A HALLYU COMO DENÚNCIA DA ESCRAVIDÃO SEXUAL DE MULHERES SUL-COREANAS por Gabriela dos S. Schalcher e Márcio dos S. Rodrigues


A expressão “mulheres de conforto” nos últimos tempos tem se popularizado, sobretudo através da difusão de produtos culturais de origem sul-coreana ao redor do mundo. Embora tenha encontrado uma tradução para diferentes línguas, o campo de experiências que essa expressão representa parece não transmitir aos ocidentais o que ela realmente descreve: a real e aterrorizante situação que eram imposta às mulheres, vítimas da escravidão sexual. Trata-se de uma denominação que estigmatiza aquelas mulheres que estiveram sob a condição de prostitutas, ainda que hoje seus corpos hoje estejam livres. Há aqui um sentido pejorativo à nomenclatura, uma vez que passa a ideia de que elas, por serem prostitutas, tinham como função fornecer "conforto" aos soldados japoneses [PARRILHA, 2022, p.7]. Pode-se inferir que seja um nome forjado por seus agressores. Em outras palavras, um eufemismo criado para tornar uma situação de exploração “agradável” do ponto de vista do enunciado.

Uma geração de mulheres foi marcada, deste modo, por esse estigma. A memória dessas mulheres vítimas das de violência cometidas pelo império japonês durante as invasões ao território coreano não é muito conhecida no ocidente ou mesmo na Coreia do Sul, mesmo que sejam fatos assombrosos da história contemporânea do país. Porém, com a crescente influência da onda coreana pelo mundo, mais conhecida como hallyu, essa experiência traumática tem vindo à tona. Por hallyu (한류, no hangul, o alfabeto coreano) trata-se particularmente da influência da cultura sul-coreana no mundo, através de investimentos do governo no âmbito da cultura. À medida que a Coreia se expande culturalmente, a questão em torno das violências cometidas por soldados japoneses volta a ser debatida e até mesmo se tornado evidente para comunidades que não possuíam o menor conhecimento sobre o ocorrido.

 

Ainda que pareça inusitado, a hallyu ganhou mais força por meio da cultura pop japonesa. No Brasil, por exemplo, desde o final da década de 1980 temos a presença das animações japonesas (animes), histórias em quadrinhos (mangás) e os seriados de ação com efeitos especiais (popularmente chamados de tokusatsus) [GAJZÁGÓ; SACOMAN, 2019, p. 1291]. Com a introdução de parte da cultura asiática no ocidente, obras sul-coreanas - literárias, audiovisuais, dentre outras - não demoraram para se difundir em nosso país, visto o empenho dos sul-coreanos para sua divulgação no mundo. Isso pode ser visto, por exemplo, com a crescente visibilidade mundial de obras sul-coreanas como o filme “Parasita, do diretor Bong Joon-ho 봉준호. Na 92ª edição do Oscar em 2022, o filme ganhou 4 estatuetas. “Parasita” foi o primeiro filme de língua não-inglesa a vencer também na categoria de melhor filme, servindo de demonstração de como o ocidente estava se voltando ainda mais para a Coreia do Sul e suas produções.

 

Muitas das obras sul-coreanas exibem representações históricas e, por isso mesmo, torna-se comum surgir o questionamento em alguns consumidores ocidentais sobre as referências culturais daquilo que estão consumindo. É o caso da adaptação do webtoon (isto é, quadrinho feito para a internet) sul-coreano “Amanhã” (내일) em uma série live-action de mesmo nome, lançada em 2022 e disponibilizada no Brasil pelo serviço de streaming da Netflix. Essa produção conta com várias subtramas que nos permitem compreender temas traumáticos da história desse país asiático. No episódio 13 da primeira e única temporada, vemos a história das personagens Yun-i e Lee Jeong-mun sendo contadas. Ambas se tornaram vítimas da escravidão sexual, ao serem enganadas quando se candidataram a um emprego em uma fábrica no Japão. A experiência das personagens nos permite compreender que o recrutamento dessas mulheres se dava de duas maneiras: a captura forçada de mulheres mais novas ou através de um processo de seleção fraudulento - muitas mulheres relatam terem se inscrito para empregos em fábricas [ROLIM, 2018, p. 2]. Quando conseguem fugir dessa exploração, é apresentada outra dura realidade. Seus compatriotas, ao invés de acolhê-las, as julgavam e as tratavam com desprezo. Durante o episódio é exibida a ideia de que algumas pessoas negam este passado por não terem presenciado os acontecimentos diretamente.

