HANGUL (한글): BREVE ANÁLISE SOBRE A COMPOSIÇÃO DO ALFABETO COREANO por Mayara Bassanelli e Felipe Ruzene


Considerações iniciais

Nem sempre nos atentamos à relevância ímpar do alfabeto para as sociedades. Todavia a escrita foi tão imprescindível à humanidade que só passamos a falar em História (e não mais Pré-História ou Proto-História) a partir de sua invenção e uso. A Coreia medieval parece ter sido obrigada a pensar a pertinência da escrita, uma vez que, por não deter um alfabeto próprio ao seu idioma, utilizava um sistema de escrita estrangeiro [NATIONAL INSTITUTE OF KOREAN LANGUAGE, 2008]. Dessa necessidade nasceu o Hangul (한글), o alfabeto da língua coreana, que foi deliberadamente pensado e projetado para que suas características atendessem às exigências do idioma e povo coreanos [PAE, 2018, p. 335-336]. Tal alfabeto, por sua história e formação linguística bastante singulares, tornou-se abundante temática nas mais diversas áreas do conhecimento. Entendendo a origem do Hangul, este texto visa apresentar o processo de permutação da escrita chinesa à coreana, bem como fazer uma introdução às estruturas linguísticas do alfabeto supostamente desenvolvido pelo Rei Sejong no século XV.

 

Formação histórica: do chinês ao coreano

Os caracteres chineses, Hànzì (漢字), já eram conhecidos na Coreia desde antes da Dinastia Han (206 AEC a 220 EC) e foram amplamente utilizados pela administração local durante esse período. A primeira evidência do uso da escrita chinesa na Coreia provém de uma inscrição em pedra datada de 414 EC [KING, 1996, p. 218]. Durante um longo período o idioma e os caracteres chineses foram utilizados como língua franca em todo o Leste da Ásia (assim como foi com o latim para a Europa medieval), inclusive no Japão, Coreia e Vietnã [MARINO, 2020, p. 11]. O alfabeto chinês permaneceu, embora com notáveis dificuldades, arraigado na vida literária coreana [NATIONAL INSTITUTE OF KOREAN LANGUAGE, 2008]. Dois dos principais problemas verificados foram: a lacuna entre a língua coreana e os caracteres da escrita chinesa e a dificuldade na alfabetização em chinês que, por sua complexidade e diversidade, gerava uma crescente restrição ao acesso à escrita e leitura. Evidentemente, não devemos desconsiderar as relevâncias sociopolíticas do desenvolvimento de um alfabeto coreano próprio. Como bem definiu Marcos Bagno [2015], a linguagem (escrita ou falada) é uma entidade social que atua enquanto instrumento de poder. O idioma é, certamente, um importante patrimônio cultural que carrega a história e o espírito de um povo [NATIONAL INSTITUTE OF KOREAN LANGUAGE, 2008]. Portanto, a dependência coreana do alfabeto chinês gerava complicações políticas internas (a restrição da escrita às elites) e externas (a resignação ao poder político-cultural da China).

 

O primeiro sinal de ruptura entre as escritas chinesa e coreana se deu pela tentativa de escrever com caracteres emprestados do alfabeto chinês – ou seja, escrever nomes coreanos transliterados no chinês encontrado na literatura e nos textos budistas. Chamou-se tal sistema de Hanja (漢字) [MARQUES, 2021]. Esse alfabeto de caracteres sino-coreanos era proveniente da adição de leituras e significados coreanos a certos ideogramas genuinamente chineses. O que não era de se espantar, afinal a Coreia possuía vasta experiência no uso da escrita proveniente da China [KING, 1996, p. 218]. Todavia, tal sistema ainda era ineficiente, pois expressava imperfeitamente a língua coreana, de modo que idioma e escrita estavam desempenhando funções desassociadas e imprecisas [PAE, 2018, p. 336]. Em vista disso, Rei Sejong (r. 1418-1450), o Grande (朝鮮世宗 세종대왕), quarto monarca da dinastia Joseon (1392-1897), teria desenvolvido o Hunminjeongeum (훈민정음)nome inicial do alfabeto coreano.

