Os
estudos pós-colonialistas caminham no processo de tirar a centralidade das
visões ocidentais e europeias, de modo a "desconstruir e desnaturalizar
tais estereótipos, trazendo a discussão mais ampla de como as estruturas do
saber estão vinculadas à aspectos ideológicos e, consequentemente, servindo
também a estruturas de poder" [ALBUQUERQUE, 2020, p. 28].
Há um
conjunto de usos do passado com finalidades diversas na contemporaneidade. O
passado tem servido de embasamento a variados projetos políticos e sociais que
levantam elementos de preconceitos e discriminação àqueles que não fazem parte
da "civilização ocidental" [PEREIRA; GIACOMONI, 2019].
O
"medievo islâmico" (expressão utilizada por historiadores, talvez por
conveniência pedagógica ou falta de outro de outro termo, mas que acaba por
envolver o Islã em um corpo temporal cuja nomenclatura é ocidental), em
especial na figura de Mohammed – que o Ocidente chama de Maomé – é revisitado
constantemente em tons orientalistas (associado aos ideários de pedófilo e
misógino).
As
"formas de apropriação dos vestígios do que um dia pertenceu ao medievo
alterados e/ou transformados com o passar do tempo” [MACEDO apud VIANNA,
2017, p. 23] servem à múltiplas perspectivas, dentre as quais estão o conferir
identidade aos que professam o Islã, fomentar rivalidades entre Ocidente e
Oriente, formar preconcepções sobre os muçulmanos como um todo ou ainda
justificar ações do Estado Islâmico.
Entretanto,
é importante notar que o passado em si "não legitima nenhuma violência,
exclusão ou decisão política da atualidade" [SILVEIRA, 2016, p. 40]. E por
isso mesmo, "a universidade poderia contribuir para desfazer esses
estereótipos, introduzindo nos currículos estudos mais sistemáticos a respeito
do Islã" [BISSIO, 2008, [n.p.].
Uma ideia no intuito de desmistificar
essas práticas é entender como o orientalismo é percebido no perfil de
Instagram de muçulmanos no Brasil. Trata-se de pensar suas representações na
contemporaneidade, o que reflete um conjunto de usos do passado, só que na voz
das próprias pessoas que professam essa religião.
Este trabalho, em particular, tem
caráter introdutório - não de análise- e segue no sentido lançar algumas
sementes em direção à novos olhares de pesquisa.
Nessa perspectiva, aparecem: o Islã e sua
construção histórica atrelados às percepções de vida dos muçulmanos no Brasil,
e o Instagram enquanto suporte de sociabilidade e expressão do self como
nova fonte de pesquisa histórica.
Essa associação, que engloba conteúdo
inovador na academia, pode ainda conferir pontos de respeito à alteridade e
respaldos explicativos que ocasionem uma diminuição dos atos e sentimentos de
islamofobia – já que evidencia o olhar do próprio muçulmano que, em geral, não
é colocado à lume.
A criação de estereótipos pejorativos,
com formulação também etnocêntrica, traz o termo “orientalismo” como uma
maneira de abordar o Oriente – propriamente o mundo do Islã – baseado na
experiência ocidental e à serviço de uma missão civilizatória que tem por pano
de fundo a subjugação de um povo pelo outro [SAID, 1990].
Por sua vez, “com a descolonização e
após o fim da Guerra Fria, um resgate da abordagem orientalista coincide com o
posicionamento do mundo islâmico como um entrave às aspirações ocidentais. O
fortalecimento do Orientalismo torna-se ainda mais notório após os atentados
terroristas de 11 de setembro de 2001” [SILVA, 2013, p. 56].
É muito comum confundir Islã e
Islamismo. Islã é a religião em si. Já Islamismo é uma corrente
político-ideológica que utiliza como pano de fundo o Islã, apropriando-se dele,
de modo a colocar tônus próprio, especialmente no que se refere à tomada de
poder. Os islamitas ou popularmente "islamistas" que seguem o
Islamismo são minoria. Em realidade, a maior parte dos muçulmanos é contra os
atos desta postura político-ideológica. Porém, a questão é que vários grupos
violentos se denominam como auto representantes do Islã.
