ORIENTALISMO E ISLÃ: O INSTAGRAM COMO FONTE por Vanessa dos Santos Bodstein Bivar

 

Os estudos pós-colonialistas caminham no processo de tirar a centralidade das visões ocidentais e europeias, de modo a "desconstruir e desnaturalizar tais estereótipos, trazendo a discussão mais ampla de como as estruturas do saber estão vinculadas à aspectos ideológicos e, consequentemente, servindo também a estruturas de poder" [ALBUQUERQUE, 2020, p. 28].

 

Há um conjunto de usos do passado com finalidades diversas na contemporaneidade. O passado tem servido de embasamento a variados projetos políticos e sociais que levantam elementos de preconceitos e discriminação àqueles que não fazem parte da "civilização ocidental" [PEREIRA; GIACOMONI, 2019].

 

O "medievo islâmico" (expressão utilizada por historiadores, talvez por conveniência pedagógica ou falta de outro de outro termo, mas que acaba por envolver o Islã em um corpo temporal cuja nomenclatura é ocidental), em especial na figura de Mohammed – que o Ocidente chama de Maomé – é revisitado constantemente em tons orientalistas (associado aos ideários de pedófilo e misógino).

 

As "formas de apropriação dos vestígios do que um dia pertenceu ao medievo alterados e/ou transformados com o passar do tempo” [MACEDO apud VIANNA, 2017, p. 23] servem à múltiplas perspectivas, dentre as quais estão o conferir identidade aos que professam o Islã, fomentar rivalidades entre Ocidente e Oriente, formar preconcepções sobre os muçulmanos como um todo ou ainda justificar ações do Estado Islâmico.

 

Entretanto, é importante notar que o passado em si "não legitima nenhuma violência, exclusão ou decisão política da atualidade" [SILVEIRA, 2016, p. 40]. E por isso mesmo, "a universidade poderia contribuir para desfazer esses estereótipos, introduzindo nos currículos estudos mais sistemáticos a respeito do Islã" [BISSIO, 2008, [n.p.].

 

Uma ideia no intuito de desmistificar essas práticas é entender como o orientalismo é percebido no perfil de Instagram de muçulmanos no Brasil. Trata-se de pensar suas representações na contemporaneidade, o que reflete um conjunto de usos do passado, só que na voz das próprias pessoas que professam essa religião.

 

Este trabalho, em particular, tem caráter introdutório - não de análise- e segue no sentido lançar algumas sementes em direção à novos olhares de pesquisa.

Nessa perspectiva, aparecem: o Islã e sua construção histórica atrelados às percepções de vida dos muçulmanos no Brasil, e o Instagram enquanto suporte de sociabilidade e expressão do self como nova fonte de pesquisa histórica.

Essa associação, que engloba conteúdo inovador na academia, pode ainda conferir pontos de respeito à alteridade e respaldos explicativos que ocasionem uma diminuição dos atos e sentimentos de islamofobia – já que evidencia o olhar do próprio muçulmano que, em geral, não é colocado à lume.

 

A criação de estereótipos pejorativos, com formulação também etnocêntrica, traz o termo “orientalismo” como uma maneira de abordar o Oriente – propriamente o mundo do Islã – baseado na experiência ocidental e à serviço de uma missão civilizatória que tem por pano de fundo a subjugação de um povo pelo outro [SAID, 1990].

 

Por sua vez, “com a descolonização e após o fim da Guerra Fria, um resgate da abordagem orientalista coincide com o posicionamento do mundo islâmico como um entrave às aspirações ocidentais. O fortalecimento do Orientalismo torna-se ainda mais notório após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001” [SILVA, 2013, p. 56].

 

É muito comum confundir Islã e Islamismo. Islã é a religião em si. Já Islamismo é uma corrente político-ideológica que utiliza como pano de fundo o Islã, apropriando-se dele, de modo a colocar tônus próprio, especialmente no que se refere à tomada de poder. Os islamitas ou popularmente "islamistas" que seguem o Islamismo são minoria. Em realidade, a maior parte dos muçulmanos é contra os atos desta postura político-ideológica. Porém, a questão é que vários grupos violentos se denominam como auto representantes do Islã.

