O
presente trabalho visa apresentar os resultados da pesquisa de Iniciação
Científica intitulada de A representação
de Buda na obra Buda de Osamu Tezuka (1972-1983), realizada na Universidade
Estadual de Maringá (UEM) no ano de 2021. A pesquisa atentou para a
representação da personagem de Buda dentro do quadrinho. O recorte espacial foi
o Japão, e o temporal o período de 1972 até 1983, respectivamente, o país e os
anos aonde a obra foi publicada primeiramente. Objetivou-se analisar como a
figura de Buda é apresentada na obra, a fim de entender possíveis construções
da imagem para o público leitor. Para compreender essa representação, uma série
de questões foram necessárias, como por exemplo um estudo direcionado a uma
análise contextual do cenário de publicação do mangá.
Com
isso, no presente artigo serão apresentadas algumas considerações históricas do
contexto cultural e religioso do Japão dentro do período delimitado. Sobre essa
temática, José Rodolfo Vieira (2017) nos alertou que, o estudo de uma produção
como uma história em quadrinhos, independente de questões metodológicas ou
intencionalidade, está envolto também da necessidade de uma análise contextual
tanto do autor da obra, como também do cenário cultural temporal que a mesma
foi produzida, pois essas questões podem ocasionar efeitos tanto da produção,
como na recepção da obra.
A
partir das considerações elencadas por Vieira (2017), torna-se possível
compreender a necessidade do estudo do contexto de produção de um mangá. Por Buda se tratar de uma obra com temática
religiosa, um dos caminhos tomados no decorrer do estudo foi com relação a um
breve estudo da situação em que encontrava-se, o budismo no momento de
serialização do mangá.
Sobre
esse questionamento, em primeiro lugar reforça-se que, a partir das
considerações de Richard Gonçalves André (2018), que historicamente o budismo
no Japão sempre teve um interligação tanto com as configurações políticas da
região como com as outras culturas que eram encontradas por lá. Em adição,
Jason Ānanda Josephson (2012) mencionou que a história religiosa do Japão
precisa considerar a interligação de diversos costumes e culturas que formam a
nação atual, além do mais, qualquer tentativa de definição religiosa histórica
para o país está envolta de movimentações políticas que foram tomadas na era
Meiji (1868-1912) com a intencionalidade de formar uma imagem dentro da
temática para as outras nações
‘’[...]
Definir religião no Japão foi um exercício de definição de limites
politicamente carregados que reclassificaram extensivamente os materiais
herdados do budismo, do confucionismo e do xintoísmo. Todas as três tradições
foram radicalmente alteradas de uma forma que só recentemente começou a gerar
interesse acadêmico. Não podemos presumir um conteúdo estável para “religiões
japonesas” neste período de tempo, muito menos continuidade ao longo do tempo.
[...]’’ [JOSEPSHON, 2012. P. 11. Tradução nossa.]
Apesar
da pesquisa não estar localizada temporalmente nos anos da era Meiji, a
argumentação de Josepshon (2012) e André nos ajudam a compreender que o budismo
no Japão está interligado com a postura política e social de determinado
contexto. Mais próximo do momento histórico da publicação de Buda, compreender a situação do budismo
envolve dois campos de análise, o cenário internacional e o nacional japonês.
Em
um contexto internacional de estudo, resgata-se a argumentação de Baumann
(2001) que reforçou a internacionalização do budismo principalmente a partir
dos anos finais do século XX. Sobre isso, Cristina Rocha (2014) considerou que
o budismo tornou-se com o passar dos anos em um tema bastante popular no
ocidente, presente no imaginário popular, porém não com as mesmas bases e
definições que as instituições tradicionais asiáticas possuíam.
Conforme
Rocha, (2014) o imaginário ocidental sobre o budismo é algo resultante de
diversas e distintas interações que a religião teve com as pessoas fora da
Ásia, os meios de contato foram diferentes e o fluxo em si dos contatos foram
outros. Apesar das considerações serem de datas mais próximas das nossas, a
argumentação de Rocha (2014) nos é interessante pois realça que o contato do
budismo com o ocidente foi algo impulsionado pela exposição midiática, o que
pode sugerir uma influência dessas mesmas mídias no processo da criação da
imagem do budismo para as pessoas de fora de regiões que possuem a religião nas
suas bases culturais.
