China e o Continente Africano no Século XXI: uma Análise das
Relações Econômicas entre 2000 e 2013
China e
África possuem um longo histórico de convivência e trocas, sendo o continente
uma das localidades alcançadas pelas famosas expedições do general Zheng He no
século XV [KISSINGER, 2011]. Porém, podemos ver uma maior aproximação entre os
dois atores na segunda metade do século XX. Após a ascensão do Partido
Comunista Chinês (PCC) ao governo em 1949, a China buscou aproximar-se dos
países em desenvolvimento da Ásia, África e América Latina. Um marco nas
relações entre o país e o continente africano é a Conferência de Bandung,
[OURIQUES, 2014]. A China aproximou-se consideravelmente dos países do
continente africano através de visitas de representantes chineses, como Zhou
Enlai, e, também, através do financiamento de movimentos pró-independência.
Conforme
aponta Xavier [2011], o continente africano possuía papel fundamental na
política externa chinesa na década de 90 tendo em vista o objetivo chinês de
aumentar seu prestígio no Sistema Internacional e construir uma ordem
internacional multipolar, contrariamente a via unipolar estadunidense. Assim,
ainda conforme a autora, os anos 90 foram marcados pelo aumento das relações
diplomáticas e econômicas entre China e o Continente, ambas como instrumento do
soft power chinês, principalmente
como uma forma de reconhecimento diplomático em relação a Taiwan.
Essa
reaproximação da África com a China, e o surgimento de novas alianças
diplomáticas durante o período, tem como um dos motivos os impactos do fim da
Guerra Fria no continente africano. A África foi um dos palcos centrais das
disputas por esferas de influência entre Estados Unidos e União Soviética
durante a Guerra Fria. Ambas potências foram responsáveis por financiar
movimentos de libertação e investir economicamente no Continente. Porém, com o
fim da Guerra Fria, e a dissolução da União Soviética, os países africanos
perdem o seu poder de barganha e os investimentos externos no país diminuem
consideravelmente. Assim, a reaproximação ocorre através de necessidades
africanas, ocasionadas pelo vácuo deixado por Estados Unidos e União Soviética,
e necessidades econômicas internas chinesas.
Um símbolo
da aproximação entre China e África na década de 90 é a criação do Fórum de
Cooperação China-África (FOCAC) em 2000. O fórum serviria como uma ferramenta
para aproximar, ainda mais os dois atores, trabalhando através da “igualdade
política e confiança recíproca, cooperação econômica win-win (todos se beneficiam de alguma maneira) e intercâmbio
cultural” [LOPES, 2013, p. 3]. Desde o primeiro fórum, realizado em Pequim em
2000, foram estabelecidos importantes compromissos entre as partes para que,
visando a cooperação Sul-Sul, fosse desenvolvida uma parceria estratégica em
busca do desenvolvimento econômico dos países africanos e da China [RYSDYK,
2010]. Ao longo dos anos ficou evidente que o fórum não seria apenas um vínculo
econômico mas também um espaço de cooperação em segurança, tecnologia,
infraestrutura, questões sociais, assim como outros temas.
Os anos 2000
também marcam o aumento dos valores de Investimento Externo Direto (IED) da
China como uma prática da política chinesa going
global. Lopes [2013] aponta que o crescimento dos IEDs chineses no
continente africano chegou a cerca de US$ 72 bilhões em 2008. Com a crise
financeira global de 2008, houve uma certa diminuição no fluxo de capital
investido nos países africanos nos dois anos seguintes. Levando isso em conta,
durante o IV FOCAC, realizado em 2009, representantes chineses e africanos
buscaram alternativas de cooperação no enfrentamento da crise. Apesar de não
terem sido criadas novas ferramentas para o desenvolvimento econômico, as que
já existiam foram ampliadas, como o Fundo de Desenvolvimento China-África,
diminuição de tarifas de importação e foram feitos novos empréstimos destinados
a fortalecimento da infraestrutura [XAVIER, 2011]. A reunião de 2009 também
abordou com atenção questões relacionadas ao desenvolvimento sustentável e a
intercâmbios educacionais, com o lançamento do Programa de Parceria Científica
e Tecnológica China-África [RYSDYK, 2010].
