A expressão “mulheres de conforto” nos últimos tempos tem se
popularizado, sobretudo através da difusão de produtos culturais de origem
sul-coreana ao redor do mundo. Embora tenha encontrado uma tradução para
diferentes línguas, o campo de experiências que essa expressão representa
parece não transmitir aos ocidentais o que ela realmente descreve: a real e
aterrorizante situação que eram imposta às mulheres, vítimas da escravidão
sexual. Trata-se de uma denominação que estigmatiza aquelas mulheres que
estiveram sob a condição de prostitutas, ainda que hoje seus corpos hoje
estejam livres. Há aqui um sentido pejorativo à nomenclatura, uma vez que passa
a ideia de que elas, por serem prostitutas, tinham como função fornecer
"conforto" aos soldados japoneses [PARRILHA, 2022, p.7]. Pode-se
inferir que seja um nome forjado por seus agressores. Em outras palavras, um
eufemismo criado para tornar uma situação de exploração “agradável” do ponto de
vista do enunciado.
Uma geração de mulheres foi marcada, deste modo, por esse
estigma. A memória dessas mulheres vítimas das de violência cometidas pelo
império japonês durante as invasões ao território coreano não é muito conhecida
no ocidente ou mesmo na Coreia do Sul, mesmo que sejam fatos assombrosos da
história contemporânea do país. Porém, com a crescente influência da onda
coreana pelo mundo, mais conhecida como hallyu,
essa experiência traumática tem vindo à tona. Por hallyu (한류, no hangul, o alfabeto coreano) trata-se
particularmente da influência da cultura sul-coreana no mundo, através de
investimentos do governo no âmbito da cultura. À medida que a Coreia se expande
culturalmente, a questão em torno das violências cometidas por soldados japoneses
volta a ser debatida e até mesmo se tornado evidente para comunidades que não
possuíam o menor conhecimento sobre o ocorrido.
Ainda que pareça inusitado, a
hallyu ganhou mais força por meio da cultura pop japonesa. No Brasil, por
exemplo, desde o final da década de 1980 temos a presença das animações
japonesas (animes), histórias em
quadrinhos (mangás) e os seriados de ação com efeitos especiais (popularmente
chamados de tokusatsus) [GAJZÁGÓ;
SACOMAN, 2019, p. 1291]. Com a introdução de parte da cultura asiática no
ocidente, obras sul-coreanas - literárias, audiovisuais, dentre outras - não
demoraram para se difundir em nosso país, visto o empenho dos sul-coreanos para
sua divulgação no mundo. Isso pode ser visto, por exemplo, com a crescente
visibilidade mundial de obras sul-coreanas como o filme “Parasita”, do diretor Bong Joon-ho 봉준호. Na 92ª edição do Oscar em 2022, o filme ganhou 4
estatuetas. “Parasita” foi o primeiro filme de língua não-inglesa a vencer também na
categoria de melhor filme, servindo de demonstração de como o ocidente estava
se voltando ainda mais para a Coreia do Sul e suas produções.
Muitas das obras sul-coreanas exibem representações históricas
e, por isso mesmo, torna-se comum surgir o questionamento em alguns
consumidores ocidentais sobre as referências culturais daquilo que estão
consumindo. É o caso da adaptação do webtoon
(isto é, quadrinho feito para a internet) sul-coreano “Amanhã” (내일) em uma série live-action de mesmo nome, lançada em
2022 e disponibilizada no Brasil pelo serviço de streaming da Netflix. Essa produção conta com várias subtramas que
nos permitem compreender temas traumáticos da história desse país asiático. No
episódio 13 da primeira e única temporada, vemos a história das personagens
Yun-i e Lee Jeong-mun sendo contadas. Ambas se tornaram vítimas da escravidão
sexual, ao serem enganadas quando se candidataram a um emprego em uma fábrica
no Japão. A experiência das personagens nos permite compreender que o
recrutamento dessas mulheres se dava de duas maneiras: a captura forçada de
mulheres mais novas ou através de um processo de seleção fraudulento - muitas
mulheres relatam terem se inscrito para empregos em fábricas [ROLIM, 2018, p.
2]. Quando conseguem fugir dessa exploração, é apresentada outra dura
realidade. Seus compatriotas, ao invés de acolhê-las, as julgavam e as tratavam
com desprezo. Durante o episódio é exibida a ideia de que algumas pessoas negam
este passado por não terem presenciado os acontecimentos diretamente.