‘’[...]
As migrações em massa e imagens midiatizadas elevaram a importância da
imaginação no mundo contemporâneo. A presença de imigrantes e instituições
budistas no Ocidente, de praticantes, professores e missionários budistas
altamente móveis, da mídia eletrônica e de massa, dos produtos da indústria
cultural (tais como filmes, livros, CDs, DVDs) e a internet influenciam o modo
como o budismo é imaginado e construído globalmente. Este imaginário global é
contestado ou hibridizado com o local. Fluxos globais não viajam e
estabelecem-se no espaço vazio. Eles são “localizados”, ou seja, interagem e
são reinterpretados de acordo com as condições locais. A forma como o zen
budismo é compreendido e praticado por alguém que pertença a esta escola no
Japão é diferente da forma como é compreendido e praticado por um seguidor
leigo no Norte Global, por exemplo.’’ [ROCHA, 2014. p. 70-71.]
Essas
considerações são importantes para a compreensão do budismo enquanto religião
que se expandiu para fora de suas origens. Porém, Rocha (2014) elucidou que o
budismo nunca foi estático e desde seus princípios já era uma postura em
movimento, afinal, foi uma cultura originada historicamente na Índia, mas que
se expandiu por grande parte do oriente durante o passar dos anos. A chegada do
mesmo ao ocidente, para Rocha (2014) pode ser compreendida como mais um passo
no advento do budismo.
Já
no caso japonês, Shimazono Susumu (2012) apontou que, ao menos desde os finais
da Segunda Guerra Mundial, o budismo no país foi organizado em duas principais
categorias e grupos, o budismo tradicional e novas organizações orientadas
pelos preceitos budistas. Mesmo com essas categorias, daquele período em
diante, Susumu (2012) mencionou que com o passar dos anos, o interesse nas
práticas e estruturas budistas no país no geral decaiu, e ficou cada vez mais
ligado com questões espirituais internas do povo japonês.
‘’[...]
Nessa mesma época, havia também a tendência de as pessoas geralmente perderem
interesse por organizações religiosas, incluindo igrejas, tendência que
tornou-se evidente no mundo desde a década de 1970. Pessoas que se interessaram
na religião e na espiritualidade, mas relutantes em pertencer a organizações
religiosas específicas, aumentaram em número, especialmente nas sociedades
desenvolvidas. Além disso, pessoas que não estavam tão interessadas em religião
e espiritualidade e que de fato tiveram uma impressão negativa sobre as
organizações religiosas também começou a aumentar.‘’ [SUSUMU, 2012. P. 206.
Tradução Nossa.]
Essa
queda no interesse no budismo no Japão do período, para Susumu (2012) também
marcou um período de possibilidades para novas comunidades religiosas no país
se estabelecerem. Apesar de também terem seu crescimento acompanhamento de
diversas críticas públicas, que consideravam tais comunidades como cultos,
Susumu (2012) reforçou que, a segunda metade do XX marcou uma experiência
religiosa no Japão de queda de instituições tradicionais no âmbito popular e
desenvolvimento de novas comunidades que poderiam ou não se estabelecerem.
Diferentes
grupos humanos com bases budistas atuantes no cenário japonês nessa época
sugerem diferentes interpretações da religião por parte dos mesmos grupos.
Sobre isso, Patricia J. Grahan (2007) apontou que a partir do momento que novas
comunidades surgiram, houve também o nascimento de novas necessidades de
representações e construções imagéticas e simbólicas para os ideais que tais
comunidades propagavam. Nesse sentido, Grahan (2007) mencionou que, tanto
imagens físicas (templos, construções) como representações na cultura popular
surgiram no cotidiano japonês, que carregavam novas significações:
‘’[...]
