A PRÁTICA DA GUERRA MEDIEVAL: ENTRE AS CAMPANHAS DE FERNANDO III [1217-1252] E AS CONQUISTAS DE TEMÜR [1360-1405] por Lucas Vieira dos Santos e Sofia Alves Cândido da Silva


Introdução: a guerra no Ocidente medieval

Ao tratar sobre Idade Média, os grandes veículos de mídia tendem a reproduzir imagens de batalhas campais envolvendo dezenas de milhares de soldados em confronto direto. Evitando a discussão sobre o modus operandi da composição destes materiais midiáticos, nossa proposta visa atingir uma discussão geral sobre os confrontos militares empreendidos no período em questão, focalizando, em particular, os séculos XIII e XIV e comparando a atividade guerreira sob o comando de Fernando III e Temür.

 

Afinal, não poderíamos propor uma discussão teórica que desse conta de mais de mil anos de história válida enquanto noção universal. Contudo, debater as campanhas militares e a prática da atividade militar em termos comparativos, partindo das fontes e da historiografia, nos possibilita evidenciar semelhanças e distanciamentos em contextos tão distintos.

 

Para fazê-lo, traçamos elementos gerais comparativos sobre a prática da guerra no Oriente e no Ocidente durante os séculos finais do que se convencionou chamar de Idade Média. De início, se recorremos aos textos mais tradicionais sobre a temática, nos deparamos com o Medieval Warfare [1999], organizado por Maurice Keen. O livro elaborado pela Oxford pretendia dar conta de um processo de desenvolvimento da atividade guerreira explorando aspectos como a complexificação das fortificações no contexto europeu, a elaboração de táticas de cerco, etc.

 

Ainda assim, a fim de propor uma noção geral que desse conta de explicar a atividade guerreira nesta conjuntura, podemos fazer uso do conceito de guerra de posição definido por Francisco García Fitz [2001]. As batalhas em campo aberto se tornavam cada vez mais escassas enquanto as campanhas militares passaram a visar a tomada de castelos e vilas importantes. A partir da conquista de fortificações deste tipo, os exércitos se reagrupavam, organizavam seus recursos e partiam para novas investidas ofensivas.

 

Para isso, as tropas promoviam ações de cerco combinadas com movimentos de desgaste. O objetivo imediato era o isolamento dos habitantes de determinada cidade ou vila. Era necessário um contingente significativo de guerreiros para este bloqueio do adversário dentro das próprias defesas e, aliado a este aprisionamento, ações de desgaste como cavalgadas, ataques a mantimentos e privação de acesso a vias fluviais se demonstravam ótimas combinações ofensivas.

 

Diversas fontes apresentam exércitos desgastados psicologicamente, mas, sobretudo, exaustos diante de longos cercos sem acesso à água e comida. O cerco liderado por exércitos cristãos em Sevilha em 1247 exemplifica este movimento [Primera Crónica General de España, 1955, p. 765]. Com tantos meses em privação de mantimentos, a derrota parecia até mesmo inevitável.

 

Os maquinários também se desenvolveram no contexto em questão. Como assegura Richard Jones [1999, p. 174], máquinas de lançamento de longa distância, como balistas, trabucos e manganelas eram empregados em alguns casos. Evoluções do legado tecnológico-militar romano, as ferramentas utilizavam tração ou contra-pesos e poderiam alcançar até 150 metros de distância, o que as tornava mais eficazes diante de muralhas sólidas.

 

Havia ainda a possibilidade de instalação de minas subterrâneas para fragilizar as defesas de castelos ou a opção de invasões furtivas que, quando bem-sucedidas, representavam uma significativa economia de tempo e recursos. Quando ocorriam, os guerreiros costumavam agir durante a noite e com clima chuvoso, potencializando o efeito surpresa e dificultando a visibilidade de defensores em torres. Esta técnica aparece empregada na tentativa cristã de domínio de Córdoba [Crónica Latina de los Reyes de Castilla, 1999, p. 97].