Outra obra que tematiza o tema das “mulheres de conforto” é o manhwa (termo para quadrinho produzido na Coreia do Sul. No hangul, 만화) “Grama”, da autora Keum Suk Gendry-Kim 김금숙.

 

Figura 1 - Capa do manhwa “Grama”. Trata-se de uma história que acompanha a personagem desde a sua juventude, marcada pela fome e pobreza, até os dias atuais.

 

Publicado em 2020 no Brasil pela editora Pipoca & Nanquim, “Grama” conta o relato de Ok-sun Lee, sequestrada aos 15 anos enquanto caminhava na rua voltando para seu trabalho em 1942. Por se tratar de um quadrinho feito com base no relato e o processo de entrevista o objeto de observação se torna mais pessoal, uma senhora tendo que reviver traumas passados é expressado na obra com desenhos em preto e branco que em momentos mais carregados a imagem tenta expressar as emoções dos personagens trazendo mais profundidade e proximidade ao leitor.

 

Onda hallyu no Brasil

A onda coreana ou hallyu tem sido um mecanismo atrativo para a visibilidade da Coreia do Sul. Sua influência ainda não encontra equivalência a um poder tão difundido no ocidente como o peso cultural dos Estados Unidos, porém já é reconhecida. Sua influência se deve, em maior ou menor grau, ao investimento estatal no que se refere ao desenvolvimento e sofisticação dos meios de comunicação, bem como o uso de ferramentas como vídeos online, programas de televisão, k-dramas (termo para as séries dramáticas produzidas na Coreia do Sul) e a presença massiva em redes sociais. Este investimento, contudo, iniciou-se de dentro para fora. Comparada com a do início dos anos 2000, a ficção televisiva sul-coreana tornou-se visivelmente diversificada em seus gêneros, conceitos e sistemas de produção [KIM, 2018, p.121].  A preocupação em tornar suas produções atrativas, competindo diretamente com uma potência mundial (mesmo que inicialmente em seu próprio território), ajudou no atrativo estrangeiro pelo investimento em qualidade.

 

Com a hallyu ajudando na economia do país, o investimento também aumentou, mas a proliferação não se deu apenas por esse fator. A facilidade da comunicação da internet e do hábito dos fãs de divulgarem a sua rede de consumo, principalmente a juventude com anseio de identificação e de expressar-se para serem compreendidos como seres sociais. Alguns sujeitos buscam tais referências, principalmente, por não possuírem forma simbólica para manifestar-se como ser social e dizer quem são, por isso tomam outras pessoas e grupos como orientadores de suas características e atitudes comportamentais [SANTANA e SANTOS, 2018, p.32].

 

Com a divulgação orgânica e o investimento em produtos de divulgação, o Brasil se tornou um grande receptor da cultura sul-coreana. Temos contato com expressões como k-dramas, produtos de cuidado com a pele, manhwas (만화, “história em quadrinhos”) e jogos. Com a influência dos meios de entretenimento tornando-se populares as representações históricas contidas neles ficam mais acessíveis, quadrinhos por exemplo são bastante difundidos por meios alternativos online, o atrativo de diferentes traços de desenho, a facilidade de leitura e assim como os k-dramas geralmente com narrativa fluida e lúdica, por vezes trazem narrativas mais sérias.

 

Mulheres escravizadas sexualmente e suas representações atualmente

Os crimes do Japão Imperial durante a expansão colonialista na península coreana ainda são motivo de debate atualmente, sendo comparados muitas vezes com os cometidos pela Alemanha Nazista no mesmo período. Tal como os adeptos do hitlerismo, o país asiático usava da ideia de raça superior proveniente do ultranacionalismo para justificar suas pretensões imperialistas. Convém ressaltar que ambos os regimes tinham suas peculiaridades e obviamente existem grandes diferenças em como cada um desses países lidou com seus conflitos. Os países asiáticos têm uma diferença cultural significativa, quando comparados com o mundo ocidental, na maneira de reconhecer e pensar num determinado assunto, especialmente quando se trata de um caso histórico [NAM, 2018, p.1]. Apesar de algumas tentativas de reconciliação, como o acordo de 2015 para tentar sanar a dívida japonesa, onde se desculpou e forneceu o equivalente a 9 milhões de dólares para indenizações, contudo o acordo foi negado por algumas vítimas e ativistas do país que consideram as ações como insuficientes. Mesmo que tenha existido uma demonstração de reconhecimento do país sobre o crime de “'mulheres de conforto”, ainda existe o negacionismo por parte de alguns autores e cidadãos japoneses. Fatos que podem ser considerados como crimes foram e ainda são negados ou amenizados. Além disso, há o nacionalismo japonês, cujo caráter é bastante singular, de acordo com Nam [2018]: Este sentimento vem do pertencimento ao país, referindo-se ao território e por este fato não existe o sentimento de culpa ou aceitação de episódios de erro em sua história para com as mulheres escravizadas sexualmente.