 

Apesar do tom homogeneizador que a mídia, enquanto produtora de identidade, coloca sobre os muçulmanos como "inimigos" do Ocidente, percebe-se que os islamistas estão em número exponencialmente menor dentre os mais de um bilhão de muçulmanos existentes ao redor do mundo. Além do que, não existe um único Islã, mas vários ´Islãs´ “bastante diversos entre si [...] a civilização muçulmana se diversificou à medida que avançava para novas regiões do planeta. Assim, o Islã no Oriente Médio é bem diferente do que encontramos na Índia, que por sua vez, difere bastante daquele existente na Indonésia” [DEMANT, 2013, p. 77].

 

Contudo, o ponto é que os muçulmanos como um todo são intitulados terroristas. Aliás, não existe uma definição única ou neutra de terrorismo. Como nenhum Estado aceita a nomenclatura de terrorista, o que se pode elencar são as características dos atos terroristas atribuídos à grupos ou à indivíduos [ALCÂNTARA, 2015].

 

Para a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em 2003, atos terroristas correspondem ao "uso ilegal ou ameaça do uso da força ou violência contra pessoas ou propriedade em uma tentativa de coagir ou intimidar governos ou sociedades para atingir objetivos políticos, religiosos ou ideológicos" [SCHMID apud ALCÂNTARA, 2015, p. 16]. Trata-se de um instrumento de comunicação para enviar uma mensagem de perigo e advertir "seus inimigos das consequências de ignorar suas demandas” [GRUPTA apud ALCÂNTARA, 2015, p. 8].

 

Por sua vez, os considerados terroristas têm a sua própria versão e se colocam como insurgentes e guerreiros da liberdade. "O terrorismo que praticamos é o do tipo louvável porque é dirigida aos tiranos e aos agressores e inimigos de Alá, os tiranos, aos traidores que cometem atos de traição contra os seus próprios países". [BIN LADEN apud ALCÂNTARA, 2015, p. 19].

 

O terrorismo é uma das expressões do fanatismo, no qual tem-se crenças absolutas, expressões e verdades inquestionáveis e em que há o desejo de “eliminar todos os que atrapalham o ideal de sociedade proposto" [LIMA, 2002, p. 7].

 

As massas de manobra que, utilizadas pelos líderes dos grupos, colocam em risco a própria vida são, grosso modo, pessoas psiquicamente vulneráveis [LIMA, 2002]. Querem encontrar certezas/argumentos que possam justificar suas frustrações, além do acolhimento de pertencer a um coletivo e de dar um novo sentido à vida.

 

Não obstante, a questão é que a despeito de serem as vítimas diretas, os civis não são o alvo final. Vulnerabilidade e medo são plantados em um palco de tensão maior vinculado à linhas econômicas e políticas de disputa por poder que acabam por fomentar sentimentos de ódio e rivalidade entre Oriente e Ocidente.

 

Nessa perspectiva, o orientalismo ganha mais força. O discurso, que serviu de base/justificativa às manobras políticas e econômicas imperialistas europeias na Ásia e na África ao longo dos séculos XIX e XX, produzem a ideia “padrão” de um Oriente “atrasado” e “bárbaro” que se tem até hoje [ASSUNÇÃO, 2020].

O fulcro inicial desse ideário era o de subjugar os povos dos territórios conquistados e, por conta disso, foram criadas representações binárias de “nós x eles” e do “eu x outro”. Assim, “o Oriente seria uma invenção [...] de marcar diferenças e definir limites, de criar não apenas o Oriente (‘eles’), mas o Ocidente (‘nós’) também” – tudo em um pano de fundo estratégico de poder e que imputava mecanismos de inferiorização [KISCHENER; BATISTELA, 2020, p. 3].

 

Novas apropriações do orientalismo, ao homogeneizar culturas não ocidentais, fazem a seguinte associação: árabe = muçulmano = terrorista. Forma-se então a imagem do árabe como terrorista, exótico e perigoso [COSTA, 2016] e a falsa ideia de que todos os muçulmanos são árabes e de que todos os árabes são muçulmanos. Tudo ligado a representações subordinadas aos interesses de quem as concebe, que reafirmam o Ocidente como civilização e o Oriente como barbárie [SAID, 1990]. Além de atrelar atos terroristas à preceitos inerentes à cultura e religião muçulmana.

 

Por conta desse conjunto de percepções, os muçulmanos no Brasil sofrem uma série de vicissitudes que não podem se calar diante do Islã que, "além de minoritário, se tornou invisível do ponto de vista dos temas predominantes no campo de análise da religiosidade brasileira" [MONTENEGRO, 2002, p. 65].