Apesar do tom homogeneizador que a
mídia, enquanto produtora de identidade, coloca sobre os muçulmanos como
"inimigos" do Ocidente, percebe-se que os islamistas estão em número
exponencialmente menor dentre os mais de um bilhão de muçulmanos existentes ao
redor do mundo. Além do que, não existe um único Islã, mas vários ´Islãs´
“bastante diversos entre si [...] a civilização muçulmana se diversificou à
medida que avançava para novas regiões do planeta. Assim, o Islã no Oriente
Médio é bem diferente do que encontramos na Índia, que por sua vez, difere
bastante daquele existente na Indonésia” [DEMANT, 2013, p. 77].
Contudo, o ponto é que os muçulmanos
como um todo são intitulados terroristas. Aliás, não existe uma definição única
ou neutra de terrorismo. Como nenhum Estado aceita a nomenclatura de
terrorista, o que se pode elencar são as características dos atos terroristas
atribuídos à grupos ou à indivíduos [ALCÂNTARA, 2015].
Para a OTAN (Organização do Tratado do
Atlântico Norte) em 2003, atos terroristas correspondem ao "uso ilegal ou
ameaça do uso da força ou violência contra pessoas ou propriedade em uma
tentativa de coagir ou intimidar governos ou sociedades para atingir objetivos
políticos, religiosos ou ideológicos" [SCHMID apud ALCÂNTARA, 2015,
p. 16]. Trata-se de um instrumento de comunicação para enviar uma mensagem de
perigo e advertir "seus inimigos das consequências
de ignorar suas demandas” [GRUPTA apud ALCÂNTARA, 2015, p. 8].
Por sua vez, os considerados
terroristas têm a sua própria versão e se colocam como insurgentes e guerreiros
da liberdade. "O terrorismo que praticamos é o do tipo louvável porque é
dirigida aos tiranos e aos agressores e inimigos de Alá, os tiranos, aos
traidores que cometem atos de traição contra os seus próprios países".
[BIN LADEN apud ALCÂNTARA, 2015, p. 19].
O terrorismo é uma das expressões do fanatismo,
no qual tem-se crenças absolutas, expressões e verdades inquestionáveis e em
que há o desejo de “eliminar todos os que atrapalham o ideal de sociedade
proposto" [LIMA, 2002, p. 7].
As massas de manobra que, utilizadas
pelos líderes dos grupos, colocam em risco a própria vida são, grosso modo,
pessoas psiquicamente vulneráveis [LIMA, 2002]. Querem encontrar
certezas/argumentos que possam justificar suas frustrações, além do acolhimento
de pertencer a um coletivo e de dar um novo sentido à vida.
Não obstante, a questão é que a
despeito de serem as vítimas diretas, os civis não são o alvo final.
Vulnerabilidade e medo são plantados em um palco de tensão maior vinculado à
linhas econômicas e políticas de disputa por poder que acabam por fomentar sentimentos
de ódio e rivalidade entre Oriente e Ocidente.
Nessa perspectiva, o orientalismo
ganha mais força. O discurso, que serviu de base/justificativa às manobras
políticas e econômicas imperialistas europeias na Ásia e na África ao longo dos
séculos XIX e XX, produzem a ideia “padrão” de um Oriente “atrasado” e
“bárbaro” que se tem até hoje [ASSUNÇÃO, 2020].
O fulcro inicial desse ideário era o
de subjugar os povos dos territórios conquistados e, por conta disso, foram
criadas representações binárias de “nós x eles” e do “eu x outro”. Assim, “o
Oriente seria uma invenção [...] de marcar diferenças e definir limites, de
criar não apenas o Oriente (‘eles’), mas o Ocidente (‘nós’) também” – tudo em
um pano de fundo estratégico de poder e que imputava mecanismos de
inferiorização [KISCHENER; BATISTELA, 2020, p. 3].
Novas apropriações do orientalismo, ao
homogeneizar culturas não ocidentais, fazem a seguinte associação: árabe =
muçulmano = terrorista. Forma-se então a imagem do árabe como terrorista,
exótico e perigoso [COSTA, 2016] e a falsa ideia de que todos os muçulmanos são
árabes e de que todos os árabes são muçulmanos. Tudo ligado a representações
subordinadas aos interesses de quem as concebe, que reafirmam o Ocidente como
civilização e o Oriente como barbárie [SAID, 1990]. Além de atrelar atos
terroristas à preceitos inerentes à cultura e religião muçulmana.