A ascensão
econômica da China e o seu constante desenvolvimento econômico a partir da
política de reforma e abertura na década de 80 tiveram impacto nas importações
e importações entre o país e a África. O maior número de importações da China
com origem na África corresponde a bens primários (minérios, petróleo, metais,
ferro, aço, entre outros), recursos essenciais para a economia chinesa [XAVIER,
2011]. Em contrapartida, as importações africanas da China correspondem
principalmente a produtos manufaturados, em grande parte produtos eletrônicos,
máquinas, equipamentos de transporte, vestuários e outros [RYSDYK, 2010].
Tratando das
importações e exportações sino-africanas no início do século XXI, podemos observar
que, ainda que no período aqui analisado o fluxo de capitais tenha aumentado
consideravelmente com o continente como um todo, alguns países concentram de
forma mais acentuada esse fluxo [RIBEIRO, 2015]. Embora o FOCAC represente um
avanço nas relações da China com o continente africano em unidade, as relações
bilaterais ainda são grande parte desse intercâmbio comercial e financeiro.
Podemos perceber isso principalmente ao observarmos as importações chinesas dos
países africanos. Ao longo dos anos pode ser observada uma concentração das
importações chinesas de três países no continente africano: Angola, África do
Sul e Congo, em decorrência da demanda chinesa por certos produtos e a
disponibilidade deles nos países acima citados. Em relação às exportações
chinesas para a África, como elas consistem de uma maior variedade de produtos,
em grande maioria manufaturados, as possibilidades de fluxo são maiores e,
consequentemente, uma maior distribuição entre os países do Continente
[RIBEIRO, 2015].
Para encerrarmos
essa seção, que visava analisar de maneira geral o desenvolvimento da relação
econômica entre China e África entre 2000 e 2013, elencaremos os principais
pontos do white paper do governo
chinês sobre a cooperação econômica e comercial com o continente africano
publicado em 2013. O documento foi dividido em seis partes que abordam: I)
Promoção do Desenvolvimento Sustentável do Comércio; II) Melhorar o Nível de
Cooperação em Investimento e Financiamento; III) Fortalecer a Cooperação na
Agricultura e Segurança Alimentar; IV) Apoiar a Construção de Infraestrutura
Africana; V) Enfatizar os Meios de Sustento e Capacitação do Povo Africano; VI)
Promoção da Cooperação no Âmbito Multilateral. Através do documento do governo
chinês, são, primeiramente, apresentados impressionantes dados relacionados às
trocas comerciais entre China e África nos dez anos anteriores. Posteriormente
são apresentadas as novas propostas do governo chinês para o continente
africano, levando em conta a construção de um desenvolvimento saudável do
comércio entre as partes.
O white paper também reforça a importância
que a cooperação sino-africana tem para a China e para a África, enfatizando a
validade da cooperação win-win no
histórico de relações entre a China e os Estados africanos. O documento também
reafirma o pragmatismo chinês em sua política externa: “Enquanto procura
avançar no seu próprio desenvolvimento, a China tenta oferecer toda a
assistência que puder à África sem estabelecer quaisquer condições políticas e
beneficiar o povo africano através de avanços no desenvolvimento.” (tradução
nossa) [Conselho de Estado da República Popular da China, 2013, p. 7]. O
pragmatismo chinês em relação à África vem desde o século passado e foi um dos
atrativos da parceria econômica com a China. Enquanto adota esta postura
pragmática, a China garante um maior leque de oportunidades e alianças ao redor
do mundo, incluindo o continente africano. Ao prestar auxílio financeiro e
investir no Continente, a China utiliza-se de sua capacidade econômica como uma
ferramenta política, aumentando o impacto do soft power chinês na África [XAVIER, 2011]. A Belt and Road Initiative, ou ainda Nova Rota da Seda, que será
abordada posteriormente, pode ser vista como, além de um mega projeto da
política externa chinesa, o novo recurso do poder brando chinês dentro do
Sistema Internacional, assim como foi a Rota da Seda iniciada durante a
dinastia Han.
A Criação da Belt and Road e seus Impactos para as Relações
Bilaterais Sino-Africanas entre 2013 e 2020
A BRI surgiu em 2013 sob iniciativa do
presidente Xi Jinping como um dos maiores projetos de infraestrutura da
história da China e da Ásia. A iniciativa visa atuar como um mecanismo de
aceleração do crescimento chinês a partir de obras transcontinentais que abarcam
diversos países pertencentes ao corredor da histórica Rota da Seda. O projeto,
hoje, abarca mais de um terço do PIB mundial e dois terços da população global
[BELT AND ROAD, s/d]. De tal forma, o programa age para aumentar a conexão da
China não somente com os países euroasiáticos, mas também com todos os países
do globo [KOTZ, 2018].