Outra obra que tematiza o tema das “mulheres de conforto” é o manhwa (termo para quadrinho produzido na Coreia do Sul. No hangul, 만화) “Grama”,
da autora Keum Suk Gendry-Kim 김금숙.
Figura 1 - Capa do manhwa “Grama”. Trata-se de uma história que
acompanha a personagem desde a sua juventude, marcada pela fome e pobreza, até
os dias atuais.
Publicado em 2020 no Brasil pela editora Pipoca & Nanquim, “Grama” conta o relato de Ok-sun Lee,
sequestrada aos 15 anos enquanto caminhava na rua voltando para seu trabalho em
1942. Por se tratar de um quadrinho feito com base no relato e o processo de
entrevista o objeto de observação se torna mais pessoal, uma senhora tendo que
reviver traumas passados é expressado na obra com desenhos em preto e branco
que em momentos mais carregados a imagem tenta expressar as emoções dos
personagens trazendo mais profundidade e proximidade ao leitor.
Onda hallyu no Brasil
A onda coreana ou hallyu
tem sido um mecanismo atrativo para a visibilidade da Coreia do Sul. Sua
influência ainda não encontra equivalência a um poder tão difundido no ocidente
como o peso cultural dos Estados Unidos, porém já é reconhecida. Sua influência
se deve, em maior ou menor grau, ao investimento estatal no que se refere ao
desenvolvimento e sofisticação dos meios de comunicação, bem como o uso de
ferramentas como vídeos online, programas de televisão, k-dramas (termo para as
séries dramáticas produzidas na Coreia do Sul) e a presença massiva em redes
sociais. Este investimento, contudo, iniciou-se de dentro para fora. Comparada
com a do início dos anos 2000, a ficção televisiva sul-coreana tornou-se
visivelmente diversificada em seus gêneros, conceitos e sistemas de produção
[KIM, 2018, p.121]. A preocupação em
tornar suas produções atrativas, competindo diretamente com uma potência
mundial (mesmo que inicialmente em seu próprio território), ajudou no atrativo
estrangeiro pelo investimento em qualidade.
Com a hallyu ajudando
na economia do país, o investimento também aumentou, mas a proliferação não se
deu apenas por esse fator. A facilidade da comunicação da internet e do hábito
dos fãs de divulgarem a sua rede de consumo, principalmente a juventude com anseio
de identificação e de expressar-se para serem compreendidos como seres sociais.
Alguns sujeitos buscam tais referências, principalmente, por não possuírem
forma simbólica para manifestar-se como ser social e dizer quem são, por isso
tomam outras pessoas e grupos como orientadores de suas características e
atitudes comportamentais [SANTANA e SANTOS, 2018, p.32].
Com a divulgação orgânica e o investimento em produtos de
divulgação, o Brasil se tornou um grande receptor da cultura sul-coreana. Temos
contato com expressões como k-dramas,
produtos de cuidado com a pele, manhwas (만화,
“história em quadrinhos”) e jogos. Com a influência dos meios de entretenimento
tornando-se populares as representações históricas contidas neles ficam mais
acessíveis, quadrinhos por exemplo são bastante difundidos por meios
alternativos online, o atrativo de diferentes traços de desenho, a facilidade
de leitura e assim como os k-dramas geralmente com narrativa fluida e lúdica,
por vezes trazem narrativas mais sérias.
Mulheres escravizadas sexualmente e suas representações
atualmente
Os crimes do Japão Imperial
durante a expansão colonialista na península coreana ainda são motivo de debate
atualmente, sendo comparados muitas vezes com os cometidos pela Alemanha
Nazista no mesmo período. Tal como
os adeptos do hitlerismo, o país asiático usava da ideia de raça superior
proveniente do ultranacionalismo para justificar suas pretensões imperialistas.