 

As campanhas militares tinham custos distintos; eram mais caras, especialmente, quando o cerco se estendia por meses a fio. Para viabilizar as operações, monarcas firmavam acordos até mesmo com inimigos estratégicos e buscavam apoio diante da nobreza aliada para garantir suporte bélico e econômico. Neste contexto, documentos jurídico-militares cumpriam o papel de regulamentar e facilitar a continuidade da vida pública enquanto os exércitos marchavam para confronto [Palomeque Torres, 1944, p. 207].

 

Afinal, quando discutimos a dominação territorial no medievo, nos referimos a projetos políticos sólidos que, além de expansionistas, procuravam estabelecer alianças estratégicas para a efetividade das operações militares.

 

Se enfatizamos como exemplo o caso da Península Ibérica, notamos a multiplicação das fortificações, sobretudo, a partir do século IX. Ali, tratamos sobre uma sociedade moldada pela guerra e para ela [Palomeque Torres, 1944]. Marcados por conflitos acentuados desde o século VIII, os peninsulares conviviam com elementos pensados a partir da atividade militar em todas as áreas das suas vidas. Os reinos da região elaboraram as construções adaptadas aos terrenos. Aonde havia morros, os monarcas e senhores ordenavam que os castelos fossem erguidos sobre eles para facilitar a visão externa em casos de ataque [Gutierrez Gonzalez, 1992].

 

Os reinos cristãos ibéricos, até mesmo pela longa convivência — que, ainda que tenha sido marcada por diversos embates, contou com momentos de trégua — incorporaram diversos elementos trazidos pelos muçulmanos até mesmo em suas construções militares. A utilização de cubos semicirculares nos castelos foi uma prática notória [Gutierrez Gonzalez, 1992, p. 37].

 

Ao retomarmos reinados como o de Fernando III, podemos notabilizar uma série de aspectos militares supracitados. O rei castelhano-leonês [1230–1252] promoveu diversas investidas contra os reinos muçulmanos da Península Ibérica e se tornou um dos maiores conquistadores da região. 

 

Recortamos o reinado do monarca enquanto demonstrativo válido para a compreensão da teoria da guerra e de projeto expansionista para domínio territorial, sobretudo ao tratarmos do caso hispânico. Afinal, em seu reinado, os avanços por etapa foram evidentes. Promovendo guerras de cerco e longos bloqueios que contavam com ações de desgaste, como foi o caso de Jaén, cujas plantações foram atacadas antes mesmo de um projeto efetivo de conquista, ele avançou sobre todo o Vale do Guadalquivir.

 

Ademais, as alianças políticas internas, contando com senhores de relevância e setores do episcopado castelhano em seu favor, foram capazes de patrocinar as investidas que realizou até sua morte, que resultaram na anexação de diversos reinos inimigos.

 

Utilizando os autores mencionados, ressaltamos que o domínio territorial e as ações militares no contexto europeu durante a Idade Média clássica estiveram marcados por uma teoria e prática da guerra específica, definida em termos de avanços e conquistas graduais. Instrumentos como a noção de guerra de posição nos possibilitam o entendimento de campanhas que raramente se desenrolavam para batalhas campais, mas que estavam articuladas em torno de fortificações que se tornavam cada vez mais eficazes [Verbruggen, 1997, p. 327].

 

Podemos assegurar que, grosso modo, as defesas medievais, especialmente no caso ocidental, estiveram em vantagem sobre o desenvolvimento de elementos ofensivos. A cavalaria, maior arma de combate do período, ainda que eficaz para movimentação de tropas e relevante nos cercos e desgastes, era anulada pela solidez defensiva na maioria dos casos onde não era planejada enquanto elemento de conquista a ser combinado com outros fatores decisivos, como o isolamento político dos sitiados.

 

Tendo em vista os elementos supracitados, este artigo possui o objetivo de traçar paralelos entre o modelo de guerra utilizado no Ocidente medieval e as táticas utilizadas no Oriente, em específico, as que eram empregadas por Temür. Desse modo, na seção seguinte, apresentamos as campanhas realizadas por Temür e a constituição de seu Império e, na sequência, realizamos uma comparação entre as táticas militares presentes no exército timúrida e as táticas de Fernando III.