Em 2015, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (CNDR), o Ministério das
Relações Exteriores (MOFA) e o Ministério do Comércio (MOFCOM) da República Popular da China (RPC), com
autorização do Conselho
de Estado lançaram o
esboço oficial da iniciativa, contendo os objetivos, princípios e ideias.
Assim, o projeto como um todo, em termos de custos, está aproximadamente
voltado ao valor de US$ 4 a 8 trilhões. Para o
financiamento do projeto, as instituições estatais, internacionais e privadas
estão empenhadas para pôr em prática a iniciativa.
De forma
geral, a intenção da iniciativa a partir de 2015 com o documento oficial
lançado, direciona-se em:
“promover a conectividade dos continentes asiático,
europeu e africano e seus mares adjacentes, estabelecer e fortalecer parcerias
entre os países ao longo do Cinturão e Rota, estabelecer conectividade
multidimensional, multicamada e composta redes e realizar um desenvolvimento
diversificado, independente, equilibrado e sustentável nesses países” (tradução
nossa) [BELT AND ROAD INITIATIVE].
Pautasso e
Ungaretti [2017] ressaltam a importância geoestratégica da BRI, de forma que a
China desde a crise de 2018 começou a atuar de forma mais ativa na política
internacional através de sua política externa pacífica. Durante o 18ª Congresso
do PCC em 2012, definiu-se novas diretrizes para a atuação diplomática
econômica chinesa no Sistema Internacional, de maneira que a BRI nada mais é
que “uma ampliação e aprofundamento de proatividade da China na configuração da
dinâmica de integração regional” [PAUTASSO; UNGARETTI, 2017, p. 28]. Ou seja, atualmente,
segundo Nedopil [2022], a BRI já abarca de 138 a 145 países, dependendo ainda
do comunicado oficial de alguns países. Entretanto, já se pode citar alguns,
sendo eles divididos entre as regiões: 42 na África Subsaariana, 34 na Europa e
Ásia Central, 25 do Leste Asiático e do Pacífico, 20 na América Latina e
Caribe, 18 no Oriente Médio e Norte da África e 6 no Sudeste Asiático.
A figura
abaixo apresenta os principais países que adentraram na BRI após a assinatura
do memorando de adesão, especificando ainda os anos respectivos de cada
entrada.
Figura 1.
Países da Belt and Road Initiative e suas adesões ao longo dos anos.
Fonte: The
Green Finance & Development Centera [2022]
Na
sequência, ainda, a iniciativa se divide em dois segmentos, o terrestre e o
marítimo. O conhecido Cinturão Econômico da Rota da Seda (SREB), que abrange o
projeto terrestre, se baseia em 6 corredores transcontinentais, sendo eles, a
Nova Ponte Terrestre Eurasiática; o eixo China-Mongólia-Rússia; o eixo
China-Ásia Ocidental; o eixo da Península China-Indochina, o eixo do Corredor
Econômico China-Paquistão e o Corredor Econômico Bangladesh-ChinaÍndia e
Mianmar [KOTZ, 2018]. Logo, o outro projeto denominado Rota da Seda Marítima (MSR)
abrange desde o Mar do Sul da China e o Oceano Pacifico, passando pelo Leste
Asiático até o Oceano Índico e envolvendo a África Subsaariana até o Mar
Mediterrâneo, chegando na Europa. Além de, perpassar pela região polar, cobrindo
todo Oriente. A Figura 2 abaixo esclarece a iniciativa terrestre e marítima.
Figura 2.
Mapa da Silk Economic Road, Maritime Silk Road.
Fonte:
Council On Foreign Relations, 2020.
Assim, como
já supracitado, a China é um gigante econômico que detém uma linha produtiva
constante que necessita de recursos naturais disponíveis a todo o momento, por
isso, as relações deste com países exportadores de commodities se faz visível a partir da BRI. Dessa maneira,
Visentini e Oliveira [2012] expressam como a África nesse contexto é parceiro
importante para a China nos âmbitos econômicos, exportando os recursos de baixo
valor agregado, porém, essenciais para a continuidade do crescimento chinês.
Diferentemente dos países ocidentais, o dragão asiático tem atuado como ator
bilateral com os países africanos a partir de investimentos brutos nas mais
diversas áreas, respondendo a anseios e necessidades de forma eficaz aos
governos africanos. Os autores ainda citam que “as novas relações da China (e
da Ásia) com a África, com menor participação dos centros financeiros do
Atlântico Norte, marcam o declínio do ciclo histórico de longa duração de
Ocidentalização do mundo” [VISENTINI; OLIVEIRA, 2012, p. 39].