Convém ressaltar que ambos os regimes tinham suas peculiaridades e obviamente
existem grandes diferenças em como cada um desses países lidou com seus
conflitos. Os países asiáticos têm uma diferença cultural significativa, quando
comparados com o mundo ocidental, na maneira de reconhecer e pensar num
determinado assunto, especialmente quando se trata de um caso histórico [NAM,
2018, p.1]. Apesar de
algumas tentativas de reconciliação, como o acordo de 2015 para tentar sanar a
dívida japonesa, onde se desculpou e forneceu o equivalente a 9 milhões de
dólares para indenizações, contudo o acordo foi negado por algumas vítimas e
ativistas do país que consideram as ações como insuficientes. Mesmo que tenha
existido uma demonstração de reconhecimento do país sobre o crime de “'mulheres
de conforto”, ainda existe o negacionismo por parte de alguns autores e
cidadãos japoneses. Fatos que podem ser considerados como crimes foram e ainda
são negados ou amenizados. Além disso, há o nacionalismo japonês, cujo caráter
é bastante singular, de acordo com Nam [2018]: Este sentimento vem do pertencimento
ao país, referindo-se ao território e por este fato não existe o sentimento de
culpa ou aceitação de episódios de erro em sua história para com as mulheres
escravizadas sexualmente.
O lugar da mulher na
sociedade sul-coreana também deve ser pensado com um ponto de análise, não
apenas sobre o crime do Japão Imperial contra estas mulheres, mas sobre o fato
de até os anos 1980 este episódio ser pouco revelado. No manhwa "Grama", já citado, quando a senhora
Ok-sun Lee (protagonista) relata que, ao fim da Segunda Guerra Mundial, os
donos das casas de tortura sexual (“casas de conforto”) simplesmente somem,
deixando as vitimas para trás sem meios de sobreviver. Quando as garotas saem
pelo centro de Yanji na China são menosprezadas. Mesmo a China também sendo
vítima da colonização japonesa, isso se deve ao fato de assim como o Japão, a
Coreia do Sul e a China serem países com o sistema social patriarcal. Por
vezes, mulheres são humilhadas e criticadas por não serem virgens e por não
protegerem sua castidade. No mesmo quadrinho, assim que Ok-sun Lee é abusada
sexualmente pela primeira vez, além do trauma físico e psicológico, ela cita
que se sentiu suja e que após isso não poderia voltar para casa, desta vez não
pelo cárcere físico, mas por ter perdido sua virgindade mesmo que contra sua
vontade.
Com o cenário pouco ou nada
favorável às mulheres, muitas se refugiaram no silêncio. Numa sociedade
patriarcal, estas mulheres passaram então a serem vistas como uma desgraça para
a sociedade coreana. Além disso, vale ressaltar que na Coreia do Sul e no Japão
ainda persistem ideais confucianos nos quais as mulheres são criticadas se não
protegerem a sua virgindade [NAM, 2018, p.17]. Além da humilhação pessoal, admitir tais acontecimentos
seria desonrar o próprio país. No k-drama "Amanhã” uma personagem, a Senhora Yoo Buk-hui, assiste a uma
entrevista com uma sobrevivente das casas de escravização sexual e diz ao seu
neto que não acredita nestes acontecimentos. Ela justifica não acreditar por
ter vivido aquela época e nunca ter visto nada daquilo. O seu neto estudante de
história a confronta dizendo que é verdade. Mesmo que essa situação pareça
muito irreal e apenas possível por se tratar de uma fictícia, é necessário
destacar que a personagem em questão era abastada financeiramente e morava em
um local que não aparentava ter sido
diretamente afetado pela guerra e morava em um local que não aparentava ter
sido diretamente afetado pela guerra, é importante destacar que em diferentes
países e conflitos regiões e camadas sociais de um mesmo país podem perceber os
mesmos eventos de forma diferente, seja por seus interesses ou como neste caso
por não serem afetados da mesma jeito. Porém o conflito de vivências e a defesa
de que a experiência do outro não aconteceu por vezes leva parte das futuras
gerações a não acreditar nas vítimas, como é representado no k-drama alguns
sul-coreanos vandalizam a "estátua
da paz" o monumento em homenagem às mulheres coreanas que foram
estupradas por soldados japoneses na Segunda Guerra Mundial.
Produções como o manhwa
"Grama" e o k-drama "Amanhã", embora sejam meios de
comunicação diferentes entre si, são expressões da onda hallyu. O quadrinho,
com seu caráter biográfico, ganhou diversos prêmios pelo mundo como o Bulles d’Humanité, do diário francês L’Humanité. Já o k-drama
"Amanhã" também tomou grandes proporções ao ser disponibilizado pelo
serviço de streaming da Netflix e por
fazer diversas críticas sociais à Coreia do Sul. Este k-drama reuniu em torno
de si espectadores ao redor do mundo. Mesmo que em ambas as obras citadas o
contexto seja voltado à história do próprio país, a temática foi
contextualizada para que o espectador pudesse entender não apenas os eventos históricos,
mas a perspectiva de mulheres escravizadas sexualmente e que, por muito tempo,
foram silenciadas e desacreditadas.
