Gostaria
de começar esse texto contando uma anedota que vivenciei ao longo dos meus anos
como professor e sinólogo. Uma vez, participei de um evento de história no qual
tive oportunidade de discutir algumas das questões relacionadas ao ensino das
culturais ‘orientais’. No final, um dos professores que estava neste encontro
disse que também se interessava muito pelo estudo do ‘Oriente’. Quando
perguntei o que ele gostava de estudar, ele respondeu prontamente: ‘Uruguai’.
Visto assim, parecia apenas um chiste; mas ele falava sério, e seu comentário
foi uma abertura importante para refletir sobre o que chamamos de ‘Oriente’, e
o que isso poderia vir a significar.
Afinal,
‘Oriente’ já foi mais do que um espaço geográfico, esta palavra já foi usada
como um conceito denominador. A República Oriental do Uruguai tem esse nome
pois era a ‘banda oriental’, ‘o outro lado do Rio Prata’ em relação a Argentina
– aliás, os argentinos denominaram suas províncias nordestinas, localizadas
entre o rio Paraná e o rio Uruguay como ‘Mesopotâmia Argentina’. Ou seja, o uso
de ‘Oriente’, nesses casos, não tem a ver com o espaço geográfico ou cultural
da parte ‘Oriental’ do mundo, mas com a ideia de ser ‘um outro lado’. Na
geografia do Brasil, já existiu a denominação ‘Amazônia Oriental’, bem como no
mesmo século 19, o Barão de Marajó não tinha receio de comparar o rio Amazonas
ao Nilo [Abreu, 1874-1876]. Essa noção parece ser ainda mais ampla. Indo a outro extremo, Konrad
Adenauer, chanceler da Alemanha Ocidental entre 1949-1963, ficou famoso por
murmurar a palavra ‘Ásia’ sempre que atravessava o rio Elba em direção ao
‘Oriente’ [Buruma, 2006, 56] – Alemanha, inclusive, que seria dividida entre
‘Ocidental’ e ‘Oriental’ [assim chamadas em português e espanhol] até 1989.
Quero comentar ainda mais um último deslocamento: em um dos cursos em que
lecionei história do Extremo Oriente na graduação, tive que lidar com a
argumentação de um aluno que, não bastasse a tentativa de querer reaproveitar
um trabalho já feito, insistia igualmente que seu texto era sobre ‘Oriente’. O
tema? Austrália...
Essas
breves considerações servem para que possamos ponderar sobre o que significa
‘Oriente’ para um estudante brasileiro. A palavra representa um horizonte abstrato
e impreciso, que inclui qualquer país do norte da África até o Japão. Mário
Sproviero [1998] propôs, em um breve texto, que a demarcação Ocidente-Oriente
passa por várias etapas, que incluem critérios culturais, etimológicos e
geográficos, entre outros. O autor encerra seu texto afirmando: ‘Para o mundo
globalizado de hoje é premente um conhecimento recíproco profundo entre Oriente
e Ocidente. O ponto de partida deve ser uma demarcação clara do que sejam os
três Orientes e o Ocidente em suas unidades e oposições’. Contudo, quem define
essas demarcações e oposições? O próprio ‘Oriente’ é uma entidade móvel, em
seus vários aspectos, no imaginário dos brasileiros. Cláudio Pinheiro [2015]
nos mostrou que, para os latino-americanos, a cartografia imaginária da Ásia se
transforma ao longo das décadas, e a definição desse ‘outro oriental’ varia
segunda a época e o contexto geopolítico.
Por
essa razão, e de forma que consideramos acertada, Boaventura de Sousa Santos
nos diz que
‘Do
ponto de vista do Ocidente, o Oriente é a descoberta primordial do segundo
milénio. O Ocidente não existe fora do
contraste com o não-Ocidente. O Oriente
é o primeiro espelho da diferença neste milénio. É o lugar cuja descoberta descobre o lugar do
Ocidente: o centro da história que começa a ser entendida como universal. É uma descoberta imperial que em tempos
diferentes assume conteúdos diferentes.