Por mais, a
partir de 2013, a China iniciou uma nova fase de estreitamento com o Sul global
a partir da BRI, em especial, a MSR que abarca o continente africano. De tal
modo, a área subsaariana africana que o projeto envolve, em especial o Chifre
Africano, faz-se região estratégica para a aprimoração dos investimentos chineses,
seja a partir da instalação de setores industriais ou seja para construção de
rodovias e ferrovias que possuem o objetivo de interligar as economias
africanas às principais empresas chinesas que se encontram na região [PAUTASSO;
UNGARETTI, 2017]. Países que se encontram na costa oriental africana são
fundamentais para o posicionamento da China até o Canal de Suez, principal
entrada para o Mar Mediterraneo e consequentemente para a Europa.
Pautasso
[2016] menciona que em uma viagem diplomática no ano de 2016, o presidente Xi
Jinping destacou a necessidade de incentivo às empresas chinesas a se
instalarem no país para auxiliarem o governo em novos projetos de
infraestrutura, em especial, para a construção no mesmo ano do Novo Canal de
Suez. O autor ainda cita o Djibuti como exemplo da penetração chinesa, o
governo chinês pretende construir a primeira base ultramarina naval sob a
justificativa de “tratar-se de instalações de apoio logístico para os esforços
de combate à pirataria, de assistência humanitária e de manutenção da paz”
[PAUTASSO, 2016, p. 133].
Logo em
2013, já sob o governo Xi, a China ultrapassou investimentos de US$ 75 bilhões
não somente em projetos de infraestrutura, mas também em destinos como
educação, saúde, transporte e na sociedade civil como um todo [BBC, 2013]. Além
disso, Segundo o Center for
Global Development [2022], no ano de 2020, 15% de todo o investimento que o
continente recebeu para as áreas de construção civil vieram da China, e além
disso, estima-se que a China têm oferecido mais dinheiro para parcerias
público-privadas de infraestrutura na China do que os próprios organismos
financiadores ocidentais.
Portanto, a partir de tais dados, o que se percebe é
um aprofundamento das relações sino-africanas no governo Xi Jinping, em
especial sob o aparato do projeto da BRI justamente como justificativa para tal
intensificação das relações bilaterais. A construção desses mecanismos de
investimento e de cooperação nas mais diversas áreas dos países africanos
representam a nova diplomacia posta em prática através da iniciativa chinesa de
2013, de modo que a África começa a representar um novo foco de desenvolvimento
após tantos anos de estagnação, ainda gradativo, porém com maior parceria a
partir da relação com a segunda maior economia do mundo, a China. Nesse
sentido, por fim, Pautasso [2016] salienta a BRI como instrumento da China para
a “nova configuração de poder global”, mas além disso, ressalta a inserção da
África na MSR como oportunidade de projeção no Sistema Internacional, rompendo
fronteiras nas cooperações Sul-Sul.
Conclusão
A Nova Rota
da Seda desde o seu lançamento em 2013 serve como uma nova ferramenta de
estreitamento da cooperação bilateral China-África. A hipótese levantada nesse
artigo, de que a Belt and Road Initiative
representou um marco para uma nova fase das relações sino-africanas a partir de
2013, corrobora-se a partir da visão de que a BRI representa não apenas uma
nova etapa nas relações sino-africanas, como também um símbolo da atual
conjuntura internacional de certa forma marcada pelo declínio do domínio
ocidental.
Desta forma,
podemos observar um aprofundamento das trocas entre China e os Estados
africanos após o início do Governo Xi Jinping e, também, da implementação da
Nova Rota da Seda. Apesar das exportações de commodities serem uma parte
fundamental desta relação, tendo em vista a grande demanda chinesa das mesmas
em busca de manter o seu acelerado crescimento econômico, as trocas entre os
dois atores vão muito além da exportação de commodities e importação de bens
manufaturados.
A cooperação
win-win, característica da política
externa chinesa, se aplica nas
relações China-África, sendo os benefícios dessa cooperação observados nos dois
lados. No lado africano, a China é, atualmente, o maior credor e a maior fonte
de IED do continente africano. Esses investimentos são destinados às mais
variadas áreas, como por exemplo infraestrutura, educação, cultura, tecnologia,
saúde, entre outros. Desta forma, a China ocupa um vácuo de investimentos na África,
observado após o fim da Guerra Fria, e, assim, atende as demandas históricas
que o continente possui em setores como o de infraestrutura.