Referências biográficas
Gabriela dos Santos Schalcher é
graduanda do curso de licenciatura em História pela Universidade Estadual do
Maranhão.
Márcio dos Santos Rodrigues é Doutorando em História pelo
Programa de Pós-Graduação em História Social da Amazônia da Universidade
Federal do Pará (UFPA), na linha de pesquisa Arte, Cultura, Religião e
Linguagens. Mestre em História pela Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), na linha de pesquisa 'História e Culturas Políticas' (2011) e
licenciado em História pela mesma instituição federal (2007). Atualmente é
professor da Universidade Estadual do Maranhão.
Referências
bibliográficas
GAJZÁGÓ, Éva; Sacoman, Virgine
Borges de Castilho, Introdução à hallyu: O movimento da onda coreana entre o
Brasil e a Hungria, em Caxias do Sul – RS, de 30 de Setembro a 03 de Outubro de
2019, p.129.
KIM, Yaeri. The invention of the Mideu: redefining
American television in South Korea. Media,
Culture & Society, v. 42, n. 1.
NAM. Sun Young, As relações
diplomáticas entre a Coreia do Sul e o Japão: o caso das ‘Mulheres de Conforto’
da Coreia. Dissertação para obtenção de grau de Mestre em Relações
Internacionais - Universidade de Lisboa Instituto Superior de Ciências Sociais
e Políticas, Lisboa, 2018.
PARRILHA, Ariel da Silva. As
“mulheres de conforto” coreanas e a violência sexual estrategica: Uma analise,
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Faculdade de Filosofia
e Ciências Campus de Marília, 2022.
ROLIM, Maria Eduarda de Quadros. As
“Mulheres De Conforto”: o Corpo Como Território, 2018. Disponível em
https://www.academia.edu/37976951/Mulheres_de_Conforto_-_o_corpo_como_territ%C3%B3rio.pdf
SANTANA,
Aline Gomes; SANTOS, Salett Tauk. O consumo cultural de jovens na cultura
hallyu, Dossiê Consumo e Subjetividade Arquivos do CMD, Volume 7, N.2. Ago/Dez
2018.
Bom dia, Gabriela e Márcio.
ResponderExcluirEm primeiro lugar, quero parabenizar pela bela escrita e por abordarem um tema tão pertinente no que diz respeito a História coreana, ao colonialismo, a luta contra o patriarcado, e a cultura pop atual. De fato, trabalhar com a escravidão sexual sofrida por mulheres do leste asiático durante o domínio japonês é algo muito sensível e chocante para qualquer um, inclusive para nós pesquisadores. Sobretudo, acredito, para nós mulheres.
A onda Hallyu vem divulgando o tema com bastante frequência nesta última década, produções cinematográficas como "I can speak" ganharam o mundo e provocaram bastante polêmica nos campos das relações internacionais. Não atoa, vê-se a história ser debatida com afinco entre teóricos japoneses e coreanos, alguns tentando apagar esse fato, outros tentando colocá-los em evidência.
Na qualidade de historiadores, brasileiros, acredito que possamos trabalhar tal debate para ilustrar o quanto os discursos históricos são políticos e pertinentes. Como vocês acham que podemos trabalhar isso para um público mais amplo? Ou seja, para além de nossos pares acadêmicos.
Att: Krishna Luchetti, mestre em História dos Espaços - UFRN.
Olá, Krishna. Agradecemos pelas considerações.
ExcluirHoje há um crescimento da cultura pop do leste asiático no Brasil. Eventos voltados para esse segmento também tomam espaço e constroem novas áreas que podem possibilitar a interação entre pesquisadores e o público geral. Há a presença de manifestações da onda coreana em diferentes espaços, presenciais e virtuais. Então trabalhar esse tema para um público mais amplo envolve, antes de tudo, repensar práticas comunicativas e adotar outros suportes que nem sempre consideramos em nossa formação nos cursos de História. Envolve também transitar por outros universos que nem sempre são conhecidos por nossos pares.