 

Os autores ainda discordam quanto à criação dessa escrita. Alguns afirmam que o próprio Sejong foi o único responsável por sua composição, algo que teria feito secretamente para não encontrar oposição das elites e dos intelectuais, como exposto pelo National Institute of Korean Language [2008]; outros atribuem a formação do alfabeto ao Instituto Real, Jiphyeonjeon (집현전), sendo o rei apenas um intermediário político para aprovação e cumprimento do novo sistema [MARQUES, 2021]. A criação do Hangul, segundo o Rei Sejong, deu-se para que a leitura e a escrita fossem aprendidas e ensinadas com clareza e agilidade [BINDI, 2015]. Os caracteres deveriam ser suficientemente fáceis para que fossem assimilados por todos com semelhante simplicidade, para o monarca o alfabeto deveria ser aprendido em menos de uma semana. Pode parecer estranho àqueles que não possuem familiaridade com o idioma [FRANCISCO, 2018, p. 137], entretanto, para os nativos em língua coreana, isso se mostrou verídico, visto que: “as letras do alfabeto formam o desenho da letra ao serem pronunciadas” [MARQUES, 2021].

 

Salienta-se que, mesmo após a propagação do Hangul, no século XV, a escrita chinesa permaneceu dominante na cultura coreana até a segunda década do século XX [KING, 1996, p. 218]. Isso ocorreu, pois a utilização do Hangul era associada aos ignorantes (mulheres, crianças e classes inferiores) e por isso foi rejeitado pelas elites locais, yangban (양반), e pelos intelectuais coreanos que permaneceram utilizando o Hanja. Por outro lado, o alfabeto coreano encontrou uma fértil aceitação nas camadas populares da época, pois era muito mais simples e poderia ser aprendido de maneira independente, sem educação proveniente da escolaridade formal [MARQUES, 2021].

 

Cabe ressaltar a proibição ao Hangul durante o período de política de assimilação imposta pelo governo do Império do Japão (1868-1947), que invadiu a Coreia em 1910 [Cf. MACEDO, 2017]. Nesta época o uso do Hangul passou a ser um símbolo da resistência coreana ante ao invasor [MARINO, 2020, p. 12]. Ross King [1996, p. 219, tradução nossa] comenta que:

 

“Desde a libertação do Japão em 1945, a Coreia concedeu um papel muito menos importante aos caracteres chineses do que nos tempos tradicionais, ou mesmo pré-libertação. A Coreia do Norte aboliu o uso de caracteres chineses na escrita pública em 1949, mas continua a ensinar um número limitado nas escolas. A política sul-coreana tem sido menos consistente; certos ministérios do governo usam mais caracteres chineses do que outros, mas a maioria dos principais jornais diários ainda os usa, e os alunos aprendem aproximadamente um mil e oitocentos caracteres [chineses] antes de terminar o ensino médio. O papel dos caracteres chineses na escrita coreana foi um assunto de acalorado debate público na República da Coréia na década de 1990”.

 

O nome Hangul surgiu de um neologismo criado pelo linguista Cwu Si-Kyens (1876-1914), membro do movimento de reforma e promoção da língua e escrita coreanas. Até a década de 1910, o alfabeto também era conhecido como cengum (sons corretos), enmun (escrita vulgar) ou kwukmun (escrita nacional), sendo o nome original do coreano Hwunmin Cengum (訓民正音) [KING, 1996, p. 219]. Atualmente é considerado por vários linguistas como o melhor sistema de escrita existente [BINDI, 2015]. O Hangul: “É uma das escritas mais cientificamente projetadas e eficientes do mundo” [KING, 1996, p. 219, tradução nossa]. De fato, o alfabeto coreano é bastante preciso e original [PAE, 2018, p. 335], afinal foi o produto deliberado de um planejamento linguístico encabeçado pelo rei Sejong, em 9 de outubro de 1446 [MARQUES, 2021].