 

Uma forma de pensar o Instagram

A atualidade está envolta em mudanças na velocidade e nas maneiras pelas quais as informações chegam. Sem dúvida, o boom mundial da internet e dos smartphones são fatores sine qua non nesses processos.

 

A mobilidade, portabilidade e disseminação dos celulares faz de qualquer pessoa que o possua um potencial produtor, distribuidor e consumidor de conteúdo [CASTRO, 2014], tanto que o Instagram já em 2019 tinha 1 bilhão de seguidores. Em 2018, o Brasil, com 64 milhões, só perdia para os Estados Unidos (121 milhões) e para a Índia - 71 milhões [TARDÁGUILA, 2019]. Vê-se, portanto, que esse aplicativo é um rico arsenal de pesquisa, dado ser a rede social com o maior número de engajamento.

 

Por conta dessas tecnologias, os conceitos de espaço (perto e longe) sofreram alteração. Os acontecimentos em determinado lugar podem ter impacto imediato em pessoas e localidades situadas à grandes distâncias [CAVENDISH, 2013]. Daí a formação de um novo espaço: o cyber espaço, não mais alocado na presença física, mas virtual.

 

Em uma mescla de espaço público e privado, o cyber espaço do Instagram traz novos padrões de interação social e maneiras de se relacionar e representar o mundo. Nesse novo suporte de sociabilidade faz parte a lógica de ver e ser visto. E há toda uma construção do self que demonstra a intencionalidade de discurso, o qual acaba por influenciar hábitos e comportamentos das pessoas.

Os discursos aí produzidos são entendidos como "uma prática tanto de representação quanto de significação do mundo, constituindo e ajudando a construir as identidades sociais, as relações sociais, e os sistemas de conhecimento e crenças" [MAGALHÃES, 2001, p. 17].

 

Da mesma forma, são reflexo do meio em que foram produzidos, incluindo um tempo que é anterior a sua própria produção. "As palavras simples do nosso cotidiano já chegam até nós carregadas de sentidos que não sabemos como se constituíram e que, no entanto, significam em nós e para nós" [ORLANDI, 2009, p. 59]. Então, uma formação discursiva não se limita somente a uma época. Há “[...] elementos que tiveram existência em diferentes espaços sociais, em outros momentos históricos, mas que se fazem presentes, sob novas condições de produção, integrando novo contexto histórico e, consequentemente, possibilitando outros efeitos de sentido" [FERNANDES, 2007, p. 42]. É, portanto, o que acontece com os usos que se faz do passado.

Fabíola Oliveira, cujo perfil é aberto no Instagram, é uma muçulmana brasileira que se designa como professora com conteúdo antirracista e decolonial que coloca o Islã sob uma perspectiva feminina. Sobre o orientalismo propõe-se a mostrar como as informações chegam deturpadas por “visões de não muçulmanos, narrativas do branco colonizador e do imaginário que ele mesmo montou sobre as pessoas do oriente” de modo que os muçulmanos “possam ser pessoas livres e se afirmarem da forma que são, sem medo de serem questionados” [@fabiolaoliver, destaques “propósito”, jan./2021], dado um frequente quadro de islamofobia que ela mesma sente através das redes sociais.

 

O sujeito discursivo deve ser considerado um ser social que faz parte de um espaço coletivo. O que significa que ele é inserido em uma conjuntura social e que é heterogêneo. Encontra-se imerso na diversificação, seja pelas relações que estabelece com outro, seja pelas interações em diferentes lugares da sociedade [FERNANDES, 2007].

 

"Toda formação discursiva apresenta, em seu interior, a presença de diferentes discursos" [FERNANDES, 2007, p.36]. Então, "todo discurso se estabelece na relação com um discurso anterior e aponta para outro. Não há discurso fechado em si mesmo" [ORLANDI, 2009, p.62], assim como o indivíduo não é um ser só, mas inserido em contextos históricos e sociais que se fazem presentes nas suas falas/proposições.

 

 Na prática, o discurso tem poder porque "através de seu uso, os indivíduos constroem, mantém ou transformam realidades sociais, isto é, criam, reforçam ou modificam formas de conhecimento e crença, relações e identidades sociais" [MELO, 2011, p. 1340].