 

Guerra no Oriente: o caso de Temür

As extensões territoriais que eram anteriormente governadas por canatos mongóis encontram-se, no século XIV, fragmentadas e, por vezes, sob o comando de líderes que não participavam da linhagem de descendentes de Genghis Khan. Neste contexto, a partir da dissolução das lideranças mongóis, especialmente nas regiões localizadas ao oeste dos domínios que conformavam o Império Mongol, tribos turco-mongóis assumiram o poder [Manz, 1989]. No cenário em questão podemos situar a ascensão de Temür e, consequentemente, algumas de suas campanhas militares.

 

A segunda metade do século XIV é marcada, no Oriente, pelo início das conquistas realizadas por Temür. Em um primeiro momento, o objetivo era a liderança de sua tribo [Barlas]. Posteriormente, sua intenção era controlar o canato de Chagatai e, por fim, expandir suas conquistas por todos os territórios conhecidos [Manz, 1989]. Podemos observar que, conforme Temür obtinha sucesso em suas pretensões, seus objetivos eram expandidos e, como resultado, foi possível a constituição de um Império. “A este império foram incorporadas, além da Transoxiana e da Corásmia, as regiões ao redor do Mar Cáspio, Irã, Iraque, parte do sul do Cáucaso e o território do atual Afeganistão e norte da Índia” [Ashrafyan, 1998, p. 323, tradução nossa].

 

Desse modo, a expansão territorial do Império Timúrida ocorreu de forma gradual, sendo que em um primeiro estágio as conquistas estavam focalizadas na região Transoxiana. A partir da década de 1380, começam as tentativas de adquirir regiões mais distantes [Burgan, 2009]. Beatrice Forbes Manz [1989] afirma que as campanhas militares destes dois períodos apresentam distinções: as primeiras eram mais frequentes e relativamente curtas, com isso, mesmo o exército estando frequentemente fora dos domínios, ele ainda estava em seu território original; por sua vez, no segundo momento Temür lidera seus homens para longe do território de origem e os mantém distantes por longos períodos de tempo.

 

Decorrente da grande extensão temporal das expedições militares, três empresas foram nomeadas de acordo com sua temporalidade, sendo elas: “Campanha dos Três Anos” [1386, ano em que inicia-se a primeira grande campanha de Temür em direção ao Irã e ao Cáucaso]; “Campanha dos Cinco Anos” [Temür realiza novamente uma expedição ao Irã em 1392]; “Campanha dos Sete Anos” [campanha mais longa empreendida por Temür, iniciada no ano de 1399] [Manz, 1989; Burgan, 2009].

 

Seguindo as tradições militares dos líderes mongóis, o exército timúrida, de caráter nômade, possuía sua principal força militar na cavalaria, a qual era proveniente de populações tribais. Além disso, a infantaria era formada por um contingente de povos sedentários, os quais eram responsáveis pelo manuseio dos maquinários, utilizados, principalmente, em ataques às cidades [Ashrafyan, 1998].

 

“As campanhas de Temür eram árduas e às vezes lutavam sob circunstâncias muito destrutivas para o gado. Um grande número de animais morria, especialmente durante as expedições que Temür realizava contra seus vizinhos do norte. O exército de Temür era nômade, acompanhavam-nos as esposas e os filhos dos soldados, o que implicava na necessidade de grandes quantidades de comida. Para prover-lhes, deveriam renovar os estoques pegando animais dos nômades que eles encontravam ao longo do caminho” [Manz, 1989, p. 101-102, tradução nossa].

 

O armamento utilizado era composto por: arcos [grandes e pequenos]; espadas; shamshīr [modelo de espada com a lâmina curva]; lanças de arremesso; escudo; e armaduras [Ashrafyan, 1998]. Por sua vez, para atacar fortificações, os maquinários eram utilizados [catapultas e balistas] com a intenção de abrir buracos, a partir dos quais cavavam-se túneis. Já para ultrapassar as muralhas construídas ao redor de fortalezas, “[...] os guerreiros utilizavam escadas e cordas específicas para momentos de cerco, os quais eram lançados sobre as muralhas” [Ashrafyan, 1998, p. 331, tradução nossa]. 