 

Nesta data, nove de outubro, comemora-se o Dia do Hangul (한글날) na República da Coreia, o mesmo evento é celebrado no dia quinze de janeiro na Coreia do Norte. Desse sistema de escrita conhecemos as explicações e os porquês de suas formas e regras, sobretudo por terem sido esmiuçadamente expostas na obra Hunminjeongeum ou Hwunmin cengum (“Os sons corretos para a instrução do povo”) de 1446 – livro que havia sido perdido e foi redescoberto apenas em 1940 [KING, 1996, p. 219].

 

Formação linguística: do Hunminjeongeum ao Hangul

O Hunminjeongeum (훈민정음), elaborado pelo rei Sejong, é constituído por 28 letras, sendo 11 vogais e 17 consoantes. Trata-se de um alfabeto fonético com um sistema de escrita segmentado, onde cada caractere corresponde a um fonema (diferente do Hanzi chinês, onde cada caractere representa uma palavra). A formação de palavras em coreano não se dá de maneira linear, como em outros alfabetos, mas sim com a disposição de consoantes e vogais em blocos silábicos (por exemplo, o nome “Hangul” escrito linearmente: ㅎㅏㄴㄱㅡㄹ; em blocos silábicos: 한글) [LEE, 2013, p. 51]. As explicações para a constituição do alfabeto coreano deram-se através do Hunminjeongeum haerye (Hanja: 訓民正音解例; Hangul: 훈민정음 해례), documento dividido em duas grandes partes: Yeuipyeon (例義篇) e Haeryepyeon (解例篇).

 

A primeira, “Seção de Exemplos e Definições”, escrita pelo próprio rei Sejong, contém um prefácio sobre o propósito da criação das novas letras, além de uma seção mais longa para explicar cada uma das vogais e consoantes e a maneira como são combinadas para formar as sílabas. Já no Haeryepyeon (“Seção de Explicações e Exemplos”), escrita pelos estudiosos de Jiphyeonjeon (집현전), sob ordem do rei, é dividida em 6 (seis) capítulos:  Jejahae (制字解, “Explicação do Desenho das Letras”), Choseonghae (初聲解,“Explicação dos Sons Iniciais”), onde apresenta as 17 consoantes que aparecem em posição inicial na sílaba; Jungseonghae (中聲解, “Explicação dos Sons Mediais”), que apresenta as 11 vogais; Jongseonghae (終聲, “Explicação dos Sons Finais”), sobre as consoantes que aparecem na posição final da sílaba; Hapjahae (合字解, “Explicação dos Métodos para Combinação das Letras”), como se dá a formação das sílabas; Yongjarye (用字例, “Exemplos do Uso das Letras”), em que palavras coreanas são escritas com o novo alfabeto; além de posfácio feito pelo estudioso Jeong In-ji (1396-1478) [UNESCO, 1997].

 

Segundo consta no capítulo Jejahae (制字解), sobre a origem dos desenhos das letras, os caracteres do alfabeto coreano foram feitos para “imitar formas”. As cinco consoantes básicas (, , , , ) representam o movimento dos órgãos articulatórios ao serem pronunciadas – por exemplo, quando a ponta da língua toca na crista alveolar, o som de [n] é emitido. Em relação às vogais (Ÿ,, |), seu formato foi inspirado nas ideias Neoconfucionistas de “Três Poderes” – Céu, Terra e Homem – derivadas da obra I Ching (易經), o Livro das Mutações (composto antes da dinastia Chou, c. 1150-249 AEC) [PRATT; RUTT, 2013, p. 174]. As consoantes básicas também são frequentemente associadas aos cinco elementos (Árvore, Fogo, Terra, Metal, Água), cinco estações (Primavera, Verão, Último verão, Outono, Inverno), cinco notas musicais (Gak, Chi, Gung, Sang, U) e as cinco direções (Leste, Sul, Centro, Oeste, Norte), presentes na filosofia oriental [LEE, 2013, p. 49].

