A filosofia árabe medieval: a falsafa
Durante a idade média, os árabes produziram uma bagagem cultural
imensurável, dentre elas a filosofia árabe, denominada por alguns, de
filosofia islâmica. O uso das expressões filosofia árabe ou filosofia
islâmica está longe de ser pacificado, porém, neste trabalho nos filiaremos à
expressão filosofia árabe tendo em vista que, independente da
nacionalidade dos pensadores e filósofos da época, o idioma árabe os unia,
todas as obras foram escritas em árabe não obstante a gênese do pensamento
tenha sido o Alcorão – Livro Sagrado dos muçulmanos.
Em árabe, a palavra falsafa significa
filosofia. Em sentido estrito, é entendida como a filosofia clássica
medieval desenvolvida entre os árabes durante os séculos VIII d.C./ II H. e
XII d.C./ VII H., a partir da aceitação da filosofia grega nas terras dominadas
pelo Islã.
Etimologicamente a palavra filosofia tem
origem do grego philosophía
e cuja junção dos morfemas philo e sophia
[amizade, amor e sabedoria] se traduzem em amor à sabedoria. A
transliteração exata da palavra filosofia para o árabe resultou
na terminologia falsafa. No entanto, em árabe, a idéia que liga os
conceitos de amor e sabedora à palavra falsafa ocorrem
apenas por analogia e ao retorno aos termos gregos, pois em árabe as palavras amor
e sabedoria não possuem qualquer semelhança com os radicais gregos.
[Attie Filho, 2002, p. 10]
A principal característica da falsafa é
que ela é medieval: é a filosofia praticada durante a idade média entre os
séculos VIII e XII d.C. / II e IV H. O medievo foi um tempo histórico rotulado
com pré-conceitos e estereótipos negativos e consequentemente a filosofia
praticada durante este período também. A dicotomia razão-fé propiciou um
olhar estigmatizado em relação à filosofia medieval além de uma visão deturpada
sobre a falsafa, os árabes e os muçulmanos.
Além de ser medieval ela apresenta
outras características: I) foi inovadora entre os povos árabes em um ambiente
filosófico já consolidado no mundo: a filosofia Grega e Romana praticada entre
os Cristãos do oriente e ocidente; II) foi escrita em árabe e aliou-se à uma
nova religião, a islâmica.
Geograficamente a falsafa teve sua
gênese no oriente, porém desenvolveu-se simultaneamente em uma pluralidade de
territórios conquistados pelo Islã, do oriente ao ocidente, ligados por uma
unidade linguística e filosófica.
A contribuição da falsafa para
filosofia é inegável, inúmeras obras foram escritas pelos falasifa
(filósofos árabes) e cujos títulos chegam a mais de 600. Durante o Islã
Clássico [séculos IX d.C. /III H. e XII d.C. / VII H.] seis filósofos
destacaram-se no ciclo de produção literária e colaboraram na
sistematização da filosofia medieval no oriente. São eles: Al-Kindi [o
anfitrião]; Al-Farabi [o inventor]; Ibn Sina [Avicena, o
sistematizador]; Al-Ghazali [o batedor]; Ibn Rushd [Averrois, o
reformador] e Ibn Khaldun.
Os falasifa
Abu Yusuf Ya’qub ibn ishaq al-kind ou
simplesmente Al-Kindi [796-873 d.C. – 185-260 H.] foi o primeiro
estudioso a produzir textos em árabe seguindo a tradição do pensamento
filosófico grego, sendo portanto, o primeiro filósofo árabe da falsafa.
Foi um pensador importante na promoção e transmissão das traduções dos textos
filosóficos gregos para o árabe através do chamado circulo de Al-Kind. Foi
o primeiro filósofo genuinamente árabe, de descendência, de nascimento, de
idioma e que nele se expressou, daí o título de filósofo dos árabes,
além do “mérito de introduzir Aristóteles no ambiente intelectual do Islãm pregando
uma exegese filosófica do Alcorão” [Faylasuf al-arab]. [Attie Filho,
2006, p. 100].