Por causa das múltiplas maneiras pelas quais as pessoas se relacionam com o
budismo, a expressão visual pode assumir diferentes formas. Os templos
continuam a gerar as necessidades de representações reconhecíveis das
divindades da fé, muitas vezes em resposta a novas práticas devocionais.
Especialistas em criação de imagens budistas, oficinas de artesãos anônimos e
todos os devotos amadores criam tais imagens. Outros materiais visuais,
geralmente mais sugestivos ou alegóricos, e produtos de artistas seculares
profissionais, originam do interesse dos criadores e do público no Budismo
não-denominacional, e dos valores humanitários que a crença adota. Intelectuais
e críticos de arte geralmente consideram apenas esses materiais posteriores
como arte, e os anteriores como emblemáticos da comodificação do Budismo’’
[GRAHAN, 2007. P. 251. Tradução Nossa.]
As
representações midiáticas também estavam envoltas dessas novas reinterpretações
e formas de ver o budismo que surgiram no Japão a partir da queda de interesse
nas instituições tradicionais. Sobre isso, Elisabetta Porcu (2015) argumentou
que essas produções (filmes, produções televisivas, animações, mangás, entre
outras) que continham aspectos do budismo em seus conteúdos, tornaram-se
populares pois eram formas nas quais novos grupos ou instituições encontravam
de propagar suas visões religiosas para o público:
‘’[...]
elementos religiosos são encontrados entre os inúmeros produtos criados pela
indústria cultural e grupos independentes ou autofinanciados relacionados a
essa cultura pop. No mesmo tempo, essas formas de cultura popular foram usadas
por instituições religiosas japonesas para motivar seguidores e atrair
potenciais adeptos.’’ [...] [PORCU, 2015. P. 38. Tradução Nossa.]
Porcu
(2015) também mencionou que eventualmente, essas produções saíram do Japão, e
passaram a fazer parte do imaginário cultural sobre o país para pessoas de
outras regiões que não tinham tido o contato com a cultura religiosa no Japão.
Conforme a autora, em um primeiro momento, o cinema foi o principal produto
carregado de questões exportado para
fora do país, mas que não demorou muito para outras formas, o mangá incluso,
também encontrarem seus portais de saída.
Especificamente
no caso dos mangás, a relação dos mesmos com as religiões é algo bastante
interessante de ser explorado. Em primeiro lugar, destaca-se que tipicamente os
conteúdos dos mangás é algo que, conforme Mio Bryce e Jason Davis (2010), é
algo muito amplo e que tentativas de enquadramentos específicos não são tão
úteis para um estudo dos mesmos:
‘’Qualquer
tentativa de realizar uma análise geral da variedade de gêneros nos mangás,
mesmo limitando-a a apenas os disponíveis em traduções, corre o risco de
parecer seletiva, e nosso esforço não é exceção. Os gêneros utilizados neste
capítulo não são de forma alguma uma lista abrangente do que é publicado ou
republicado em qualquer ano no Japão. [...]’’ [BRYCE, M; DAVIS, J. 2010, p. 34.
Tradução Nossa.]
Por
possuírem uma grande amplitude, Bryce e Davis (2010) indicaram a
impossibilidade de uma definição específica dos gêneros dos mangás em
categorias diretas e objetivas, e indicaram ser mais vantajoso analisar a
mistura recorrente de diferentes gêneros dos mais variados possíveis dentro dos
quadrinhos japoneses, uma forma de gêneros-híbridos:
‘’[...]
Em um senso mais direto, a análise disponibilizada aqui procura um estudo mais
aprofundado sobre a hibrididade dos gêneros – como elementos ou
caraterísticas particulares em um gênero são frequentemente recombinadas com
outras em recriações criativas que geram um apelo de leitura assim como no
enredo e no desenvolvimento das personagens [...]’’ [BRYCE, M; DAVIS, J. 2010,
p. 34. Tradução Nossa.]