 

Por [k], [n], [m], [s], e [ɦ] fazerem referência ao local de articulação, a seção Jejahae do Hunminjeongeum haerye teve a explicação dos sons dividida em: molares, linguais, labiais, incisivos e laríngeos. Dependendo das características fonéticas, as consoantes podem ser divididas em: wholly clear, partly clear, wholly muddy, neither clear nor muddy. Respectivamente, sob a ótica da fonologia moderna, essas denominações equivalem: surdo ou desvozeado, aspirado, tensionado, sonoro. Já em relação aos pontos de articulação, o som molar corresponde ao velar, labial ao bilabial, laríngeo ao glotal, lingual ao apical, incisivo ao dental [LEE, 2013, p. 45]. No que concerne à intensidade sonora, as cinco consoantes básicas são consideradas as de pronúncia fraca. Para representar um som mais forte, foram adicionados traços aos seus desenhos, dando origem às novas letras: [kh], [t], [th], [p], [ph], [ts], [tsh], [ʔ], [h]. Há, ainda, outras consoantes cujas formas foram alteradas, resultando em: [ŋ], [l], [z], entretanto a adição de traços não fortaleceu suas sonoridades [LEE, 2013, p. 38-39].

 

Com relação às vogais, o Hunminjeongeum haerye apresenta onze caracteres, dos quais três são considerados básicos: Ÿ [ʌ], [i], [i]. Diferente das consoantes, que possuíam sons equivalentes no chinês, os sons médios (posicionados no meio da sílaba) não tinham correlatos na fonologia tradicional chinesa. Portanto, as vogais do alfabeto coreano apresentavam um conceito fonológico novo para o Leste Asiático do século XV [LEE; RAMSEY, 2011, p. 120]. Em relação ao formato das vogais, rei Sejong se inspirou no princípio de que os sons humanos e os fenômenos universais advêm da harmonia entre Yin e Yang, presente no Neoconfucionismo. Sendo assim, [i] é desenhada plana como a Terra, que possui qualidade de Yin; Ÿ [ʌ] é redonda como o Céu, ligada ao Yang; |[i] representa o Homem em pé, sendo considerada harmonicamente neutra – uma vez que pode coexistir tanto com as vogais Yin quanto com as Yang. Os demais oito sons vocálicos são provenientes da união das três letras básicas (Ÿ , , ) e estão, também, condicionados ao Yin-Yang: [u], [ə], [yu], [yə]  possuem Ÿ[ʌ] localizada na parte inferior/interna, ou seja, essas vogais emergiram da Terra (Yin); enquanto [o], [a], [yo], [ya] possuem Ÿ [ʌ] localizada em cima/fora, já que surgiram do Céu (Yang). Esse tipo de classificação permite que vogais Yin se relacionem bem com outras vogais Yin, enquanto as Yang combinam melhor entre si [LEE, 2013, p. 49-50].

 

Segundo descrito no Hunminjeongeum haerye, as consoantes também podem ser combinadas para formação de novas letras. Para isso são apresentados dois métodos diferentes: Byeongseo (Hangul: 병서; Hanja: 並書), no qual as letras são agrupadas lado a lado (, , , , , ) e Yeonseo (Hangul: 연서; Hanja: 連書), em que duas consoantes são empilhadas para formar outra (, , , ) [LEE, 2013, p. 53-54]. Com o passar do tempo, muitas dessas letras criadas tornaram-se obsoletas. Atualmente o Hangul possui 51 Jamos (자모) ou Natsuri (낱소리), nomenclaturas dadas às unidades que compõem o alfabeto coreano. Estão inclusas as 24 letras básicas: 10 vogais (, , , , , , , , , ) e 14 consoantes (, , , , , , , , , , , , , ); além das 5 letras duplas (, , , , ), dos 11 ditongos (, , , , , , , , , , ) e dos 11 encontros consonantais (, , , , , , , , , , ) [LEE, 2019, p. 5-6].