Assimilou e comentou as obras de Platão e de
Aristóteles já traduzidas para o árabe, permitindo que os muçulmanos recebessem
o conhecimento da filosofia grega. Foi através deste sábio, que as portas da
filosofia se abriram para o mundo árabe. [Iskandar, 2011, p. 17]. Deixou um
legado importante, cerca de 241 obras, dentre as quais destacam-se temas sobre
filosofia geral, música, astrologia, geometria, astronomia, medicina e
psicologia. Foi professor, teve muitos alunos e um círculo que deu continuidade
aos seus estudos. Suas obras denotam a passagem da teologia à filosofia,
cobrindo o espaço existente entre a razão e o dogma. Dentre suas obras
destacam-se: Rasa'il Al-kindi al-falsafiyah; On first Philosophy; Fial-falsafat
al-awla, The philosopher of the Arabs, Al-Kindi's Metaphysics, Scientific
weather forecasting in the middle ages : the writings of Al-Kindi; Oeuvres
Philosophiques Et Scientifiques D'Al-Kindi: L'Optique Et LA Catoptrique,
Medical Formulary of Aqrabadhin of Al-Kindi.
Al-Farabi [em algumas fontes
conhecido como Muhammad ibn Muhammad ibn Tarkhan ibn Uzlagh al-Farabi]
conhecido no ocidente como Alpharabius, Al-Farabi, Alfarabi, Farabi e
Abunaser [872-850 d.C. – 259-339 H.] foi um polímata da Ásia Central que
promoveu um salto na falsafa e um dos maiores cientistas e filósofos da Pérsia
e do mundo islâmico. É um neo-platônico
teocêntrico que segue a doutrina mística religiosa e o monismo emanatista.
Para Al-Farabi o objetivo do homem é retornar
à Deus e este retorno ocorrerá pela virtude e pelo pensamento filosófico. Foi
um verdadeiro muçulmano, cuja vida foi basicamente moldada e influenciada pelos
ensinamentos islâmicos contidos no Alcorão e nas Sunnas do Profeta.
Através dos textos corânicos e das Hadith, Al-Farabi formulou uma
resposta intelectual ao pensamento grego. Recebeu o título de al-Mu´aliim
al-thani [o segundo professor - porque Aristóteles foi o primeiro].
Na falsafa, Al-Farabi foi o principal
responsável pelas teorias mais originais e criativas entre os árabes. Escreveu
aproximadamente 120 obras, dentre elas: Kitab tashil as-Saadah; 'Ara' ahl
al-Midnia al-Fadilah; Kitab 'Ihsa' al-Uloom; Kitab as-Siysah al-Madinyah; Kitab
al-Huruf; Al-tahsil; The Philosophy of Plato and Aristotle; Fusul al-Madani:
Aphorisms of the Statesman; Alfarabi: The Political Writings: Selected
Aphorisms And Other Texts..
Ibn Sina [980 – 1037 d.C.]
conhecido no ocidente como Avicena, foi considerado um dos zênites da
humanidade, seu nome ultrapassou os limites da própria falsafa. Foi um
dos mais importantes pensadores da Era de Ouro Islâmica e ícone da história do
pensamento oriental, cuja filosofia medieval e saber universal o colocou ao
lado dos maiores nomes da história. Foi um polímata muçulmano persa, além de
poeta, médico, músico, matemático, gramático e filósofo. Grande parte da
família de Ibn Sina seguia vertente sunita da religião islâmica. Sua filosofia
ocupou lugar ímpar e seu pensamento atingiu papel de destaque tanto na
filosofia islâmica como na filosofia medieval do Ocidente. Diversas teses
avicenianas repercutiram pelo mundo desde o medievo até a modernidade. Segundo
Attie Filho [p.143] tal fato justifica-se por três motivos: “o primeiro foi por
Ibn Sina ter recolhido grande parte das ciências e da filosofia de sua época; o
segundo, por ter sistematizado e reelaborado esse conjunto, resultando numa
abordagem própria e renovadora; e o terceiro diz respeito a sua presença
marcante nos destinos da filosofia e das ciências posteriores”.
Dentre os filósofos árabes, Avicena foi
influenciado, particularmente, por Al-Farabi. Por outro lado, sua filosofia
influenciou o pensamento Escolástico Cristão da Idade Média em figuras como
Tomás de Aquino, São Boaventura, Alexandre de Hales e João Duns Scotus. Em sua
grandiosa obra Suma Teológica [ou Suma de Teologia], Tomás de
Aquino cita Ibn Sina mais de 250 vezes, ora para defende-lo ora para refuta-lo.