 

O lugar da mulher na sociedade sul-coreana também deve ser pensado com um ponto de análise, não apenas sobre o crime do Japão Imperial contra estas mulheres, mas sobre o fato de até os anos 1980 este episódio ser pouco revelado. No manhwa "Grama", já citado, quando a senhora Ok-sun Lee (protagonista) relata que, ao fim da Segunda Guerra Mundial, os donos das casas de tortura sexual (“casas de conforto”) simplesmente somem, deixando as vitimas para trás sem meios de sobreviver. Quando as garotas saem pelo centro de Yanji na China são menosprezadas. Mesmo a China também sendo vítima da colonização japonesa, isso se deve ao fato de assim como o Japão, a Coreia do Sul e a China serem países com o sistema social patriarcal. Por vezes, mulheres são humilhadas e criticadas por não serem virgens e por não protegerem sua castidade. No mesmo quadrinho, assim que Ok-sun Lee é abusada sexualmente pela primeira vez, além do trauma físico e psicológico, ela cita que se sentiu suja e que após isso não poderia voltar para casa, desta vez não pelo cárcere físico, mas por ter perdido sua virgindade mesmo que contra sua vontade.

 

Com o cenário pouco ou nada favorável às mulheres, muitas se refugiaram no silêncio. Numa sociedade patriarcal, estas mulheres passaram então a serem vistas como uma desgraça para a sociedade coreana. Além disso, vale ressaltar que na Coreia do Sul e no Japão ainda persistem ideais confucianos nos quais as mulheres são criticadas se não protegerem a sua virgindade [NAM, 2018, p.17]. Além da humilhação pessoal, admitir tais acontecimentos seria desonrar o próprio país. No k-drama "Amanhã” uma personagem, a Senhora Yoo Buk-hui, assiste a uma entrevista com uma sobrevivente das casas de escravização sexual e diz ao seu neto que não acredita nestes acontecimentos. Ela justifica não acreditar por ter vivido aquela época e nunca ter visto nada daquilo. O seu neto estudante de história a confronta dizendo que é verdade. Mesmo que essa situação pareça muito irreal e apenas possível por se tratar de uma fictícia, é necessário destacar que a personagem em questão era abastada financeiramente e morava em um local que não aparentava ter sido diretamente afetado pela guerra e morava em um local que não aparentava ter sido diretamente afetado pela guerra, é importante destacar que em diferentes países e conflitos regiões e camadas sociais de um mesmo país podem perceber os mesmos eventos de forma diferente, seja por seus interesses ou como neste caso por não serem afetados da mesma jeito. Porém o conflito de vivências e a defesa de que a experiência do outro não aconteceu por vezes leva parte das futuras gerações a não acreditar nas vítimas, como é representado no k-drama alguns sul-coreanos vandalizam a "estátua da paz" o monumento em homenagem às mulheres coreanas que foram estupradas por soldados japoneses na Segunda Guerra Mundial.

 

Produções como o manhwa "Grama" e o k-drama "Amanhã", embora sejam meios de comunicação diferentes entre si, são expressões da onda hallyu. O quadrinho, com seu caráter biográfico, ganhou diversos prêmios pelo mundo como o Bulles d’Humanité, do diário francês L’Humanité. Já o k-drama "Amanhã" também tomou grandes proporções ao ser disponibilizado pelo serviço de streaming da Netflix e por fazer diversas críticas sociais à Coreia do Sul. Este k-drama reuniu em torno de si espectadores ao redor do mundo. Mesmo que em ambas as obras citadas o contexto seja voltado à história do próprio país, a temática foi contextualizada para que o espectador pudesse entender não apenas os eventos históricos, mas a perspectiva de mulheres escravizadas sexualmente e que, por muito tempo, foram silenciadas e desacreditadas.  