 

A organização do contingente militar liderado por Temür baseava-se em costumes mongóis. Nesse sentido, de acordo com Ashrafyan [1998], o exército timúrida era organizado por meio de um sistema decimal. Isto é, dividia-se em contingentes nomeados de acordo com a quantidade de membros, sendo eles: tümens [dez mil]; mingliks [milhares]; yüzlüks [centenas]; onluks [dezenas]. Esta organização tradicional é descrita no relato de viagens redigido por Giovanni da Pian del Carpini

 

“[...] Gengis Khan decretou que à frente de dez homens fosse posto um, e chama-se ele, à nossa maneira, um decano; que à frente dez decanos fosse posto um que se designa centenário; que à frente de dez centenários fosse posto um que se chama milenário; que à frente de dez milenários fosse posto um, e esse número é chamado de ‘trevas’” [CARPINI, 1929, p. 35].

 

Além disso, o exército dividia-se em duas frentes, o centro, no qual localizavam-se os líderes, e a vanguarda, auxiliada por postos avançados e que, usualmente, era o primeiro a entrar em confronto com os inimigos. Acerca do acampamento, Ashrafyan [1998] afirma que, em ocasiões em que era necessário montá-lo nas proximidades dos inimigos, trincheiras eram construídas, assim como torres móveis.

 

Após a realização de invasões bem-sucedidas, o exército era, de certa forma, separado. Uma vez que, ao carregar os espólios e pessoas escravizadas, o ritmo do contingente era prejudicado. Com isso, parte do exército ficava responsável pelo transporte e a outra parte continuava os ataques, deixando os primeiros “para trás” [Ashrafyan, 1998]. Ademais, Temür implementou algumas novidades táticas na disposição do contingente militar e inspecionava regularmente os exércitos, de modo a reforçar a disciplina dos que eram liderados por ele.

 

De acordo com Beatrice Forbes Manz [1989], a organização militar timúrida aproveitou estruturas remanescentes dos líderes anteriores e as uniu com contingentes nômades e sedentários. Com isso, Temür foi capaz de mobilizar uma grande quantidade de recursos em pouco tempo. A autora declara que, após realizar conquistas territoriais, Temür adicionava ao seu contingente militar certos grupos que haviam sido subjugados, com isso: “[...] o exército de Temür era descrito como uma grande aglomeração de diferentes pessoas – nômades e sedentários, muçulmanos e cristãos, turcos, árabes e indianos [...]” [Manz, 1989, p. 90, tradução nossa].

 

As guerras empreendidas ininterruptamente constituíam-se como fonte de poder para o imperador turco-mongol. Tais empresas, além de objetivarem o ganho de riquezas, eram promovidas para conquistar o controle de regiões estratégicas para o comércio [Ashrafyan, 1998; Tibor, 2007].

 

Para conquistar e subjugar novos territórios, Temür utilizava de sua força militar e, por vezes, estabelecia acordos com outros líderes, os quais auxiliavam-no em novas conquistas. Estas alianças não eram duradouras, devido aos próprios costumes dos povos turco-mongóis e mongóis, no qual os interesses “pessoais” dos comandantes eram mais importantes do que criar laços militares/políticos duradouros [Tibor, 2007].

 

Estabelecendo paralelos: a guerra ibérica e a guerra timúrida

Ao traçarmos comparações entre as campanhas militares ocidentais e orientais, em específico, as ibéricas e as desempenhadas por Temür, elencamos dois pontos comparativos. O primeiro trata-se do objetivo das conquistas e o segundo, de que forma elas eram realizadas. 

 

As empresas lideradas por Fernando III, rei castelhano-leonês, visavam a “reconquista” de territórios que estavam sob comando mulçumano, mas que anteriormente eram de domínio hispânico. Por sua vez, as campanhas empreendidas por Temür tratavam-se de conquistas para a consolidação de um novo Império [fundado nas bases do sucesso de Genghis Khan]. Dessa forma, é possível evidenciarmos a existência de objetivos diferentes, quando comparamos os dois líderes em questão.