 

Considerações finais

Atualmente a cultura coreana tem sido bastante observada em todo o mundo, inclusive no Brasil – seja pelos avanços tecnológicos, pelas séries televisivas ou pela música popular (K-pop). Isto tem gerado um maior conhecimento a respeito do idioma e alfabeto coreanos que se apresentam como importantes caracteres para sua história e cultura. Com esse texto buscamos introduzir os elementos que levaram à criação e adoção do Hangul, cuja história se apresenta bastante condicionada às tenções político-sociais enfrentadas pela Coreia. Do Hunminjeongeum, proposto pelo Rei Sejong, ao atual Hangul, foram mais de quinhentos anos até ser finalmente aceito e estabelecido como sistema de escrita oficial.

 

A cientificidade e simplificação que envolviam o projeto de desenvolvimento do Hangul fizeram deste alfabeto uma arma importante no combate aos altos índices de analfabetização presentes na Coreia do século XV, motivo pelo qual seu promulgador (o rei Sejong) nomeia, desde 1989, o maior prêmio de contribuição à luta contra o analfabetismo no mundo (UNESCO King Sejong Literacy Prize) [Cf. UNESCO, 2021]. Ademais, ressalta-se que o alfabeto coreano vem influenciando e sendo influenciado ao longo do tempo. Por exemplo, na atualidade o idioma vem incorporando diversas palavras do inglês que circulam cotidianamente na Coreia do Sul e passam por um processo de adaptação para a fonologia do coreano, fenômeno nomeado Konglish (콩글리시) [Cf. MARINO, 2020]. Em suma, vislumbramos uma introdução ao alfabeto coreano, em sua história e linguística, percebendo-o como um projeto deliberado e bem-sucedido para que a língua coreana não estivesse limitada ao uso dos caracteres chineses.

 

Referências

Mayara Bassanelli é graduanda em Licenciatura em Letras Português-Inglês pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Formada pelo Colégio Técnico Industrial de Guaratinguetá da Universidade Estadual Paulista (CTIG/UNESP), possui Técnico de Informática Industrial. Atuou em projetos de pesquisa e extensão pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus do Pantanal (UFMS/CPAN). Membro do grupo de pesquisa Literatura e Tempos Sombrios/UFMS, sob orientação da Prof.ª Dr.ª Carina Duarte.

 

Felipe Daniel Ruzene é graduando em Licenciatura em História pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e no Bacharelado em Filosofia pelo Centro Universitário Claretiano (BAT). Também estudou no Colégio Técnico Industrial de Guaratinguetá da Universidade Estadual Paulista (CTIG/UNESP), na Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAr) e na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Membro discente do grupo de pesquisa Antiga e Conexões/UFPR, sob orientação da Prof.ª Dr.ª Renata Senna Garraffoni.

 

BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico. São Paulo: Parábola Editorial, 2015.

 

BINDI, Andressa. Conhecendo o Hangul, 2015. Disponível em: https://brazil.korean-culture.org/pt/1/board/182/read/3247

 

FRANCISCO, Denis Leandro. “Aulas com interação: ensinando (e aprendendo) língua portuguesa e cultura brasileira na Coreia do Sul” in Revista Entre Línguas, v. 4, n. 1, p. 133-142, Jan-Jun, 2018.

 

KING, Ross. “Korean writing” in DANIELS, Peter; BRIGHT, William (Org.). The World's Writing Systems. Oxford: Oxford University Press, 1996, p. 218-227.

 

LEE, Ki-Moon; RAMSEY, S. Robert. A history of the korean language. Cambridge: Cambridge University Press, 2011.

LEE, Ji-young. Hangeul. Seongnam: The Academy of Korean Studies Press, 2013. Disponível em: https://intl.ikorea.ac.kr:40666/korean/UserFiles/UKS1_Hangeul_eng.pdf

 

LEE, Aldrin P. The korean alphabet: an explainer, 2019. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/336363867_The_Korean_Alphabet_An_Explainer

 

MACEDO, Emiliano Uzer. O imperialismo japonês na Ásia: da Era Meiji à Segunda guerra mundial, 2017. Disponível em: http://simporiente2017comunics.blogspot.com/p/o-imperialismo-japones-na-asia-era.html

 

MARINO, Clariana Borges Gaíva. O fenômeno Konglish na música popular coreana (k-pop). Monografia: (Graduação em Tradução) - Instituto de Letras e Linguística, Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, 37 p., 2020.