Por conta desse conjunto de
percepções, os muçulmanos no Brasil sofrem uma série de vicissitudes que não
podem se calar diante do Islã que, "além de minoritário, se tornou
invisível do ponto de vista dos temas predominantes no campo de análise da
religiosidade brasileira" [MONTENEGRO, 2002, p. 65].
Uma forma de pensar o Instagram
A
atualidade está envolta em mudanças na velocidade e nas maneiras pelas quais as
informações chegam. Sem dúvida, o boom mundial da internet e dos smartphones
são fatores sine qua non nesses processos.
A
mobilidade, portabilidade e disseminação dos celulares faz de qualquer pessoa
que o possua um potencial produtor, distribuidor e consumidor de conteúdo
[CASTRO, 2014], tanto que o Instagram já em 2019 tinha 1 bilhão de seguidores.
Em 2018, o Brasil, com 64 milhões, só perdia para os Estados Unidos (121
milhões) e para a Índia - 71 milhões [TARDÁGUILA, 2019]. Vê-se, portanto, que esse
aplicativo é um rico arsenal de pesquisa, dado ser a rede social com o maior
número de engajamento.
Por conta
dessas tecnologias, os conceitos de espaço (perto e longe) sofreram alteração.
Os acontecimentos em determinado lugar podem ter impacto imediato em pessoas e
localidades situadas à grandes distâncias [CAVENDISH, 2013]. Daí a formação de
um novo espaço: o cyber espaço, não mais alocado na presença física, mas
virtual.
Em uma
mescla de espaço público e privado, o cyber espaço do Instagram traz novos
padrões de interação social e maneiras de se relacionar e representar o mundo.
Nesse novo suporte de sociabilidade faz parte a lógica de ver e ser visto. E há
toda uma construção do self que demonstra a intencionalidade de
discurso, o qual acaba por influenciar hábitos e comportamentos das pessoas.
Os
discursos aí produzidos são entendidos como "uma prática tanto de
representação quanto de significação do mundo, constituindo e ajudando a
construir as identidades sociais, as relações sociais, e os sistemas de
conhecimento e crenças" [MAGALHÃES, 2001, p. 17].
Da mesma
forma, são reflexo do meio em que foram produzidos, incluindo um tempo que é
anterior a sua própria produção. "As palavras simples do nosso cotidiano
já chegam até nós carregadas de sentidos que não sabemos como se constituíram e
que, no entanto, significam em nós e para nós" [ORLANDI, 2009, p. 59].
Então, uma formação discursiva não se limita somente a uma época. Há “[...]
elementos que tiveram existência em diferentes espaços sociais, em outros
momentos históricos, mas que se fazem presentes, sob novas condições de
produção, integrando novo contexto histórico e, consequentemente,
possibilitando outros efeitos de sentido" [FERNANDES, 2007, p. 42]. É,
portanto, o que acontece com os usos que se faz do passado.
Fabíola
Oliveira, cujo perfil é aberto no Instagram, é uma muçulmana brasileira que se
designa como professora com conteúdo antirracista e decolonial que coloca o
Islã sob uma perspectiva feminina. Sobre o orientalismo propõe-se a mostrar
como as informações chegam deturpadas por “visões de não muçulmanos, narrativas
do branco colonizador e do imaginário que ele mesmo montou sobre as pessoas do
oriente” de modo que os muçulmanos “possam ser pessoas livres e se afirmarem da
forma que são, sem medo de serem questionados” [@fabiolaoliver, destaques
“propósito”, jan./2021], dado um frequente quadro de islamofobia que ela mesma
sente através das redes sociais.
O sujeito
discursivo deve ser considerado um ser social que faz parte de um espaço
coletivo. O que significa que ele é inserido em uma conjuntura social e que é
heterogêneo. Encontra-se imerso na diversificação, seja pelas relações que
estabelece com outro, seja pelas interações em diferentes lugares da sociedade
[FERNANDES, 2007].