O Oriente é, antes de mais, a civilização alternativa ao Ocidente’
[Santos, 2002]
O
‘Oriente’ precisa, então, ser definido, ou redefinido. Mas como fazê-lo, de
modo a não ser excludente, preconceituoso ou racista? E não será a própria
tentativa de definir ‘Oriente’ uma estratégia de distinção? Afinal, existem
movimentos de impacto mundial que tem o ‘Oriente’ como berço: o Cristianismo,
por exemplo, nasce em Israel, mas poucos lembram-se dele como uma religiosidade
oriental. O ‘Oriente’ continua a ser, portanto, uma definição móvel, aplicada
ao que ser pretende antitético a uma noção de ‘Ocidente’. Em 1979, Edward Said
[1998] lançou as bases para uma desconstrução crítica da noção de ‘oriente’,
como parte de um esquema narrativo colonialista de subjugação e desvalorização
cultural, ponto mais recentemente retomando por Gayatri Spivak [2018]. Como
exemplos, Cheik A. Diop [1989] demonstrou de que maneira a Egiptologia serviu
durante muito tempo a agenda imperialista europeia, e a civilização egípcia foi
subtraída de suas origens africanas. As Culturas antigas do Egito e da
Mesopotâmia foram inseridas numa cronologia histórica em que serviam de suporte
a ascensão do mundo Greco-romano e da religiosidade monoteísta de Israel.
Autores como George James [2022], Martin Bernal [1991] e Jacky Goody [2008 e
2011] propuseram que as influências afro-asiáticas no mundo antigo clássico do
Mediterrâneo são muito mais profundas e decisivas do que usualmente é
apresentado, e isso implica numa necessária revisão na maneira como estamos
escrevendo a história global. Ainda assim, o termo ‘oriente’ foi continuamente
sequestrado nas dimensões do debate acadêmico [Costa, 2022], discutido como uma
concepção conceitual europeirizante [Siary, 2001; Markovits, 2013] e
extensamente utilizado dentro de uma agenda colonial, como evidenciaram Pierre
Gourou [1953] e Phillipe Pelletier [2011]. No mesmo sentido, autores como
Samuel Huntington [1997] e Niall Ferguson [2017] propuseram que as diferenças
entre um ‘ocidente’ e o ‘oriente’ passam desde elementos civilizacionais até
questões de cunho epistêmico e cognitivo, o que implica em conflitos culturais,
sociais e na existência de abismos para o diálogo intercultural.
Contudo,
a redescoberta das relações comerciais e culturais entre ‘Ocidente’ e ‘Oriente’
– como analisadas em André Bueno [2002], Raul Mclauglhin [2012] e Peter
Frankopan [2019] – demolem a ideia da compartimentação histórica das
civilizações na antiguidade, e forçam a reescrita de uma história global. Se a
integração entre os povos é mais ampla do que aprendemos, então, quando falamos
de ‘Oriente’, de que ideia estamos realmente falando? Quem, ou o que, representa
o nosso ‘Oriente’?
Nesse
breve texto, eu gostaria de discutir algumas questões sobre como esse termo – e
outros conexos, como ‘Ásia’ – têm sido utilizados no ambiente acadêmico
brasileiro, muitas vezes dificultando o nosso entendimento sobre o que é ou não
‘oriental’. Gostaria ainda de discutir a sua validade como referência
geográfica, cultural e epistemológica, no que diz respeito ao problema do
ensino universitário. Afinal, um dos problemas cruciais nos estudos da
antiguidade no Brasil é compreender as nossas heranças orientais, das quais os
acadêmicos muitas vezes se sentem afastados. A tensão existente entre as
leituras universitárias e as dimensões do ‘Oriente’ no imaginário popular dão
azo a uma importante discussão sobre como precisamos – e devemos, urgentemente
– trazer os muitos ‘Orientes’ antigos para a sala de aula.
Um ponto de partida:
um ‘Orientalismo’ brasileiro?