 

Após os atentados de 11 de setembro de 2001, a tensão entre Ocidente e Oriente aumentou de modo a criar lógicas de discurso antagônicas. Grosso modo, o Ocidente passou a ter preceitos negativos acerca do Islã que acabaram por se tornar hegemônicos e, por vezes, fez-se usos do passado para alicerçar essas ideais.

 

Não obstante, mesmo em meio a esse conjunto de produção de significados legitimadores de relações de dominação, a hegemonia "em seus períodos de crise será sempre contestada em maior ou menor proporção. Uma ordem de discurso não é um sistema fechado ou rígido, é, na verdade, um sistema aberto posto em risco pelo que acontece em interações reais"[FAIRCLOUGH, 2012, p. 311].

 

E é nesse aspecto que muitos dos muçulmanos presentes no Instagram articulam suas posturas e ideários por meio de discursos que acabam por colocar em xeque algumas concepções orientalistas, as quais aprisionam parcelas de suas vivências em quadros de islamofobia.

Logo, trata-se de, mesmo que ainda nos primeiros passos dado a fonte ser muito recente, de uma nova possibilidade de pesquisa ao historiador que lida com Islã e orientalismo.

 

 

 

Referências

Vanessa dos Santos Bodstein Bivar é doutora em História Econômica pela Universidade de São Paulo e docente do curso de licenciatura em História da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (FACH/UFMS).

Fonte primária: @fabiolaoliver

 

ALBUQUERQUE, Isabela. Diálogos e Caminhos para a Descolonização do Ensino de História Medieval. In: 6° SIMPÓSIO ELETRÔNICO INTERNACIONAL DE ENSINO DE HISTÓRIA, 05, 2020, Plataforma Online, Anais. Plataforma Online, 2020. Disponível em: https://simpohis2020medievopublic.blogspot.com/p/dialogos-e-caminhos-para.html. Acesso em 11 de nov. 2020.

 

ALCÂNTARA, P. Terrorismo: uma abordagem conceitual. TCC (Especialização em Sociologia Política) – Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Paraná. Curitiba, p. 39. 2015.

 

ASSUNÇÃO, Naiara. “Orientalismo”: o conceito de Edward Said e suas críticas. In: 4° Simpósio Eletrônico Internacional de História Oriental, 10, 2020. Anais. 2020. Disponível em: https://simporiente2020orientalismo.blogspot.com/p/naiara-assuncao.html. Acesso em: out, 2020.

 

BISSIO, Beatriz. Percepções do Espaço no Medievo Islâmico - séc. XIV. O exemplo de Ibn Khaldun e Ibn Battuta. 2008. 417 f. Tese de Doutorado – Universidade Federal Fluminense. Centro de Estudos Gerais - Curso de Pós-Graduação em História. Rio de Janeiro, 2008.

 

CASTRO, Rodrigo Inácio de. Instagram: produção de imagens, cultura mobile e seus possíveis reflexos nas práticas educativas. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, p. 155, 2014.

 

CAVENDISH, A. A passarela virtual: uma análise do aplicativo Instagram como plataforma de construção de narrativas de moda. Monografia (Bacharel em Publicidade e Propaganda) - Faculdade de Comunicação Social da Universidade de Brasília. Brasília - DF, p. 87, 2013.

 

COSTA, Jéssica Pereira da. O estudo da história do Islã e dos muçulmanos na educação básica: conceitos e representações. Dissertação (Mestrado em História) - Universidade de Caxias do Sul. Caxias do Sul, p. 107, 2016.

 

DEMANT, Peter. O mundo muçulmano. São Paulo: Contexto, 2013.

 

FAIRCLOUGH, Norman. “Análise Crítica do Discurso como método em pesquisa social científica”. Linha d’Água, v. 25, n. 2, p. 307-329, dez, 2012.

 

FERNANDES, Cleudemar Alves. Análise do discurso – reflexões introdutórias. São Carlos: Claraluz, 2007.

 

KISCHENER, Manoel Adir; BATISTELA, Everton Marcos. Alcances e limites da obra de Edward Wadie Said: estudo introdutório. In: 4° Simpósio Eletrônico Internacional de História Oriental, 10, 2020. Anais. 2020. Disponível em: https://simporiente2020orientalismo.blogspot.com/p/manoel-adir-kischener-e-everton-marcos.html. Acesso em: out, 2020.