Em
linhas gerais, a argumentação de Bryce e Davis (2010) nos reforça a necessidade
de se compreender a amplitude que existe dentro dos gêneros dos mangás, e que
não é vantajoso buscar um por um para alguma explicação. No caso de conteúdos
atrelados com as diversas religiões, atenta-se que Buda foi uma publicação, como já mencionado anteriormente,
publicada dentro da demografia do Shonen
manga, e com isso possuí dentro de si uma série de atrativos e considerações
voltadas para atingir seu público alvo específico, que são de suma importância
para a compreensão da estrutura do mangá.
Apesar
de tais considerações serem exploradas posteriormente neste relatório, aqui
cabe mencionar, por fim, a relação do mangá enquanto produto midiático com as
religiões no geral, e também o contexto de publicação de Buda com outras obras de diferentes veículos transmissores do mesmo
período histórico com temáticas similares aos do quadrinho. Jolyon Baraka
Thomas (2008) mencionou que as linhas de conexão dos mangás com as religiões se
dão das mais variadas formas, não apenas representativas, mas também estéticas,
imagéticas, textuais, e de uma grande variedade de possibilidades de
apropriação.
No
caso dos mangás e da cultura pop no geral, Thomas (2008) argumentou sobre como,
atualmente, esses produtos midiáticos carregam uma série de atribuições que
novos leitores podem vir a construir sobre determinada religião a partir do
contato com tais mídias. Sobre isso, o autor reforçou a necessidade do estudo e
da compreensão da relação produto-religião por carregarem uma série de
possibilidades interpretativas nos públicos leitores:
‘’[...]
Apesar do contato das audiências com conteúdos religiosos através da mídia
parecer algo casual, a mídia serve como um importante e influente vetor para a
disseminação de ideias religiosas. A Mídia também serve como lugares de
práticas ritualísticas, e produtos midiáticos as vezes se tornam objetos
canonizados por grupos interessados. Um olhar atento para como a informação
religiosa entra em contato com o dia a dia de pessoas comuns (isto é, pessoas
que não são religiosas vocacionais) através de mídias como manga e anime podem
nos ajudar a compreender como religiões ou ideias religiosas e ideias são
mantidos, modificados ou reinventados. [...]’’ [THOMAS, 2008, p. 72-73.Tradução
Nossa.]
‘’No
geral, a presença e a relação das religiões com os mangás é algo que para Thomas
(2008) nasceu de dois principais motivos, em primeiro lugar a ampla
disseminação comercial dos quadrinhos japoneses no Japão e no mundo, mas também
pelos potenciais gráficos encontrados nos mesmos, que já por serem
fundamentalmente desenhos, não eram limitados por questões tecnológicas no
período para criar imagens e representações religiosas.’’ [THOMAS, 2008. P.
24-25.]
A
classificação também foi um campo bastante amplo mencionado por Thomas (2008),
pois conforme o autor existem inúmeros usos das religiões por parte dos
artistas e editoras de mangás. Sobre isso, Thomas (2008) mencionou que, para
além de mangás doutrinários, formulados por grupos com a intencionalidade de
propagação, também existem mangás que fazem críticas a determinadas religiões
ou instituições e também os que fazem uso apenas imagético de produtos
culturais para fins estéticos.
A
presença das religiões dos mangás é algo bastante variado e distinto de uma
obra para outro. Thomas (2008) indicou a existência de mangás por exemplo que possuem
críticas para com os grupos e instituições religiosas do Japão, assim como
mangás didáticos que apresentavam os fundamentos de determinada religião, e
também de mangás que se utilizaram do discurso religioso para idealizarem
pensamentos nacionalistas dentro das obras.
No
caso específico do budismo, todas as considerações já elencadas também são
verdadeiras. Conforme Thomas (2008), o budismo também possuí uma série de
mangás reimaginações, recriações, ou até mesmo mangás didáticos e doutrinários
referentes aos pensamentos dos grupos budistas. Interessante destacar que
alguns mangás sobre o budismo, como por exemplo os do autor Hiro Sachiya
(1992), conforme Thomas (2008) geraram interesse intelectual por parte de
estudiosos, e também foram utilizados como materiais de estudo dentro de
comunidades budistas.