[Iskandar, 2011, p. 81]. Cataloga cerca de 276 obras, dentre elas: Kitab al-Nars [O livro da alma]; o
tratado Hayy Ibn Yanqzãn, Al-Sifa [a cura, sua maior obra], Al-Najat [A salvação], Dunes Nama [livro das
ciências], Al-Qanun fi al-Tih [Cânon
da medicina].
A biografia de Al-Ghazali [1058 - 1111
d.C. / 450 - 505 H.] está inserida em sua obra autobiográfica O salvador do
erro [Al-Muqid min Al-dalal]. Nela Al-Gazali dividiu a sua vida em quatro
períodos: O primeiro, marcado por estudos em sua cidade natal; o segundo, na
sua vida como professor em Bagdá; o terceiro, em suas viagens e o último,
retratado pelo retorno à sua cidade natal.
Escreveu diversas obras, dentre elas Maqasid
al-falasifa [As intenções dos Filósofos] e Tahafut al-falasifas [A
autodestruição dos filósofos], duas obras críticas aos
filósofos. Pretendeu com essas obras
expor as idéias dos filósofos, em especial Ibn Sina e Al-Farabi com a intenção
de manifestar seu desacordo. Publicou ainda as obras; Ihya al-Ulum
al-Islamia [O Rivival das ciências religiosas]; The beginning of
Guidance and his autobiography [O começo da orientação e sua
autobiografia]; Munkidh min al-Dalal [A Libertação do erro] e já com
idade mais avançada, escreveu sua autobiografia Al-Munqid min al-salal [O
salvador do Erro], na qual retrata
a sua eterna busca pela verdade.
Algumas obras foram traduzidas para o latim
durante a Idade Média, período em que era conhecido como Algazel. Apesar de ter
deixado muitos escritos, é difícil encontrar suas obras no ocidente somando-se
a dificuldade de estabelecer a autenticidade dos escritos.
Ibn Rushd [Averrois] [1126 - 1198 d.C.]
nasceu em Córdoba, durante o califado Omíada em uma época de florescimento
intelectual na Espanha. A lista da produção literária de Averrois
foi volumosa e é composta por 92 obras que versam sobre filosofia, teologia,
direito, astronomia, gramática e medicina. Sua filosofia esteve mais ligada ao
ocidente do que ao Oriente e influenciou pensadores como Maimônides [pensador
judaico] e os Cristãos Siger Brahant, Alberto Magno e Tomás de Aquino.
Dentre suas
principais obras encontramos: Fasl al-Maqal [Livro do discurso decisivo e
estabelecimento da conexão que há entre a lei religiosa e a filosofia]; Tahafut
al-tahaf [A incoerência do incoerente]; Kitab fasl al-maqal [Sobre
a harmonia entre Religião e Filosofia]; Bidayat al-Mujtahid [Distinguido
jurista]; Os Comentários ao Corpus aristotelicum, Exposição
da 'República' de Platão; Comentários a Ptolomeo, Alexandre de Afrodísias,
Nicolau de Damasco, Galeno, al-Farabi, Avicena e Avempace; O
tratado De Substantia Orbis; Três importantes escritos teológicos: Fals
AL Maqal, Kasf´al-Manahiy e Damima; O Kitab al-kulliyyat
al-Tibb [Livro das generalidades da medicina].
Para alguns autores e
estudiosos da filosofia islâmica, a morte de Ibn Rushd encerrou a falsafa
e o período clássico, mas não a filosofia islâmica. Outros no entanto, entendem
que a falsafa encerrou-se com a morte do filosofo e historiador Ibn
Khaldun [1332 – 1406]. Nesta pesquisa seguiremos este último entendimento.
Conhecido como Ibn Khaldun ou Ibn
Jaldun [1332 – 1406], Wali ad-Din Abu Zayd’ Abd
ar-Rahman Ibn Muhammad Ibn Muhammad Ibn Abu Bakr Muhammad Ibn al-Hasan Ibn
Muhammad Ibn Jabir Ibn Muhammad Ibn Ibrahim Ibn Muhammad Ibn’ Abd ar-Rahman Ibn
Khadun al-Hadrami al-Ixbili, foi “um africano genial, demente tan clara y tan
pulidora de ideia como la de um griego” [Ortega y Gasset, 1927, p. 679]. Nasceu
em Túnis, à época Capital da Ifriqiya [deriva do nome romano África e na
Idade Média compreendia o leste Argelino e a Tunísia – Hoje: atual Tunísia em 27 de maio de 1332 [732 H.]
em uma família originária de Hadranaut, Iêmen.