 

LIMA, Raymundo de. “O fanatismo religioso entre outros – Breve ensaio”. Revista Espaço Acadêmico, ano II, n. 17, out, 2002.

 

MAGALHÃES, Célia. Reflexões sobre a análise crítica do discurso. 2ª. ed. Belo Horizonte: Fale - UFMG, 2001.

 

MELO, Iran Ferreira de. “Analise Critica do Discurso: modelo de analise linguística e intervenção social”. Estudos Linguísticos, v. 40, n. 3, p. 1335-1344, set/dez, 2011.

 

MONTENEGRO, Silvia M. “Discursos e contradiscursos: o olhar da mídia sobre o Islã no Brasil”. Mana, v. 8, v. 1, p. 63 -91, abr., 2002.

 

ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise de Discurso: princípios & procedimentos. 8ª. ed. Campinas: Pontes, 2009.

 

PEREIRA, Nilton Mullet; GIACOMONI, Marcello Paniz. “A Idade Média imaginada: usos do passado medieval no tempo presente”. In: Café História – história feita com cliques. 2019. Disponível em: https://www.cafehistoria.com.br/usos-do-passado-medieval-idade-media/. Acesso em: 24 nov. 2020.

 

SAID, Edward W. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

 

SILVA, Eliane Moura da. O fanatismo religioso: representações, conceitos e práticas contemporâneas IN MARIN, Jérri Roberto (org.). Questões de religiões: teorias e metodologias. Dourados – MS: Ed. UFGD, 2013.

SILVA, Leonardo Luiz Silveira da. “A evidência de práticas orientalistas como instrumento do imperialismo no pós-11 de setembro”. Geografias. Belo Horizonte, 01 de julho - 31 de dezembro de 2013. vol. 9, nº 2, 2013.

 

SILVEIRA, Aline Dias da. “Algumas experiências, perspectivas e desafios da Medievalística no Brasil frente às demandas atuais”. Revista Brasileira de História v. 36, n. 72, p. 39-59, ago. 2016.

 

TARDÁGUILA, Cristina. “Instagram tem 1 bilhão de usuários, mas não oferece sistema de denúncia de fake News”. Revista Época, 2019. Disponível emhttps://epoca.globo.com/instagram-tem-1-bilhao-de-usuarios-mas-nao-oferece-sistema-de-denuncia-de-fake-news-23370668.Acesso em 15/08/2020.

 

VIANNA. Luciano José. “Do presente para o passado: uma reflexão sobre o Ensino de História Medieval na contemporaneidade”. Revista Tel, v. 8. n. 2, p. 16-31, jul./dez, 2017.

 

12 comentários:

  1. Enquanto lia seu texto pensei na televisão e jornais como focos dessa tensão Islã/discriminação. Oportuno ver o papel da Fabíola tentando desconstruir essa imagem. Mas, é preciso enxergar um outro Islã e no intuito de integração e não exclusão. Como desenvolver projetos globais que mudem este mito histórico construído?

    Fabio Ehlke Rodrigues

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    1. Fábio. Você chegou a ler a minha resposta? A construí com todo o carinho, mas ela sumiu daqui. E olha que estava em duplicata.

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    2. Não vi. Se puder, responder novamente. Fabio Ehlke Rodrigues

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  2. Boa Noite Dra. Vanessa Bivar,agradeço pelas suas comunicaçoes sobre esse tema tao plural que e o mundo islamico. Sou estudante de Antropologia iniciando e gosto da escola interpretativa de Clifford Geertz ,gosto de ver uma cultura por ela mesma ,por exemplo um Indonesio tem que ser visto por ele mesmo sem comparar com um australiano. Vejo tambem que a internet esta abrindo fronteiras e dando voz aos nativos , rompendo com os preconceitos , e redes como Instagram, Facebook e Youtube possuem rico material para dar voz aos nativos como por exemplo os povos Rohingya , minoria muçulmana que sofre intensa perseguiçao no Myanmar e tambem os Uigures na China ,cada pais praticando uma forma de isla de acordo com o local onde estao ,possuem uma pluralidade encantadora.Percebo que influencias Islamicas existem tambem na Malasia e sua fundaçao. Pensando em toda essa pluralidade abordada e a abertura proporcionada pelas redes como abordar esse tema tao complexo com os alunos em sala de aula a ponto de neles despertar o interesse critico por essas sociedades do mundo islamico ? Grato, Ricardo dos Santos Barbarra