 

MARQUES, Isabela. A história, revolução e importância do Hangul, o alfabeto oficial coreano, 2021. Disponível em: https://revistakoreain.com.br/2021/04/a-historia-revolucao-e-importancia-do-hangul-o-alfabeto-oficial-coreano/

 

NATIONAL INSTITUTE OF KOREAN LANGUAGE. Want to know about Hangul?, 2008. Disponível em: https://www.korean.go.kr/eng_hangeul/principle/001.html

 

PAE, Hye K. “The Korean writing system, Hangul, and word processing” in Writing Systems, Reading Processes, and Cross‑Linguistic. Amsterdã: John Benjamins, 2018, p. 335–352.

 

PRATT, Keith; RUTT, Richard. Korea: a historical and cultural dictionary. Abingdon: Routledge, 2013.

 

UNESCO. Proper sound to instruct the people, 1997. Disponível em: https://english.cha.go.kr/cop/bbs/selectBoardArticle.do?ctgryLrcls=CTGRY211&nttId=57977&bbsId=BBSMSTR_1205&uniq=0&mn=EN_03_03

 

UNESCO. International Literacy Prizes, 2021. Disponível em: https://en.unesco.org/themes/literacy/prizes

9 comentários:

  1. Fernando de Barros Honda3 de outubro de 2022 às 13:34

    Boa tarde, Mayara Bassanelli e Felipe Ruzene. Lendo o trabalho de vocês, uma dúvida surgiu acerca do aprendizado formal, ou seja, em escolas coreanas acerca do novo alfabeto. É claro que pessoas nascidas na década de 1920 dificilmente estariam vivas, no entando, gostaria de saber se em algum momento da pesquisa de vocês foi possível entender como é a convivência com uma língua que mudou (além de correções ortográficas como conhecemos) em diversas gerações.

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    1. Olá, Fernando. Tudo bem?

      Primeiramente, agradeço pela dúvida!

      No que diz respeito ao uso do Hangul em finais da Idade Média (isto é, desde a publicação do Hunminjeongeum em 1446 à invasão japonesa de 1592 na Guerra Imjin), realmente encontramos escassas citações em relação à aprendizagem do novo alfabeto pela população. Os autores (ao menos aqueles pesquisados até então), inspirados por fontes governamentais, religiosas e acadêmicas (LEE; RAMSEY, 2011, p. 101), limitam-se a afirmar que o sistema foi capaz de “deixar todas as pessoas aprenderem facilmente” (Ibidem, p. 235). Cita-se, também, o interesse popular pela poesia e o surgimento de novas formas literárias como elementos difusores do Hangul no século XVIII. Isso teria acarretado o aumento do interesse e facilitado a aprendizagem do novo alfabeto (Ibidem, p. 242). Na década de 1910, quando da Ocupação Japonesa, o sistema alfabético coreano já era profundamente difundido e utilizado cotidianamente (embora ainda sobrevivessem os caracteres chineses). Assim sendo, com a libertação em 1945, há um retorno ao uso amplo do Hangul que havia sido proibido, embora não esquecido (Ibidem, p. 289).

      Referência: LEE, Ki-Moon; RAMSEY, S. Robert. A History of the Korean Language. Cambridge: Cambridge University Press, 2011.

      Espero ter sanado sua dúvida!

      Felipe Ruzene

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    2. Fernando de Barros Honda5 de outubro de 2022 às 09:58

      Obrigado pela explicação! Sanou sim.

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  2. Olá! Gostaria de saber se os autores possuem a informação de a partir de qual momento a elite coreana passou a aceitar e utilizar o alfabeto hangul. Obrigada!
    Gabriela Soares Lima dos Santos

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    1. Olá, Gabriela. Tudo bem?