 

A despeito do catalisador das conquistas serem distintos, o quê deveria ser conquistado eram, em ambos os casos, territórios. Porém, enquanto Fernando III organizava seus exércitos para lutarem contra muçulmanos, Temür liderava suas tropas contra diferentes povos. Nesse sentido, no caso timúrida, o controle era exercido de diversas maneiras, devido à própria multiplicidade de povos e culturas. De acordo com Beatrice Forbes Manz [1989], no norte da Índia, na Anatólia e na Síria, por exemplo, as invasões tinham o propósito de coletar riquezas e destruir ou castigar os inimigos, não deixando uma administração permanente após a vitória. Já em regiões como Irã, líderes próximos à Temür foram colocados como comandantes dos locais conquistados.

 

Ademais, é relevante notar como o sucesso de campanhas militares expansionistas estava atrelado a uma combinação de fatores internos aos conquistadores, mas também à desorganização dos derrotados. Enquanto percebemos a ausência dos canatos mongóis como contexto favorável ao avanço na região, a desagregação da presença muçulmana em pequenos reinos denominados taifas, a partir do século XI, também possibilitaram os ataques de reis cristãos.

 

Tratando-se da forma utilizada para realizar as conquistas territoriais, conforme supracitado, na Península Ibérica, nos deparamos com um contexto em que as campanhas raramente culminavam em batalhas campais. Em contrapartida, no cenário do Império Timúrida, os ataques em “assalto” eram comumente aplicados, em consonância com a rapidez atrelada à cavalaria.

 

Análogos aos assaltos orientais, as cavalgadas funcionavam como elemento de desgaste dos inimigos e para, extraordinariamente, os guerreiros reunirem mantimentos necessários para a manutenção de cercos [Cardoso, 2015].

 

De modo convergente, ocidentais e orientais utilizavam-se dos cercos para a conquista de cidades e fortificações, assim como possuíam a disponibilidade de maquinários de guerra para ultrapassarem muralhas. Os cercos de Córdoba, no caso de Fernando III, e de Damasco, no caso de Temür, são exemplos de ocasiões em que os líderes utilizaram tal tática para vencer seus oponentes.

 

Uma série de ferramentas nos permitem aproximar as conjunturas tão distintas evocadas. Ao propormos este estudo, defendemos que a teoria da guerra e a difusão de elementos essenciais da sua prática podem ser apreendidas a partir das fontes históricas e dos debates promovidos pela historiografia até então. 

 

As variadas estratégias militares empregadas pelos combatentes medievais no decorrer do período em questão demonstram a relevância da atividade bélica para aqueles sujeitos e, sobretudo, reforçam como o planejamento de campanhas militares era central para qualquer projeto político expansionista, por mais que este devesse e, na maioria das vezes, contasse com alianças relevantes para a aquisição e manutenção de territórios.

 

Referências

Lucas Vieira dos Santos é mestrando no Programa de Pós-Graduação em História [PPH] da Universidade Estadual de Maringá [UEM] e membro do Laboratório de Estudos Medievais [LEM].

 

Sofia Alves Cândido da Silva é mestranda no Programa de Pós-Graduação em História [PPH] da Universidade Estadual de Maringá [UEM] e membro do Laboratório de Estudos Medievais [LEM].

 

ASHRAFYAN, K. Z. “Central Asia under Timur from 1370 to The Early Fifteenth Century” in History of civilizations of central Asia, v. 4, p. 319-345, 1998.

 

BREA, Luis Charlo (Org). Crónica Latina de los Reyes de Castilla. Madrid: Akal

Ediciones, 1999.

 

BURGAN, M. Empire of the mongols. New York: Chelsea House Publishers, 2009.

 

CARDOSO, Elise. A Logística Militar na Cronística Portuguesa de Quatrocentos.

Coimbra: Universidade de Coimbra, 2015. Dissertação de Mestrado.

 

CARPINI, G. P. “Ystoria Mongalum” in Van den Wygnaert, Anastasius (ed.), Sinica Franciscana, vol. I: Itinera et relationes fratrum minorum saeculi XIII et XIV. Florença: Alfani, 1929, pp. 2-130.

 

GARCÍA FITZ, Francisco. Castilla y León frente al Islam: estrategias de expansión y tácticas militares (siglos XI-XIII). Sevilla: Universidad Sevilla, 2001.