Para
começarmos nossa discussão precisamos, portanto, pensar em como os brasileiros
conceberam a ideia de um ‘Oriente’ em algum momento da nossa história. Esse
ponto é bastante importante: segundo Mafra e Stallaert [2016] o Brasil
desenvolveu, ao longo do século 19, formas próprias de olhar para os
‘orientais’. Vivíamos com a presunção de sermos uma sociedade europeurizada, e
ao mesmo tempo, resultante da mestiçagem de portugueses, africanos e indígenas.
Nosso olhar sobre o ‘Oriente’ oscilava entre o fascínio e a repulsa pelo outro,
entre a admiração por essas culturas milenares e a concordância com o projeto
imperialista europeu, que impunha aos asiáticos um degrau inferior na
hierarquia imaginária das culturas. Essa indecisão se reproduziu nas imagens
sobre os ‘orientais’ em nossa sociedade.
Para
citarmos alguns exemplos: Pedro II, imperador do Brasil, foi um respeitado
orientalista, que viajou ao Egito e realizava traduções do hebraico, do árabe e
do sânscrito [Bediaga, 1999 e Pedro II, 2020], e autorizou a primeira missão
brasileira na China em 1880 [descrita no livro iniciador da Sinologia
brasileira, A China e os chins de
Henrique Lisboa [1888]]; ao longo do século XIX e início do XX, monumentos como
Pavilhão Mourisco na praia de Botafogo ou o mirante da Vista Chinesa [ambos no
Rio de Janeiro] revelavam a admiração pelo ‘exotismo oriental’, que se estendeu
ao longo de décadas, com a tradução de várias obras literárias como de Lin
Yutang, Rabindranath Tagore ou a Coleção Rubayat [Bueno, 2019]. Uma das
expressões máximas desse fascínio foi o surgimento de Malba Tahan [pseudônimo
do professor de matemática Julio Cesar de Mello e Souza, 1895-1974], que produziu
uma vasta e riquíssima literatura de inspiração ‘orientalizada’ [confira o
sítio com as obras desse autor ao final, nas referências].
Por
outro lado, uma parte da sociedade brasileira refutou enfaticamente a presença
‘oriental’ no país. A partir da segunda metade do século XIX, o projeto de
trazer chineses para trabalhar no Brasil foi sistematicamente combatido, pelo
medo do ‘contágio racial e cultural’. Expoentes intelectuais do país, como
Joaquim Nabuco, José do Patrocínio e Machado de Assis se puseram firmemente
contra essas iniciativas, usando argumentos dos mais variados gêneros –
incluso, afirmações de cunho racista e preconceituoso contra os ‘orientais’
[como apontando por Lesser, 2001, Dezem 2005 e Czepula, 2020]. No início do
século 20, as leis de imigração eram discricionárias, e se tornaram
especialmente discriminatórias no período pré e pós segunda guerra mundial
[Carneiro, 2018]. Não houve a abertura de um espaço específico para o ensino
das histórias orientais nas universidades [salvo alguns poucos cursos de árabe
ou japonês], e as tradições culturais dessas mesmas civilizações seguiram como
o objeto de estudo de especialistas solitários. Aos personagens asiáticos, bem
como aos seus descendentes, coube um difícil e complexo entre-lugar no panorama
social brasileiro, que continuamente oscila entre a assimilação e a exclusão
exógena, aos quais se imputam caracteres racialistas que já deveriam estar
superados – mas movimentos no sentido de combater essas ideias tem surgido,
como mostram Daniel Veras [2021] e o Coletivo Outra Coluna [outracoluna.wordpress.com].