 

Referências biográficas

Gabriela dos Santos Schalcher é graduanda do curso de licenciatura em História pela Universidade Estadual do Maranhão.

 

Márcio dos Santos Rodrigues é Doutorando em História pelo Programa de Pós-Graduação em História Social da Amazônia da Universidade Federal do Pará (UFPA), na linha de pesquisa Arte, Cultura, Religião e Linguagens. Mestre em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na linha de pesquisa 'História e Culturas Políticas' (2011) e licenciado em História pela mesma instituição federal (2007). Atualmente é professor da Universidade Estadual do Maranhão.

 

Referências bibliográficas

GAJZÁGÓ, Éva; Sacoman, Virgine Borges de Castilho, Introdução à hallyu: O movimento da onda coreana entre o Brasil e a Hungria, em Caxias do Sul – RS, de 30 de Setembro a 03 de Outubro de 2019, p.129.

 

KIM, Yaeri. The invention of the Mideu: redefining American television in South Korea. Media, Culture & Society, v. 42, n. 1.

 

NAM. Sun Young, As relações diplomáticas entre a Coreia do Sul e o Japão: o caso das ‘Mulheres de Conforto’ da Coreia. Dissertação para obtenção de grau de Mestre em Relações Internacionais - Universidade de Lisboa Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Lisboa, 2018.

 

PARRILHA, Ariel da Silva. As “mulheres de conforto” coreanas e a violência sexual estrategica: Uma analise, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Faculdade de Filosofia e Ciências Campus de Marília, 2022.

 

ROLIM, Maria Eduarda de Quadros. As “Mulheres De Conforto”: o Corpo Como Território, 2018. Disponível em https://www.academia.edu/37976951/Mulheres_de_Conforto_-_o_corpo_como_territ%C3%B3rio.pdf

 

SANTANA, Aline Gomes; SANTOS, Salett Tauk. O consumo cultural de jovens na cultura hallyu, Dossiê Consumo e Subjetividade Arquivos do CMD, Volume 7, N.2. Ago/Dez 2018.

8 comentários:

  1. Bom dia, Gabriela e Márcio.
    Em primeiro lugar, quero parabenizar pela bela escrita e por abordarem um tema tão pertinente no que diz respeito a História coreana, ao colonialismo, a luta contra o patriarcado, e a cultura pop atual. De fato, trabalhar com a escravidão sexual sofrida por mulheres do leste asiático durante o domínio japonês é algo muito sensível e chocante para qualquer um, inclusive para nós pesquisadores. Sobretudo, acredito, para nós mulheres.
    A onda Hallyu vem divulgando o tema com bastante frequência nesta última década, produções cinematográficas como "I can speak" ganharam o mundo e provocaram bastante polêmica nos campos das relações internacionais. Não atoa, vê-se a história ser debatida com afinco entre teóricos japoneses e coreanos, alguns tentando apagar esse fato, outros tentando colocá-los em evidência.
    Na qualidade de historiadores, brasileiros, acredito que possamos trabalhar tal debate para ilustrar o quanto os discursos históricos são políticos e pertinentes. Como vocês acham que podemos trabalhar isso para um público mais amplo? Ou seja, para além de nossos pares acadêmicos.
    Att: Krishna Luchetti, mestre em História dos Espaços - UFRN.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Krishna. Agradecemos pelas considerações.

      Hoje há um crescimento da cultura pop do leste asiático no Brasil. Eventos voltados para esse segmento também tomam espaço e constroem novas áreas que podem possibilitar a interação entre pesquisadores e o público geral. Há a presença de manifestações da onda coreana em diferentes espaços, presenciais e virtuais. Então trabalhar esse tema para um público mais amplo envolve, antes de tudo, repensar práticas comunicativas e adotar outros suportes que nem sempre consideramos em nossa formação nos cursos de História. Envolve também transitar por outros universos que nem sempre são conhecidos por nossos pares.