 

GUTIÉRREZ GONZÁLEZ, José A. “Castillos y Sistemas de Defensa en los Reinos de León y Castilla”. In: II Semana de Estudios Medievales. Nájera: Instituto de Estudios Riojanos, 1992, p. 31-48.

 

JONES, Richard L. C. “Fortifications and Sieges in Western Europe, c. 800-1450”. In: KEEN, Maurice (Ed.). Medieval Warfare: a history. New York: Oxford University

Press, 1999.

 

MANZ, B. F. The rise and rule of Tamerlane. Cambridge: Cambridge University Press, 1989.

 

MENÉNDEZ PIDAL, R. (Ed.). Primera Crónica General de España que mandó

componer Alfonso el Sabio y se continuaba bajo Sancho IV en 1289. Madrid:

Editorial Gredos, 1955.

 

PALOMEQUE TORRES, Antonio. “Contribución al estudio del ejército en los Estados de la Reconquista”. In: Anuario de Historia del Derecho Español. Madrid, 1944, p. 205-351.

 

TIBOR, R. Z. The Timurid Empire and The Ming China: Theories and Approaches Concerning The Relations of The Two Empires, Hungria: ELTE, 2007.

 

VERBRUGGEN, J. F. The Art of Warfare in Western Europe During the Middle Ages. Woodbridge: The Boydell Press, 1997.

10 comentários:

  1. Olá Lucas e Sofia, saudações!
    Timur se mostrou um estrategista notável em que usava a adaptabilidade do ambiente, uso dos recursos, mobilidade e outros meios para implementar suas ações de estratégias nas campanhas de expansões rápidas e isso foi importante para suas conquistas. No entanto, no ocidente era retratado como tirânico, hostil, cruel e outros adjetivos. Essa visão na construção da imagem de bárbaro que usava da espada ao invés da capacidade política e diplomática foi uma estratégia de Timur para causar terror aos inimigos ou dos narradores ocidentais de mostrar apenas um lado com o objetivo de satanizá-lo?

    Clésio Fernandes de Morais

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    1. Olá, Clésio, muito obrigado pela pergunta!
      Interessante debater esta construção narrativa ocidental. É possível enquadrar a temática no debate que François Hartog propõe em O Espelho de Heródoto [1999], quando trata sobre a negativação do outro marcando-o por meio da alteridade. Nas palavras de Sandra Pesavento [2003, p. 48]: "A produção de identidades, no caso, é sempre dada com relação a uma alteridade com a qual se estabelece a relação."
      Há uma tendência à autoafirmação histórica dos governantes ocidentais enquanto bons diplomatas e, muitas vezes, isso se faz pela marcação da diferença em relação ao outro [neste caso, oriental e "barbarizado"]. É possível afirmar que isto ocorre com uma marcação particular da negativação da figura de Temür.

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  2. Olá!

    Texto e reflexões bem interessantes.

    Sabe-se que Gêngis Khan transformou seu exército em uma verdadeira máquina de guerra: estrutura de alistamento, agrupamentos definidos, comando, controle e comunicação.

    Pois bem, Temür utilizou-se do know how do grande Khan para a organização de suas tropas?

    Grato pela atenção.

    Saudações!

    Willian Spengler

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    1. Olá, Willian Spengler!

      Pode-se dizer que Temür utilizou sim de estruturas comumente associadas à Genghis Khan. Conforme mencionado no texto, a forma de organização do contingente militar mostra-se como um dessas situações. Porém, em alguns casos, a maneira e/ou os objetivos da utilização do aparato militar são distintos entre Temür e Genghis Khan. Isto pode ser atribuído à necessidade de Temür de reiterar frequentemente seu poderio.

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  3. Saudações Lucas e Sofia, gostei do texto e até me surpreendi de encontrar tal assunto sendo abordado em português.
    Minha pergunta se relaciona com as inovações existentes nas táticas e estratégias empregadas por Temür, muitas vezes a ascensão de sua figura é vista como apenas uma ''copia'' do sucesso militar do Império Mongol e que Temür teria apenas utilizado do mesmo ''modus operandi'' .
    Em suas leituras vocês encontraram aspectos militares que seriam considerados inovadores ou que se diferenciavam do exército de Genghis Khan ? Desde já agradeço

    Meus cumprimentos, Gabryel Garcia Lima

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    1. Olá, Gabryel Garcia Lima!