Orientes ausentes
Essa
dicotomia surgiu em meio ao próprio problema de formação da identidade cultural
brasileira. Autores como Gilberto Freyre [2003], José Roberto Leite [1999],
José Amaral Lapa [1968], Philomena Antony [2013] e Ana Paulina Lee [2018] já
demonstraram cabalmente o quanto o Brasil era afro-asiático antes da vinda de
Dom João VI e da família real para o país em 1812, e o subsequente projeto de
europeurizar os trópicos. Isso se refletiu diretamente na formação de nossos currículos
escolares e universitários. A disciplina de História ficou fortemente vinculada
ao currículo francês, incorporando no estudo da antiguidade o mundo clássico
Greco-romano. A ‘Antiguidade Oriental’ permaneceu subjacente a esse quadro,
tornando-se uma especialidade de poucos estudiosos como Emanuel Bouzon [nos
estudos mesopotâmicos] e Ciro Flamarion Cardoso [Egito]. Note-se que a dimensão
dada o ‘Oriente’, nesse sentido, delimitava-se geograficamente ao norte da
África e a região do Levante, excluindo as demais civilizações do leste. Outro
elemento importante é que, temporalmente, esses núcleos eram analisados somente
no período da antiguidade; a estrutura universitária não demonstrava qualquer
interesse ou preocupação em questões de continuidade histórica, como se as
civilizações de Grécia e Roma ‘encerrassem’ a participação ‘oriental’. Nesse
meio tempo, apenas Mário Curtis Giordani publicou, em 1963, o livro História da Antiguidade Oriental, no
qual eram feitas apresentações gerais das civilizações orientais, incluindo aí
Índia e China; para além disso, a literatura sobre essas civilizações era
escassa, e obras como a de Ricardo Joppert [sobre China antiga], José Yamashiro
[Japão] ou de Carlos Alberto da Fonseca [Índia] eram praticamente exceções. Com
isso, a negação do outro asiático tornou-se paradigma de um projeto de
identidade nacional eurocentrado e excludente.
Conclusões
O
que esse quadro significa para nós? Numa visão tradicional da cultura
brasileira [e ainda vigente em vários setores de nossa sociedade], o ‘Oriente’
segue como um conjunto indistinto de povos e línguas, arrumados em troncos mais
ou menos genéricos [tais como ‘árabes’ ou ‘japonês], sobre os quais paira um
interesse superficial e relativamente oportunista. As produções literárias
surgidas ao longo do século 20 destinavam-se a um público aberto a diálogos
culturais mais amplos, mas sem preocupações de especialização – o que fez com
que não houvesse a formação de uma base escolar de interesse nesses temas. Nas
universidades, um grupo restrito de especialistas dedicou-se a um
aprofundamento nesses estudos, mas as dificuldades de difusão de conhecimento
próprias de nossa sociedade criaram um hiato entre o trabalho dos pesquisadores
e o público geral. Essa situação acaba criando questões contraditórias. Por
exemplo, o sucesso de novelas televisivas como O Clone, Caminho das Índias ou
Dez Mandamentos mostra um público
avidamente interessado em história ‘orientais’; mas qualquer telespectador que
se decida a entrar na universidade para aprofundar seus conhecimentos
enfrentará dificuldades em achar um curso que responda a sua demanda. Esse é
apenas um dos muitos pontos de atrito que poderíamos elencar; há diversos
aspectos que atraem o público ao estudo do ‘Oriente’, ainda que de modo superficial,
mas que não encontram ressonância no ambiente acadêmico. De certa forma, pois,
a ideia de ‘Oriente’ continua sem um aprofundamento, sem uma distinção clara no
âmbito do imaginário e das tradições brasileiras. As manifestações xenofóbicas,
resultantes do contexto da Pandemia em 2020, testemunharam um aumento
expressivo de ataques aos descendentes de asiáticos no país – simplesmente
porque os agressores não conseguem distinguir chineses de outros povos do
Extremo Oriente, e ainda convivem com ideias arcaicas, racistas e
preconceituosas em relação aos ‘orientais’ [Raff, 2021 e Sayuri, 2021]. Da
parte do Orientalismo brasileiro, portanto, parece que o trabalho está feito,
com todas as péssimas consequências que o desconhecimento e o interesse
superficial têm promovido. Por essa razão, é preciso pensar que ‘outros
orientes’ são possíveis de serem discutidos e analisados em nosso contexto
cultural.