Assim, a
Nova Rota da Seda surge como uma ferramenta de renovação da economia, e também
da política externa da China, a partir de 2013, caracterizando a mudança de
postura da China no Sistema Internacional que Yan [2018] conceitua como
transição de Keeping a Low Profile para
Striving for Achievement. Assim como
apontado durante o artigo, a África cumpre um papel essencial na consolidação
dos objetivos da Nova Rota da Seda e, consequentemente, na manutenção do
desenvolvimento econômico chinês.
O próprio
governo chinês classifica a Nova Rota da Seda como um instrumento de promover
uma cooperação mais avançada entre a China e a África. No white paper denominado “China
and Africa in the New Era: a Partnership of Equals”, publicado em 2021, o
governo chinês expressa sua vontade de construir uma aliança ainda mais forte
entre China e África, utilizando a Belt
and Road Initiative como um espaço onde essa relação pode ser aprofundada
e, assim, estabelecer um novo marco nas relações China-África.
A partir do
advento da Belt and Road Initiative em
2013 analisamos uma intensificação na cooperação bilateral entre China e os
países do continente africano, corroborando com a nossa hipótese de que o
megaprojeto chinês marca uma nova etapa nas relações sino-africanas. Abriu-se
um novo leque de possibilidades para a China e os Estados africanos, permitindo
a expansão das trocas entre eles e, também, as potencialidades dessa relação.
Referências
Cassiano
Schwantes Correa e Teodora Maicá Soares são graduandos do oitavo período de
Relações Internacionais na Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) e
pesquisadores do Grupo de Pesquisa de Índia e Ásia Oriental da UNIPAMPA
coordenado pela professora doutora Anna Carletti.
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2022.
Não há muitas dúvidas que as relações políticas e econômicas entre a China e o continente africano são um fato novo e marcante na geopolítica internacional, e deverá ter impactos ainda mais profundos na dinâmica econômica da África, que já são significativos. Minha pergunta é se existem políticas de desenvolvimento nesses países que permitam a superação da forma de comércio entre a África e a China, onde os primeiros fornecem produtos primários e compram bens industriais da China, reproduzindo, dessa forma, ao menos nesse estágio, o mesmo tipo de relações comercias que o continente africano tem com os países centrais do Ocidente?
ResponderExcluirAlexandre Black de Albuquerque
Oi Alexandre. Muito boa tua pergunta.
ExcluirPrimeiramente, o que precisamos perceber é que a China ainda é um país dependente de recursos naturais e isso se vê claramente nas suas relações comerciais tanto com os países do núcleo orgânico, tanto da periferia, da economia internacional. Entretanto, o ponto chave é a forma como a China propõe essas relações comerciais com os países, principalmente da África. Ou seja, o termo win-win aplicado nas políticas chinesas vão à esse encontro de cooperação mútua que muitas vezes não conseguimos aplicar com as relações que os países ocidentais possuem com estas nações. O continente africano tem de fato se beneficiado de muitos dos investimentos diretos que a China aplica nas suas regiões, moldando totalmente um lócus, ainda pequeno, de crescimento. Acreditamos que ainda é difícil afirmar que políticas chinesas possam alterar a dinâmica entre países semiperiféricos e periféricos que define a economia mundial em termos de produtos industrializados-primários. Contudo, a China tem caminhado com uma política externa voltada para não focar somente nesses quesitos comerciais, pois sua presença no exterior necessita de uma legitimidade por parte desses territórios para recepciona-la.
CASSIANO SCHWANTES CORRÊA
Bom dia Cassiano e Teodora,
ResponderExcluirAchei o texto de vocês deveras interessante e relevante para o momento atual. No início do artigo vocês citam a importância da relação chinesa com o continente Africano por causa de Taiwan e podemos observar, diante de algumas manifestações nos últimos meses, a possibilidade de conflito pela Ilha Taiwanesa com a China e os Estados Unidos.
Vocês poderiam explicar o que pensam a respeito da posição africana nesta situação, ante o que leram sobre a temática.
Agradeço pela atenção,
Kawanna Alano Soares.
Olá Cassiano e Teodora, achei o texto excelente! Vocês acreditam que o fato de a China ter sofrido ingerências internacionais e de outros Estados terem forçado a assinatura de tratados desiguais afetou a forma como ela de posiciona neste relacionamento com o continente africano?
ResponderExcluirAtenciosamente,
Gabriella Onofre.