      Há aspectos militares que diferenciam-se entre Temür e Genghis Khan que podem ser atribuídos à origem cultural e temporal dos líderes em questão. Por exemplo, Temür possuía o intuito de conquistar algumas das áreas que já haviam sido exploradas por Genghis Khan, por outro lado, as conquistas de Genghis Khan foram as primeiras em algumas regiões. Nesse sentido, a própria primazia de Genghis Khan gera a necessidade de organizações e táticas distintas, quando comparamos os líderes. Tratando-se de aspectos culturais, a própria formação pessoal de Temür levou-o a tornar-se um conquistador, enquanto Genghis Khan pode ser considerado enquanto um "unificador". Com isso, os objetivos dos líderes são distintos, mesmo que para atingi-los, fosse necessário conquistar territórios. Além disso, os desenvolvimentos culturais e científicos, para Temür, eram bastante relevantes e, por conta disso, as práticas após a conquista de localidades direcionou Temür à atitudes como enviar homens (artistas, engenheiros, etc.) para cidades como Samarcanda, de modo que estas pessoas, que haviam sido conquistadas, fossem usadas como mão-de-obra na cidades.

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  4. Boa noite e saudações,

    Embora o império de Timur possuísse um aparato militar organizado, capaz de grandes conquistas, ele não conseguiu se manter unido depois da morte do seu fundador. Por que isso ocorreu, enquanto o reino de Castela manteve sua unidade territorial ao longo dos séculos, eventualmente se tornando a Espanha atual?

    Seria possível fazer uma correlação isso e os métodos de guerra adotados por ambos os lados, nesse caso o uso de longos cercos pelos castelhanos e o uso massivo da cavalaria pelos timúridas, que abriu caminho para conquistas muito mais rápidas e extensas, mas talvez com maior dificuldade de serem consolidadas?

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    1. Olá, Vinicius!Excelente pergunta. No caso castelhano-leonês, após o fim da unidade política do califado na Península Ibérica a partir do século XI, Fernando III avança contra os reinos muçulmanos denominados taifas com certa facilidade [MORETTI JUNIOR, 2015]. É possível afirmar que, especialmente, as alianças com reis cristãos e a dinâmica política que o permitiu o monarca reunir a coroa de Castela e Leão garantiram um poder militar ímpar naquele contexto. A partir de então, a política de anexação dos inimigos se tornou possível e se demonstrou segura, como notamos. A questão da consolidação resulta mais da unidade política interna e externa do que da logística militar. O império de Temür, por outro lado, sofreu com conflitos tribais internos que intensificaram o processo de desagregação.

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  5. Boa noite e saudações,

    Embora o império de Timur possuísse um aparato militar organizado, capaz de grandes conquistas, ele não conseguiu se manter unido depois da morte do seu fundador. Por que isso ocorreu, enquanto o reino de Castela manteve sua unidade territorial ao longo dos séculos, eventualmente se tornando a Espanha atual?

    Seria possível fazer uma correlação isso e os métodos de guerra adotados por ambos os lados, nesse caso o uso de longos cercos pelos castelhanos e o uso massivo da cavalaria pelos timúridas, que abriu caminho para conquistas muito mais rápidas e extensas, mas talvez com maior dificuldade de serem consolidadas?

    Grato,
    Vinícius Andrade de Araújo.

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  6. Olá, Vinicius!Excelente pergunta. No caso castelhano-leonês, após o fim da unidade política do califado na Península Ibérica a partir do século XI, Fernando III avança contra os reinos muçulmanos denominados taifas com certa facilidade [MORETTI JUNIOR, 2015]. É possível afirmar que, especialmente, as alianças com reis cristãos e a dinâmica política que o permitiu o monarca reunir a coroa de Castela e Leão garantiram um poder militar ímpar naquele contexto. A partir de então, a política de anexação dos inimigos se tornou possível e se demonstrou segura, como notamos. A questão da consolidação resulta mais da unidade política interna e externa do que da logística militar. O império de Temür, por outro lado, sofreu com conflitos tribais internos que intensificaram o processo de desagregação.

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