Como
já mencionado, Thomas (2008) também apontou a existência do que determinou do
uso casual de terminologias e imagens
religiosas nos mangás. Esse uso, apesar de ser majoritariamente ilustrativo,
conforme o autor sugere um interesse do público por de tal pano de fundo
cultural assim como também possibilita a introdução desse imaginário no
dia-a-dia dos consumidores finais. Em adição, Thomas (2008) mencionou que nem
todo mangá ou produto midiático no geral com conteúdos religiosos assume função
doutrinaria, ou seja, não possui a intencionalidade de atrair pessoas para
determinada religião ou grupo, apesar de também existirem materiais com tais
intenções no mercado.
Para
Thomas (2008), um dos potenciais dos mangás com conteúdos religiosos está
exatamente na possibilidade atrativa que podem vir a ter para com os leitores
dos mesmos, algo que muitos grupos religiosos perceberam com o advento dos
quadrinhos japoneses como produto popular de consumo. Apesar de ser algo
interessante, o autor reforçou que não era algo garantido, e que mesmo com tal
possibilidade, todo o processo criativo, editorial e público do quadrinho
também são peças que podem vir a interferir em tais resultados:
‘’Para
ser claro, o uso do mangá não é uma garantia de sucesso. Quando efeitos
cinemáticos e representações icônicas são executadas sem habilidade, ou quando
histórias são muito formuladas, o mangá se torna clichê e não atrativo. [...]
Assim como livros e filmes, o mangá pode definhar na mediocridade. Sua
efetividade como história – e particularmente história religiosa – resta sobre
a habilidade dos autores de convidar e manter o ambiente emocional da audiência
sobre as ilustrações e o enredo. Esse sucesso efetivo é um pré-requisito para o
posterior uso de qualidades imaginativas da ficção em serviço da disseminação
do pensamento religioso. [...]’’ [THOMAS, 2008. P. 20-21. Tradução Nossa.]
A
intenção de apresentar os elementos que interligam as religiões no geral com os
mangás não foi a de busca por uma forma de enquadrar Buda dentro de algum desses setores de interligação. Porém,
compreender como costumeiramente o conteúdo religioso aparece nos mangás nos
torna possível de assimilar o produto midiático que o quadrinho é com a
temática nele proposta, apesar dos pesares, a partir das considerações de
Vieira (2017), o estudo do tipo de material para com o conteúdo do mesmo nos é
importante pois nos permite perceber como costumeiramente um é associado ao
outro.
Referências
bibliográficas
Gabriel
Silvestre Ferraz é graduado em História pela Universidade Estadual de Maringá
(UEM), membro do grupo de Pesquisa em Ideia das Crenças e das Ideias Religiosas
(HCIR/LERR UEM).
Fontes
TEZUKA,
Osamu. Buda. São Paulo: Editora Conrad, 2005.
Bibliografia
ANDRÉ, Richard. G. Do Samsara à
ancestralidade a apropriação do culto aos ancestrais no Budismo japonês. Revista Brasileira de História das Religiões,
n. 32, p. 277-305, 2018.
BAUMANN, M. Global Buddhism: Developmental Periods, Regional Histories, and a New Analytical Perspective. Journal of Global
Buddhism, v. 2, p. 1-43, 2001.
BRYCE, MIO; DAVIS,
JASON. An Overview of Manga Genres. In:
WOODS, Toni Johnson. Mangá: An
Anthology of Global and Cultural Perspectives. Nova Iorque, editora
Continuum, 2010. P. 34-62.
GRAHAN, Patricia.
Faith and Power in Japanese Buddhist Art, 1600–2005. University of Hawai‘i
Press: Honolulu, 2007.
JOSEPHSON. J. A. The
Invention of Religion in Japan. The University of Chicago Press: Chicago and
London, 2012.
PORCU, Elisabetta.
Down-to-Earth Zen: Zen Buddhism in Japanese Manga and Movies. Journal of Global
Buddhism. Vol. 16. 2015, p. 37-50.
ROCHA,
Cristina. A globalização do budismo. Estudos de Religião, v. 28, n. 2. 2014. p. 59-73.