"Toda
formação discursiva apresenta, em seu interior, a presença de diferentes
discursos" [FERNANDES, 2007, p.36]. Então, "todo discurso se
estabelece na relação com um discurso anterior e aponta para outro. Não há
discurso fechado em si mesmo" [ORLANDI, 2009, p.62], assim como o indivíduo
não é um ser só, mas inserido em contextos históricos e sociais que se fazem
presentes nas suas falas/proposições.
Na
prática, o discurso tem poder porque "através de seu uso, os indivíduos
constroem, mantém ou transformam realidades sociais, isto é, criam, reforçam ou
modificam formas de conhecimento e crença, relações e identidades sociais"
[MELO, 2011, p. 1340].
Após os
atentados de 11 de setembro de 2001, a tensão entre Ocidente e Oriente aumentou
de modo a criar lógicas de discurso antagônicas. Grosso modo, o Ocidente passou
a ter preceitos negativos acerca do Islã que acabaram por se tornar hegemônicos
e, por vezes, fez-se usos do passado para alicerçar essas ideais.
Não
obstante, mesmo em meio a esse conjunto de produção de significados
legitimadores de relações de dominação, a hegemonia "em seus períodos de
crise será sempre contestada em maior ou menor proporção. Uma ordem de discurso
não é um sistema fechado ou rígido, é, na verdade, um sistema aberto posto em
risco pelo que acontece em interações reais"[FAIRCLOUGH, 2012, p. 311].
E é nesse
aspecto que muitos dos muçulmanos presentes no Instagram articulam suas
posturas e ideários por meio de discursos que acabam por colocar em xeque
algumas concepções orientalistas, as quais aprisionam parcelas de suas
vivências em quadros de islamofobia.
Logo,
trata-se de, mesmo que ainda nos primeiros passos dado a fonte ser muito
recente, de uma nova possibilidade de pesquisa ao historiador que lida com Islã
e orientalismo.
Referências
Vanessa
dos Santos Bodstein Bivar é doutora em História Econômica pela Universidade de
São Paulo e docente do curso de licenciatura em História da Universidade
Federal do Mato Grosso do Sul (FACH/UFMS).
Fonte
primária: @fabiolaoliver
ALBUQUERQUE, Isabela. Diálogos e Caminhos
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Enquanto lia seu texto pensei na televisão e jornais como focos dessa tensão Islã/discriminação. Oportuno ver o papel da Fabíola tentando desconstruir essa imagem. Mas, é preciso enxergar um outro Islã e no intuito de integração e não exclusão. Como desenvolver projetos globais que mudem este mito histórico construído?
ResponderExcluirFabio Ehlke Rodrigues
Fábio. Você chegou a ler a minha resposta? A construí com todo o carinho, mas ela sumiu daqui. E olha que estava em duplicata.
ExcluirNão vi. Se puder, responder novamente. Fabio Ehlke Rodrigues
ExcluirBoa Noite Dra. Vanessa Bivar,agradeço pelas suas comunicaçoes sobre esse tema tao plural que e o mundo islamico. Sou estudante de Antropologia iniciando e gosto da escola interpretativa de Clifford Geertz ,gosto de ver uma cultura por ela mesma ,por exemplo um Indonesio tem que ser visto por ele mesmo sem comparar com um australiano. Vejo tambem que a internet esta abrindo fronteiras e dando voz aos nativos , rompendo com os preconceitos , e redes como Instagram, Facebook e Youtube possuem rico material para dar voz aos nativos como por exemplo os povos Rohingya , minoria muçulmana que sofre intensa perseguiçao no Myanmar e tambem os Uigures na China ,cada pais praticando uma forma de isla de acordo com o local onde estao ,possuem uma pluralidade encantadora.Percebo que influencias Islamicas existem tambem na Malasia e sua fundaçao. Pensando em toda essa pluralidade abordada e a abertura proporcionada pelas redes como abordar esse tema tao complexo com os alunos em sala de aula a ponto de neles despertar o interesse critico por essas sociedades do mundo islamico ? Grato, Ricardo dos Santos Barbarra
ResponderExcluirOlá. Obrigada por suas colocações. Sugiro primeiramente introduzir a história de formação inicial do Islã e os pilares fundamentais de crença dessa fé. A ideia é que os alunos tenham informações com fundo acadêmico no intuito de dissipar os pré-conceitos consequentes da islamofobia. Logo após, uma atividade prática que envolva a pesquisa em perfis abertos de muçulmanos no Instagram. É muito provável que eles se interessem por essa mídia social, pois grande parte do seu público é formado por adolescentes/jovens. O número de seguidores do Instagram tem crescido vertiginosamente dentre eles.