Foi um homem do
século XIV, do final da idade média [de acordo com a historiografia ocidental]
e que viveu entre o mundo muçulmano dos marínidas no Marrocos [1269-1430], dos
háfsidas na Tunísia [1228-1574], dos násridas em Granada [até 1492], dos
mamelucos no Egito [1250- 1517] e do Império mongol de Tamerlão [1331-1405].
A partir da sua
crítica metafísica e da idéia de decadência dos estados descrita em sua obra
magnânima muqaddimah, desenvolveu uma
nova ciência alicerçada na análise da história e das plurais intenções sociais
dos povos e do questionamento às fontes históricas tradicionais. Apresentou ao
leitor a idéia de uma sociedade como organismo natural, que nasce, desenvolve-se
e morre.
A obra de Ibn Khaldun
foi escrita originalmente em árabe e, diante da escassez dos estudos sobre o
mundo árabe em geral, a tradução para o português só chegou ao Brasil em 1958,
em três volumes e através do trabalho de José Khoury e sua esposa Angelina
Khoury. Posteriormente tivemos a tradução feita pelo francês Vincent Monteil em
1968 e para o espanhol, por Juan Feres em 1977.
[Araujo, 2007, p. 41]
Foi o último filósofo
de perfil universal em língua árabe do período clássico. Abriu novos horizontes
na busca do saber e a continuidade da filosofia islâmica pode ser verificada a
partir de outros filósofos do período moderno.
Infelizmente muitas das contribuições
literárias dos falasifa não chegaram até nós, outras encontram-se em
manuscritos arquivados em bibliotecas no oriente editadas em árabe e sem
tradução para o português. Os títulos considerados mais importantes tiveram
tradução para o latim durante a idade média, porém pouquíssimos deles foram
traduzidos para os idiomas modernos. [Attie Filho, 2006, p. 102] Em português,
temos um número escasso de obras traduzidas, fato que dificulta a divulgação e
a cognição sobre a falsafa em nosso país, não obstante o valor
imensurável do legado destacado e engrandecedor que a falsafa nos
deixou. Nas palavras de Libera [p. 7] “sempre perdida, perseguida e denunciada
como a manifestação mais evidente das trevas do ‘obscurantismo’, mil anos de
pensamento, de reflexão, de inovações e de trabalho dormem no silencioso
interregno que separa a antiguidade e o renascimento.”
Referências
ARAUJO, Richard Max de. Ibn Khaldun – A idéia de Decadência dos
Estados. Ed. Humanitas Editorial – Fapesp. 2007.
ATTIE FILHO. Miguel. FALSAFA: a
Filosofia entre os Árabes. São Paulo: Palas Athena, 2002.
______. A filosofia que nasce escrita em
Árabe. Revista entreLivros – para
entender o mundo árabe. São Paulo. Mar 2006. Disponível em: <http://falsafa.dominiotemporario.com/doc/artigo_entrelivros_icarabe2.pdf>
CAMPANINI. Massimo. Introdução à filosofia islâmica. Tradução do italiano por Plínio
Freire Gomes. São Paulo: Ed. Estão Liberdade. 2010.
EL HAYEK, Samir. Alcorão Sagrado. São Paulo: LCC Publicações Eletrônicas. 1415 H.
1994. Disponível em: <http://www.ligaislâmica.org.br/alcorao_sagrado.pdf >
ISKANDAR, Jamil Ibrahim. Compreender Al-Farabi e Avicena. São
Paulo: Editora Vozes. 2011.
Islamic Philosophy Online. Philosophia
Islamica. Disponível em: < https://muslimphilosophy.org/>.
LIBERA. Alain de. A filosofia medieval. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. 1990.
ORTEGA Y GASSET, José. Obras completas. Tomo
II. 1927.
Ótima introdução ao estudo do tema. Apesar da dificuldade de acesso às fontes, a partir dos seus estudos, qual seria o principal legado da falsafa para a história da filosofia ocidental?