      Primeiramente, agradeço pela dúvida!

      Na Coreia Medieval a publicação escrita era amplamente controlada e supervisionada por uma elite real e aristocrática, principalmente para fins pedagógicos ou para o proselitismo budista (LEE; RAMSEY, 2011, p. 242). Até meados do século XIX, o chinês clássico, permaneceu sendo o mais prestigiado sistema alfabético e o meio de escolha para a escrita formal, pelo menos entre os membros dessa elite (Ibidem, p. 287-288). O interesse popular pela poesia e o aparecimento de novas formas literárias, destacam-se como elementos difusores do Hangul a partir do século XVIII. Ainda assim, a última barreira a ser vencida para a aceitação do alfabeto coreano pelas elites locais foi, segundo Ross King (1996, p. 219), a Ocupação Japonesa de 1910. Ao tornar o Hangul um símbolo da resistência coreana ante ao invasor, o alfabeto passou a receber status de marcador cultural e se tornou ferramenta para as mais diversas classes sociais da Coreia. Não obstante, porém, é preciso salientar que a resistência das elites não foi homogênea, sobretudo porque as origens do sistema alfabético foi justamente a Academia Real e a própria figura do rei.

      Referência: KING, Ross. Korean writing. In: DANIELS, Peter; BRIGHT, William (Org.). The World's Writing Systems. Oxford: Oxford University Press, 1996. p. 218-227.
      LEE, Ki-Moon; RAMSEY, S. Robert. A History of the Korean Language. Cambridge: Cambridge University Press, 2011.

      Espero ter sanado sua dúvida!

      Felipe Ruzene

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    2. Muito obrigada pela resposta!
      Gabriela Soares Lima dos Santos

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  3. Suelen Bonete de Carvalho3 de outubro de 2022 às 23:40

    O hangul é o único alfabeto que a gente sabe realmente suas origens né? O índice de analfabetismo na Coreia do Sul se não é zero, chega a ser quase isso. Minha pergunta na verdade é uma curiosidade: na Coreia do Norte, o Hangul tem a mesma estrutura da Coreia do Sul? Ou tem algumas diferenças em consoantes e vogais?
    Suelen Bonete de Carvalho

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    1. Boa noite, Suelen

      Agradeço por ter lido nosso texto e estar curiosa para saber mais. Realmente o Hangul é um dos poucos alfabetos usuais que temos conhecimento sobre a sua formação. Como seu estabelecimento como sistema coreano de escrita se deu antes da separação das Coreias, a Coreia do Norte utiliza o Hangul assim como a República da Coreia. A diferença é que, na Coreia do Norte, o uso de Hanja e de palavras provenientes do chinês, bem como de outras línguas estrangeiras, foi proibido. Também, lá não se chama o alfabeto de Hangul, mas de Chosŏn'gŭl (조선글) – nome que vem de Chosŏn, considerada a região que deu origem às Coreias. Outra diferença está relacionada à pronúncia das palavras, uma vez que o dialeto Pyŏngan (da capital Pyongyang) é a base para o idioma falado na Coreia do Norte. Caso tenha interesse em compreender melhor esse dialeto, Ross King tem um escrito muito interesse intitulado “Dialect, Orthography and Regional Identity: P’yong’an Christians, Korean Spelling Reform, and Orthographic Fundamentalism”. Por esse texto dá para ver algumas diferenças entre o Hangul e o dialeto Pyŏngan.
      Inclusive, achei um site interessante com uma listagem de dialetos coreanos (tanto da República da Coreia, quanto da Coreia do Norte). Deixarei registrado aqui se sua curiosidade aumentar: https://scientiapt.com/dialetos-coreanos

      Espero ter conseguido responder sua dúvida.
      Abraço,
      Mayara Bassanelli.

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    2. Suelen Bonete de Carvalho6 de outubro de 2022 às 22:03

      Quero agradecer a resposta e a indicação do site! Até o salvei, achei super didático!

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