ExcluirMuito interessante e oportuno trazer o instagram e a experiência da Fabíola. Minha curiosidade se desdobra em dois pontos: Se há um registro do desenvolvimento e engajamento deste e dos perfis que se dedicam a essa questão, e se na sua opinião é um processo que está em crescimento? E, nesse sentido, as mudanças na plataforma ultimamente contribuem ou dificultam o alcance de perfis dessa natureza? Obrigada pelo texto.
ResponderExcluirJanaina de Paula do Espírito Santo.
Olá. Obrigada por suas colocações. O Instagram é uma fonte de pesquisa muito recente. A fase acadêmica é ainda a da formação de metodologias para lidar com ela. Então, há poucos estudos nessa área. Com relação ao engajamento seria interessante verificar alguns componentes: o aumento ou não no número de seguidores, verificar os likes e os comentários. Mas, cuidado para não citar comentários de terceiros, que não o daquele detentor do perfil aberto, porque pode violar as diretrizes da pesquisa com seres humanos vivos.
ExcluirA quais mudanças exatamente você se refere?
Grata.
Muito interessante e pertinente a sua comunicação: tanto do ponto de vista de trazer a discussão sobre os usos do passado, os vários islã quanto da perspectiva da fonte utilizada (redes sociais). Particularmente não conhecia a Fabíola. Pretendo segui-la. Gostaria de ouvir um pouco mais sobre o instagram e seus usos enquanto fonte, pois se todo discurso ele é localizado , no caso da Fabíola (que mora no Brasil) sua leitura e posicionamentos também expressam esse lugar (de gênero, classe, etc.)
ResponderExcluirOlá. Obrigada por suas colocações. O Instagram é uma fonte muito nova, especialmente para o historiador. Ainda engatinha-se em termos de metodologia. Como forma de abordagem sugiro a análise do discurso.
ResponderExcluirNo que compete ao que foi colocado como "discurso localizado" - é isso mesmo. Cada agente histórico tem o seu contexto de vida, a sua perspectiva, o gênero, o local de morada, além de outras variantes, que devem ser levadas em conta para a análise em uma pesquisa histórica. Seu discurso pode ser analisado de forma isolada ou em conjunto com os de outros perfis. A pluralidade é intrínseca aos seres humanos e pode ser uma riqueza no olhar dos pesquisadores acadêmicos.
Gostaria de parabenizar a professora doutora Vanessa dos Santos Bodstein Bivar pelo artigo. A minha pergunta é a seguinte: Além da comunidade islâmica, acadêmicos e ativistas da causa podem e devem se apropriar das plataformas digitais para somar suas vozes aos islâmicos no combate a islamofobia? ou o fato de não aderirem ao Islã enfraquece, na sua opinião, o discurso?
ResponderExcluirYuri Alan Maciel Tesch
Olá. Muito obrigada por suas colocações. Creio que independente de ser muçulmano ou não, todos os estudos, desde que não tenham caráter islamofóbico ou orientalista, têm muito a contribuir - inclusive no Instagram.
ResponderExcluirBoa tarde,
ResponderExcluirGostaria de parabenizar em primeiro lugar a pesquisadora pela comunicação instigante.
Pergunto-me como, diante deste novo tipo de fonte e do acelerado ritmo da sua produção, pensar uma metodologia específica para o seu tratamento no âmbito historiográfico. Vale dizer, como poderíamos noa aproximar do instagram ao desenvolver pesquisas sobre temas correlatos ao mencionado na comunicação, como selecionar perfis para análise, que tipo de tratamento dispensar a eles. Creio que um tipo novo de fontes exige que pensemos com cuidado o modo de abordá-las.
Att,
Nina Galvão.