrativas é trazer o oriente
para mais próximo da sala de aula. O recurso do relato de viagem associado com
os quadrinhos é outro ponto positivo. As narrativas contemporâneas podem ser
uma das maneiras que introduzimos questões pertinentes dos diferentes orientes
evidenciando que não existe um oriente, mas sim múltiplos.
Para finalizar esta exposição sobre as histórias em quadrinhos
menciono duas obras que têm a Síria como tema. A primeira é a obra de Riad
Sattouf intitulada “O árabe do futuro: uma juventude no Oriente Médio”. A
coletânea é composta por quatro volumes cobrindo a vida do autor desde 1978 até
1992. A narrativa foi construída a partir das suas memórias quando menino e da
sua família na Líbia de Kadafi e na Síria de Hafez al-Assad. É um relato
pessoal, uma viagem pelas memórias pessoais do autor que se interseccionam com
acontecimentos históricos da região e dos países.
A segunda, foi produzida por Zerocalcare sob o título “Kobane
Calling: ou como fui parar no meio da guerra na Síria” (2017). Zerocalcare foi
enviado por um jornal italiano e atravessou a Turquia, o Iraque e o Curdistão
Sírio para chegar até a cidade de Kobani onde encontrou-se com o exército de
mulheres curdas. Estas mulheres lutavam contra o avanço do Estado Islâmico na
cidade e na região. Desta viagem o autor produziu a história em quadrinho. É
uma obra sobre experiência pessoal e profissional que nos possibilita adentar
em temáticas contemporâneas. Uma contribuição para consolidar os quadrinhos
como um meio de produzir conhecimento e de divulgar informações sobre
diferentes temáticas.
Apontamentos
finais
Um
dos grandes desafios das aulas de História é desnaturalizar certas ideias ou
concepções. Dentre estas ideias ou concepções é que o oriente seria uma
unidade, ou seja, é muito comum identificarmos falas e produções abordando o
oriente de maneira genérica, como se tudo o que fosse “distante” pudesse ser
nomeado de oriente. Porém, existem vários orientes, não somente na nomenclatura
geográfica, como Oriente Próximo, Oriente Médio e Extremo Oriente, mas também
inúmeras realidades locais ou regionais, cada uma destas com suas identidades e
culturas.
Cada
história em quadrinhos apresentada oportuniza um olhar, uma aproximação, uma
discussão e um aprendizado sobre diferentes regiões, tempos, realidades e
contextos do que normalmente fica rotulado genericamente de oriente.
Acreditamos que oportunizar a mudança de olhar entre os estudantes das séries
finais do Ensino Básico e do Ensino Médio já se configura em um avanço para o
conhecimento.
Referências
biográficas
Dr.
Fabian Filatow. Licenciado, bacharel e mestre em História pela Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Doutor em História pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Pós-doutorado em História pelo Programa
de Pós-Graduação em História da UFRGS (PPGH-UFRGS). Professor de história na
rede municipal de ensino da Prefeitura de Esteio (RS) e professor de história
na rede estadual de ensino do Rio Grande do Sul.
Referências
bibliográficas
DELISLE, Guy. Crônicas Birmanesas. São Paulo: Zarabatana, 2012.
DELISLE, Guy. Crônicas de Jerusalém. São Paulo: Zarabatana,
2012.
DELISLE, Guy. Pyongyang: uma viagem à Coreia do Norte. São
Paulo: Zarabatana, 2017.
DELISLE, Guy. Shenzhen: uma viagem à China. São Paulo:
Zarabatana, 2012.
EISNER,
Will. Quadrinhos e arte sequencial.
São Paulo: Martins Fontes, 1989.
GUIMARÃES,
Selva. Didática e prática de ensino de
História: experiências, reflexões e aprendizados. Campinas, SP: Papirus,
2012.
HYAKUTA, Naoki. Zero eterno. (5 volumes). São Paulo: Editora
JBC, 2015.
KOUNO, Fumiyo. Hiroshima: a cidade da calmaria. São Paulo: JBS,
2010.
MACK, Stan. A história dos judeus, o povo do livro – uma
aventura de 4.000 anos. São Paulo: Via Lettera, 2009.
NAKAZAWA, Keiji. Gen, pés descalços. (10 volumes). São Paulo:
Conrad, 2011.
SACCO, Joe. Palestina – edição especial. São Paulo: Conrad,
2011.
SACCO, Joe. Palestina: Notas sobre Gaza. São Paulo: Companhia
das Letras, 2010.
SACCO, Joe. Palestina: uma nação ocupada. São Paulo: Conrad
editora do Brasil, 2000.
SAID,
Edward W. Orientalismos: o Oriente como
invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
SATO, Francisco Noriyuki et al. História do Japão: origem,
desenvolvimento e tradição de um país milenar. São Paulo: Improta Gráfica e
Editora, 1995.
SATO, Francisco Noriyuki; SHIMAMOTO, Julio. Banzai!: história da
imigração japonesa no Brasil. São Paulo: NSP-Hakkosha, 2008.
SATTOUF, Riad. O árabe do futuro: uma juventude no Oriente
Médio. (4 volumes) Rio de Janeiro: Intrínseca, 2015.
TAKEI, George. Eles nos chamam de inimigo. São Paulo: Devir,
2019.
VERGUEIRO,
Waldomiro. “A linguagem dos quadrinhos uma alfabetização necessária” in: RAMA, Angela; VERGUEIRO, Waldomiro. Como usar as histórias em quadrinhos na sala
de aula. São Paulo: Contexto, 2016, p. 7-29.
Zerocalcare. Kobane Calling: ou como fui parar no meio da guerra
na Síria. São Paulo: Nemo, 2017.