SUSUMU, S. Japanese
Buddhism and the Public Sphere: From the End of World War II to the Post-Great
East Japan Earthquake and Nuclear Power Plant Accident. Journal of Religion in
Japan. 2012, p. 203-225.
THOMAS, Jolyon Baraka. Drawing on Tradition: Manga, Anime, and Religion in Contemporary Japan. Hawaii: University of Hawai‘i Press, 2012
Bom dia Gabriel!
ResponderExcluirAntes de tudo gostaria de parabeniza-lo pela comunicação. Sem dúvidas, pelo que pude notar mediante a leitura de seu texto, a obra de Tezuka talvez tenha sido a primeira tentativa relevante de trazer a história budista para o mundo das revistas em quadrinhos, o que abriu caminhos interessantes para este tipo de representação.
Hoje, em dia podemos contar com outras narrativas que representam aspectos da história e da prática da religião budista de uma forma acessível, descontraída e lúdica. Como você acha que essas narrativas possa ser implementadas de forma que cheguem as crianças e jovens para que exerça um propósito de difundir o pensamento budista, digo, no quesito de ensinar sobre a religião em si, quais métodos de aprendizagem você, como professor, aplicaria?
Assinado: Alexia Henning
Olá Alexia, boa noite!
ExcluirEm primeiro lugar, agradeço por seu comentário. De fato, apesar de não ser a primeira história em quadrinho com temas relacionados com as religiões asiáticas, a obra de Tezuka foi uma das mais expoentes, ao menos nas formalidades, para a propagação não só das religiões asiáticas, mas também de todo um complexo imagético que as rodeiam para o mundo e Brasil. (Interessante destacar a amizade simbólica existente entre Tezuka e Maurício de Sousa)
Sua dúvida é interessantíssima. Em primeiro lugar, acredito sim no potencial pedagógico que não só os mangás, mas que as histórias em quadrinhos no geral possuem. Além de serem uma forma de expressão, também servem de aproximação e associação imagética das temáticas, ferramentas que podem auxiliar os alunos nas percepções de diversos temas, não só históricos.
Agora, o espaço que a História asiática possuí no Brasil é um fator que complica a situação, se na academia não é tão amplo, no Ensino Básico é pior ainda. Trabalhar com temáticas asiáticas no geral (no nosso caso, no campo da História) muitas vezes implica em uma luta por espaço nas grades de conteúdos com as turmas, e também a quantidade de material disponível em língua nacional para o embasamento é pequena (não insuficiente), e não permite tantas possibilidades para o professor explorar.
Apesar dos pesares, os mangás possuem amplo poder pedagógico e desde a inclusão das HQs na BNCC no geral, o trabalho é possível com as turmas. Em um primeiro passo, acredito que a exploração não seria muito diferente de levar um livro ou um filme para a sala-de-aula, porém, seria necessário uma maior contextualização do material, visto que não só o que é presente no mangá poderia ser explorado, mas também o próprio mangá, por se tratar de uma produção estrangeira. Outrossim, por experiência própria revelo que, ao levar mangás para turmas, a aceitação e interesse dos estudantes foi bastante satisfatória, e acredito que essa parte auxiliaria muito em potencializar o processo de ensino-aprendizagem com algo que os estudantes já possuem, no geral, um apego.
Também, um tema que é super importante de adicionar no debate, é a acessibilidade dos mangás. No Brasil, além de possuírem um alto valor de aquisição, as publicações aqui são muito pequenas quando comparadas com as que são publicadas no Japão, nos Estados Unidos e até mesmo na Europa. Apesar de termos atualmente um mercado ativo de publicação de mangás, não chega nem perto do número de publicações gerais do material. Além disso, a realidade do consumo brasileiro no geral atualmente também não é das melhores, e ficaria a pergunta: Como levar os mangás para uma sala de aula, de forma acessível, para os estudantes? São questões importantes na hora de ser levada em conta a realidade para o trabalho educacional desse material.
Assinado: Gabriel Silvestre Ferraz