ResponderExcluirGrato pela atenção,
Dean Tarik Silva Araújo
Prezado Dean, agradeço a pergunta! Acredito que não há um principal legado, mas vários. Dentre eles, cito a obra 'os prolegômenos ou muqaddimah' do historiador e filósofo Ibn Khaldun, que é a introdução à História Universal. Uma obra muito bacana sobre o ciclo: início, desenvolvimento e decadência das civilizações. RENATA ARY
ExcluirOlá, Renata.
ResponderExcluirParabéns pelo seu texto!
Que interessante encontrar num só artigo, várias informações importantes sobre tantos filósofos árabes.
Considerando os filósofos que você apresenta muito bem no texto – Al-Farabi, Ibn Sina, Al-Ghazali, Ibn Rushd e Ibn Khaldun – saberia dizer quais deles estiveram na região dominada pelos árabes na Península Ibérica de Al Andaluz, uma vez que foi por lá, segundo alguns autores, que foi a porta de entrada do pensamento árabe na Europa?
Muito obrigada, Talita Seniuk.
Olá Talita, obrigada pela pergunta! As obras de Ibn Sina (Avicena), segundo grande parte dos autores, foram precursoras da filosofia árabe em terras do Islã Ibérico. Ibn Rushd - conhecido como Averrois, é natural de Córdoba e sua filosofia também foi bastante difundida em Al-Andaluz. Já Ibn Khaldun, viveu algum tempo em Granada, mas seus escritos não tiveram muita repercussão. :) RENATA ARY
ExcluirObrigada, Renata! Espero ter contribuído com o debate! Tudo de bom!
ExcluirOlá, bom dia, Renata. Meus parabéns pelo texto e por aventurar-se nesse assunto tão interessante. Sempre é um prazer estudar a falsafa, ainda mais na nossa tradição ocidental que ignora as contribuições islâmicas para o conhecimento, Enfim, ao ler o texto, me veio alguns questionamento, dentre eles, eu gostaria de saber mais sobre o porquê da falsafa encerrar-se com o morte do Ibn Khaldun, ou de Ibn Rushd, na outra interpretação. Além disso, muito se fala no ocidente que al-Ghazali assassinou o conhecimento, a ciência no mundo islâmico ao encerrar a filosofia. Obviamente é uma ideia errônea e precipitada que demonstra o desconhecimento do persa e dos seus escritos. Enfim, gostaria de saber, por sua parte, como lidar com tais orientalismos sobre a falsafa, principalmente no que tange a al-Ghazali.
ResponderExcluirMeus cumprimentos,
Pietro Enrico Menegatti de Chiara
Olá Pietro, boa tarde! Obrigada pela pergunta! A falsafa é medieval, então ela encerrou-se ao final da idade média, mas a filosofia árabe segue existindo até os dias hodiernos. Sobre al-Ghazali "assassinar o conhecimento", creio que infundadamente tecem esse comentário, porque ele refutou alguns dos principais estudiosos científicos da época, como Ibn Sina e al-Farabi. Penso que o caminho mais seguro para lidar com tais orientalismos, é através da difusão do conhecimento, como estamos fazendo neste Simpósio! :) RENATA ARY
ResponderExcluirOlá, Renata.
ResponderExcluirSou Nicolas Couto Neto Corrêa, resido na cidade de Nova Friburgo e curso Licenciatura em História pela UNIRIO através do consórcio CEDERJ.
Parabéns pelo texto e sua dedicação a pesquisa, principalmente devido a dificuldade em encontrar as fontes.
Sou novo acerca do tema e já peço desculpas pela ignorância de minha pergunta. Mas considerando que alguns estudiosos desconsideram Ibn Khaldun como integrante do periodo da Falsafa, o que acredito que seja devido ao conteúdo de Muqaddimah possuir ideias que conversem mais com o período moderno do que o medievo e que portanto constitua uma ruptura, porque você, e alguns outros, o consideram como pertencente a Falsafa ?
Bom dia, Nicolas! Obrigada pela pergunta! Porque a Falsafa é medieval e Ibn Khaldun foi um historiador e filósofo desta época. No entanto, concordo com você, realmente até Ibn Khaldun os historiadores preocupavam-se em narrar a vida do Profeta, as conquistas islâmicas, o estabelecimento e desenvolvimento dos Califados (muitas vezes sem fontes precisas) e foi a historiografia Khalduniana, apresentada na obra História Universal (Muqaddimah), que rompeu esse ciclo. :) RENATA ARY
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