Trabalhar isso faz com que tenhamos que considerar saberes prévios, aquilo que se torna cada vez mais cotidiano na vida das pessoas, mesmo que seja de um cenário totalmente diferente. Quando pensamos nesse texto e no objeto de pesquisa procuramos colocar a necessidade de desocidentalizar o nosso pensamento.
Tendo em vista que a história ensinada nas escolas é extremamente ocidental, pode parecer que existam dificuldades, obstáculos para tratar de um tema como este. Porém, com a globalização e a forma como produtos culturais de cenários diferentes nos chegam, essas barreiras parecem estar cada vez mais diluídas. Nós historiadores podemos usar esse cenário com um elemento para a construção do conhecimento, desde que tenhamos abertura.
Novamente agradecemos.
Gabriela dos S. Schalcher e Márcio dos Santos Rodrigues
Olá, tudo bem?
ResponderExcluirGostaria de parabenizar pela escrita do texto e escolha da temática discutida. Aprendi muito com seu trabalho, sobretudo, pelo fato de desconhecer os filmes citados. Neste sentido, queria saber como você avalia os trabalhos historiográficos produzidos entre ocidente e oriente acerca da violência sexual. É possível identificar uma densidade crítica maior por parte da cultura ocidental e silenciamentos orientais?
Att.
Jessica Caroline de Oliveira
Cara Jessica,
ExcluirObrigado pelas palavras. Com relação aos trabalhos historiográficos, pode-se dizer que, em virtude do pouco investimento em traduções, ainda temos contato restrito com obras de historiadores orientais. Parcela considerável do que nos chega é de autores estrangeiros, mas de um eixo epistemológico mais ocidentalizado. Eventualmente vê-se traduções de obras como as do historiador japonês Ikuhiko Hata, sobre o Massacre de Nanquim e as mulheres de conforto da Coreia do Sul, ou coletâneas com estudiosos e estudiosas de países como o Japão, China e Coreia. É possível constatar que o tema da violência sexual rende debates acalorados entre historiadores desses países, inclusive com perspectivas que são acusadas de minimizar a dimensão dos crimes cometidos pelo Japão.
Não há elementos para identificar um densidade crítica maior entre um e outro, mas pode-se afirmar que estamos diante de um debate ainda em curso, onde a memória é a todo momento acionada para construir sentidos para a violência sexual contra mulheres. Cabe a nós historiadores e historiadoras tentar lidar com essa memória como uma fonte de estudos.
Agradecemos novamente pela pergunta e comentários.
Gabriela Schalcher e Márcio dos Santos Rodrigues
Boa noite, Gabriela e Márcio!
ResponderExcluirAntes de tudo, gostaria de parabenizá-los pela escrita do texto. O assunto abordado é muito interessante e relevante para os debates atuais acerca do tema. Como sabemos, a onda hallyu já adentrou o Ocidente, e temas como o deste trabalho tem ganhado espaços nas mídias sul-coreanas, e, consequentemente, nos lares de ocidentais que consomem essas mídias. Neste viés, gostaria de saber melhor como a Ásia, em específico o leste asiático, percebe e incorpora -ou não- os produtos da onda hallyu?
Abraços.
Júlia da Silva Amaral.
Olá, Júlia. Obrigado pela pergunta. Ainda não temos elementos para compreender melhor como a Ásia/asiáticos percebem e incorpora esses produtos. A pesquisa está ainda no começo, mas a tua pergunta é bastante instigante. Vamos tentar respondê-la na pesquisa e o teu nome constará nos agradecimentos. Muito obrigado.
ExcluirGabriela Schalcher e Márcio dos Santos Rodrigues
Quero parabenizar pelo texto, que traz relatos tão chocantes e tão pouco discutido, porém relevante! Um crime humanitário que o patriarcado tenta "amenizar". São fatos históricos que precisam ser debatidos e nunca mais praticados! O texto nos leva a uma reflexão de tantas atrocidades históricas que foram maquiadas... vou assistir a série "Amanhã" mencionada no texto, parece ser muita rica nas críticas sociais.
ResponderExcluirSuelen Bonete de Carvalho
Olá, Suelen.
ExcluirAgradecemos pela leitura do nosso texto e pelas considerações. Ainda vamos desenvolver um trabalho mais aprofundado sobre essas narrativas, de modo a dar evidência aos crimes cometidos e que foram, ao longo do tempo, deixados no esquecimento.
Gabriela Schalcher e Márcio dos Santos Rodrigues