Bom dia, primeiramente queria agradecer pelas inúmeras sugestões feitas ao longo do texto, de mangás e HQ's que podem auxiliar as aulas de História. Gostaria de saber como foi desenvolver esta prática em sala de aula, trabalhando as múltiplas leituras textuais e imagéticas? Como foi despertar uma visão crítica para um universo que muitas crianças e adolescente já tem contato, e se esta proposta foi bem aceita pelos educandos?
ResponderExcluirSaudações, Yasmin Rodrigues Roque.
ExcluirPrimeiramente que agradecer por ter dedicado tempo para ler o texto. Também agradeço pelas perguntas formuladas.
Vou responder em ordem as suas questões. Primeira questão: este trabalho não ocorreu de uma única vez, ou seja, durante um bom tempo venho inserindo HQ's nas aulas de História. Também busco adequar cada HQ's para um determinado público Ensino Fundamental ou Ensino Médio. Aqui relatei este processo que vem já de alguns anos. Utilizá-las em sala de aula sempre é um desafio, cada turma é um recomeço, cada estudante é único. Mesmo assim, é gratificante quando conseguimos proporcionar uma mudança de perspectiva, de olhar, de reflexão nos estudantes. Neste caso, desmontar a ideia de que o Oriente é um só lugar, uma só cultura etc. As imagens contribuem muito para aproximar o conteúdo. Muitas conversas e debates surgiram das imagens. Com tipo de roupas, lugares, características físicas etc. Muitas vezes utilizo partes ou pequenos recortes das HQ's. Segunda questão: Tenho ciência que não atingimos todos os estudantes em nossos projetos de sala de aula, mas muitos e muitas demonstraram reconhecer, a partir destas experiências com HQ's, que o Oriente envolve uma diversidade de povos, culturas, religiões etc. Acredito que esta pequena contribuição pode ser muito significativa para que cada um possa desenvolver ao longo de suas existências um olhar crítico sobre textos e imagens que cruzarão seus caminhos ao longo da jornada.
Espero ter respondido suas questões.
Desejo-lhe sucesso.
Abraço.
Bom Dia Dr. Fabian ,grato pela publicaçao. Sou estudante de Antropologia ,com grande interesse no Camboja. Sobre a tematica ''outro lado do mundo'', conheço o HQ ''THE GOLDEN VOICE , A GRAPHIC NOVEL '', que narra a vida da cantora cambojana Ros Sereysothea e o efervescente cenario cultural Pre-khmer Vermelho. Como o interesse em quadrinhos com essa tematica dos varios orientes pode despertar nos alunos um impulso para a escrita criativa e tambem a elaboraçao de roteiros cinematograficos complexos com inumeras abordagens pouco convencionais num mundo moderno que se caracteriza pela etica do respeito as minorias e pelo dinamismo entre as relaçoes dos povos ? abraços, Ricardo dos Santos Barbarra
ResponderExcluirSaudações, Ricardo dos Santos Barbarra.
ExcluirAgradeço pelo interesse no texto e por ter dedicado um tempo para a leitura.
Não conheço a HQ "The Golden voice, a graphic novel". Aproveito para agradecer o comentário, irei em busca desta obra certamente. Interessante abordar a história do Camboja através da história da cantora cambojana Ros Sereysothea.
Sobre a sua pergunta, vamos lá. Acredito que as HQ's podem contribuir para ampliar nossos conhecimentos, pois são também narrativas e aqui foquei em trabalhos que tiveram o contexto histórico ou cultural. Nesse sentido, as HQ's podem contribuir para o despertar para a escrita criativa e também para roteiros cinematográficos fazendo usos de aspectos e abordagens pouco exploradas, como o exemplo que você mencionou, a história da vida real de uma cantora para refletir sobre o país/contexto/cultura. Muitas HQ's oferecem perspectivas das minorias, destacando suas trajetórias e dificuldades ao longo do tempo e da História, dando-lhes visibilidade. Acredito ser viável serem elas um incentivo para despertar reflexões e produções que promovam o respeito entre os povos e suas culturas.
Espero ter respondido sua questão.
Desejo-lhe sucesso na sua trajetória na graduação do curso de Antropologia.
Abraço.
Bom dia, gostaria de agradecer pela publicação. Sou estudante de História e estou me adentrando nas pesquisas sobre o universo dos quadrinhos e queria saber: você teria sugestões de autores que considere chave para estudar quadrinhos e imagens? Abraços, Felipe Lomba Ferreira.
ResponderExcluirSaudações, Felipe Lomba Ferreira.
ResponderExcluirAgradeço por ter dedicado um tempo para ler o texto.
Sobre a sua pergunta indicarei alguns nomes que considero importante (talvez você já conheça) para quem estuda quadrinhos e imagens.
McCLOUD, Scott. Desvendando os quadrinhos: história, criação, desenhos, animação, roteiro. São Paulo: M.Books do Brasil Editora, 2005.
EISNER, Will. Quadrinhos e arte sequencial: princípios e práticas do lendário cartunista. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
RAMOS, Paulo. A leitura dos quadrinhos. São Paulo: Contexto, 2018.
RAMOS, Paulo; VERGUEIRO, Waldomiro (org.). Muito além dos quadrinhos: análise e reflexões da 9ª arte. São Paulo: Devir Livraria, 2009.
LOPES, Aristeu Machado et al. (orgs). A história através das mídias: representações, personagens, fontes. Curitiba: Publishing, 2019.
LUYTEN, Sonia Bibe. Mangá: o poder dos quadrinhos japoneses. São Paulo: Hedra, 2000.
VILELA, Túlio et al. (org.) Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2016.
ECO, Umberto. Apocalíptico e integrados. São Paulo: Perspectiva, 2000.
Espero que estas indicações te sejam úteis.
Desejo-lhe muito sucesso na sua trajetória acadêmica.
Abraço.