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    1. Olá. Obrigada por suas colocações. Sugiro primeiramente introduzir a história de formação inicial do Islã e os pilares fundamentais de crença dessa fé. A ideia é que os alunos tenham informações com fundo acadêmico no intuito de dissipar os pré-conceitos consequentes da islamofobia. Logo após, uma atividade prática que envolva a pesquisa em perfis abertos de muçulmanos no Instagram. É muito provável que eles se interessem por essa mídia social, pois grande parte do seu público é formado por adolescentes/jovens. O número de seguidores do Instagram tem crescido vertiginosamente dentre eles.

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  3. Muito interessante e oportuno trazer o instagram e a experiência da Fabíola. Minha curiosidade se desdobra em dois pontos: Se há um registro do desenvolvimento e engajamento deste e dos perfis que se dedicam a essa questão, e se na sua opinião é um processo que está em crescimento? E, nesse sentido, as mudanças na plataforma ultimamente contribuem ou dificultam o alcance de perfis dessa natureza? Obrigada pelo texto.
    Janaina de Paula do Espírito Santo.

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    1. Olá. Obrigada por suas colocações. O Instagram é uma fonte de pesquisa muito recente. A fase acadêmica é ainda a da formação de metodologias para lidar com ela. Então, há poucos estudos nessa área. Com relação ao engajamento seria interessante verificar alguns componentes: o aumento ou não no número de seguidores, verificar os likes e os comentários. Mas, cuidado para não citar comentários de terceiros, que não o daquele detentor do perfil aberto, porque pode violar as diretrizes da pesquisa com seres humanos vivos.
      A quais mudanças exatamente você se refere?
      Grata.

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  4. Muito interessante e pertinente a sua comunicação: tanto do ponto de vista de trazer a discussão sobre os usos do passado, os vários islã quanto da perspectiva da fonte utilizada (redes sociais). Particularmente não conhecia a Fabíola. Pretendo segui-la. Gostaria de ouvir um pouco mais sobre o instagram e seus usos enquanto fonte, pois se todo discurso ele é localizado , no caso da Fabíola (que mora no Brasil) sua leitura e posicionamentos também expressam esse lugar (de gênero, classe, etc.)

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  5. Olá. Obrigada por suas colocações. O Instagram é uma fonte muito nova, especialmente para o historiador. Ainda engatinha-se em termos de metodologia. Como forma de abordagem sugiro a análise do discurso.
    No que compete ao que foi colocado como "discurso localizado" - é isso mesmo. Cada agente histórico tem o seu contexto de vida, a sua perspectiva, o gênero, o local de morada, além de outras variantes, que devem ser levadas em conta para a análise em uma pesquisa histórica. Seu discurso pode ser analisado de forma isolada ou em conjunto com os de outros perfis. A pluralidade é intrínseca aos seres humanos e pode ser uma riqueza no olhar dos pesquisadores acadêmicos.

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  6. Gostaria de parabenizar a professora doutora Vanessa dos Santos Bodstein Bivar pelo artigo. A minha pergunta é a seguinte: Além da comunidade islâmica, acadêmicos e ativistas da causa podem e devem se apropriar das plataformas digitais para somar suas vozes aos islâmicos no combate a islamofobia? ou o fato de não aderirem ao Islã enfraquece, na sua opinião, o discurso?

    Yuri Alan Maciel Tesch

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  7. Olá. Muito obrigada por suas colocações. Creio que independente de ser muçulmano ou não, todos os estudos, desde que não tenham caráter islamofóbico ou orientalista, têm muito a contribuir - inclusive no Instagram.

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  8. Boa tarde,

    Gostaria de parabenizar em primeiro lugar a pesquisadora pela comunicação instigante.

    Pergunto-me como, diante deste novo tipo de fonte e do acelerado ritmo da sua produção, pensar uma metodologia específica para o seu tratamento no âmbito historiográfico. Vale dizer, como poderíamos noa aproximar do instagram ao desenvolver pesquisas sobre temas correlatos ao mencionado na comunicação, como selecionar perfis para análise, que tipo de tratamento dispensar a eles. Creio que um tipo novo de fontes exige que pensemos com cuidado o modo de abordá-las.

    Att,

    Nina Galvão.

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