      Trabalhar isso faz com que tenhamos que considerar saberes prévios, aquilo que se torna cada vez mais cotidiano na vida das pessoas, mesmo que seja de um cenário totalmente diferente. Quando pensamos nesse texto e no objeto de pesquisa procuramos colocar a necessidade de desocidentalizar o nosso pensamento.
      Tendo em vista que a história ensinada nas escolas é extremamente ocidental, pode parecer que existam dificuldades, obstáculos para tratar de um tema como este. Porém, com a globalização e a forma como produtos culturais de cenários diferentes nos chegam, essas barreiras parecem estar cada vez mais diluídas. Nós historiadores podemos usar esse cenário com um elemento para a construção do conhecimento, desde que tenhamos abertura.

      Novamente agradecemos.

      Gabriela dos S. Schalcher e Márcio dos Santos Rodrigues

      Excluir
  2. Olá, tudo bem?
    Gostaria de parabenizar pela escrita do texto e escolha da temática discutida. Aprendi muito com seu trabalho, sobretudo, pelo fato de desconhecer os filmes citados. Neste sentido, queria saber como você avalia os trabalhos historiográficos produzidos entre ocidente e oriente acerca da violência sexual. É possível identificar uma densidade crítica maior por parte da cultura ocidental e silenciamentos orientais?
    Att.
    Jessica Caroline de Oliveira

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Cara Jessica,
      Obrigado pelas palavras. Com relação aos trabalhos historiográficos, pode-se dizer que, em virtude do pouco investimento em traduções, ainda temos contato restrito com obras de historiadores orientais. Parcela considerável do que nos chega é de autores estrangeiros, mas de um eixo epistemológico mais ocidentalizado. Eventualmente vê-se traduções de obras como as do historiador japonês Ikuhiko Hata, sobre o Massacre de Nanquim e as mulheres de conforto da Coreia do Sul, ou coletâneas com estudiosos e estudiosas de países como o Japão, China e Coreia. É possível constatar que o tema da violência sexual rende debates acalorados entre historiadores desses países, inclusive com perspectivas que são acusadas de minimizar a dimensão dos crimes cometidos pelo Japão.
      Não há elementos para identificar um densidade crítica maior entre um e outro, mas pode-se afirmar que estamos diante de um debate ainda em curso, onde a memória é a todo momento acionada para construir sentidos para a violência sexual contra mulheres. Cabe a nós historiadores e historiadoras tentar lidar com essa memória como uma fonte de estudos.
      Agradecemos novamente pela pergunta e comentários.

      Gabriela Schalcher e Márcio dos Santos Rodrigues



      Excluir
  3. Boa noite, Gabriela e Márcio!
    Antes de tudo, gostaria de parabenizá-los pela escrita do texto. O assunto abordado é muito interessante e relevante para os debates atuais acerca do tema. Como sabemos, a onda hallyu já adentrou o Ocidente, e temas como o deste trabalho tem ganhado espaços nas mídias sul-coreanas, e, consequentemente, nos lares de ocidentais que consomem essas mídias. Neste viés, gostaria de saber melhor como a Ásia, em específico o leste asiático, percebe e incorpora -ou não- os produtos da onda hallyu?
    Abraços.
    Júlia da Silva Amaral.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Júlia. Obrigado pela pergunta. Ainda não temos elementos para compreender melhor como a Ásia/asiáticos percebem e incorpora esses produtos. A pesquisa está ainda no começo, mas a tua pergunta é bastante instigante. Vamos tentar respondê-la na pesquisa e o teu nome constará nos agradecimentos. Muito obrigado.

      Gabriela Schalcher e Márcio dos Santos Rodrigues

      Excluir
  4. Suelen Bonete de Carvalho6 de outubro de 2022 às 22:35

    Quero parabenizar pelo texto, que traz relatos tão chocantes e tão pouco discutido, porém relevante! Um crime humanitário que o patriarcado tenta "amenizar". São fatos históricos que precisam ser debatidos e nunca mais praticados! O texto nos leva a uma reflexão de tantas atrocidades históricas que foram maquiadas... vou assistir a série "Amanhã" mencionada no texto, parece ser muita rica nas críticas sociais.

    Suelen Bonete de Carvalho

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Suelen.
      Agradecemos pela leitura do nosso texto e pelas considerações. Ainda vamos desenvolver um trabalho mais aprofundado sobre essas narrativas, de modo a dar evidência aos crimes cometidos e que foram, ao longo do tempo, deixados no esquecimento.

      Gabriela Schalcher e Márcio dos Santos Rodrigues


      Excluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.