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Sobre a ausencia de pesquisas e estudos aprofundados do Oriente no Brasil e a consequente falta de incentivos e politicas publicas ,com relaçao ao tema, de que forma essa ausencia nos prejudica nas estrategias economicas e culturais com relaçao ao mundo plural e globalizado e o constante crescimento dos paises do Sudeste Asiatico ?Como romper com esse isolamento cultural e nos aproximar dessas naçoes do Sudeste Asiatico, como as Filipinas , que tem notaveis semelhanças com o Brasil e America Latina ? RICARDO DOS SANTOS BARBARRA
ResponderExcluirCaro Ricardo, obrigado pela pergunta! Como projeto de Estado, a própria necessidade de desenvolver relações internacionais exige a formação de especialistas... mas a falta de atração sobre os temas, e o preconceito reinante, com certeza desestimulam a busca por esse tipo de pesquisa. Somente uma educação descolonizada por fazer rever a dimensão desses conceitos, e fomentar aproximações... mas temos que começar isso dentro da própria academia, onde se formam professores e pensadores. =) grato!
ExcluirGrato, Professor Andre , nao seria interessante sobre um ponto inicial de partida para fomentar essa aproximaçao colocar inicialmente no mercado traduçoes de obras em ingles ,pensando na escassa referencia por exemplo de literatura do Sudoeste Asiatico no Brasil, para que o publico possa conhece-las ?Eu cito a obra do escritor indonesio Eka Kurniawan, entitulada ''A Beleza e uma Ferida '' ,primeira obra desse pais traduzida no Brasil em 2017 ,teve grande repercussao e debates por ser um mercado inedito que se abre. Por que as editoras nao enxergam essa demanda crescente ja que por exemplo os filmes asiaticos despertam cada vez mais interesse no publico nacional ?Poderiamos aproveitar inicialmente essas traduçoes do ingles ,vejo , e voces sabem disso que estamos tomando muito prejuizo e la na frente isso pode custar caro esse nosso provincionalismo que so nos isola do restante do mundo plural . Abraços , Ricardo dos Santos Barbarra
ExcluirPensando a respeito das múltiplas definições que o termo 'oriente' carrega. Como poderíamos problematizá-la dentro de uma sala de aula nos espaços de Ensino Fundamental II e Ensino Médio? Entendo que é uma problemática muito desafiadora, pois ela falta precisão e pode acarretar confusões. Caso for utilizada de maneira deliberada como, "Antiguidade Oriental"; "Alemanha Oriental" ou "filosofia oriental" há de se haver definições heterogêneas sem nenhuma congruência. Desse modo, como propor um espaço inicial para 'desfazer' e combater a superficialidade presente no nosso contexto cultural a respeito do termo 'oriente'?
ResponderExcluirPensando a respeito das múltiplas definições que o termo 'oriente' carrega. Como poderíamos problematizá-la dentro de uma sala de aula nos espaços de Ensino Fundamental II e Ensino Médio? Entendo que é uma problemática muito desafiadora, pois ela falta precisão e pode acarretar confusões. Caso for utilizada de maneira deliberada como, "Antiguidade Oriental"; "Alemanha Oriental" ou "filosofia oriental" há de se haver definições heterogêneas sem nenhuma congruência. Desse modo, como propor um espaço inicial para 'desfazer' e combater a superficialidade presente no nosso contexto cultural a respeito do termo 'oriente'? Levi Yoriyaz
ResponderExcluirCaro Levi, obrigado pela pergunta! Penso que o início reside justamente em desconstruir o senso comum, a partir das dimensões dadas pelos pré-conceitos. Desarrumar a cartografia imaginária, rediscutir o trânsito de elementos culturais entre culturas e entabular um debate sobre exclusão e xenofobia são sempre caminhos saudáveis e efetivos nesse sentido. Talvez daí possa nascer uma nova ideia de 'oriente', num sentido de diferença que seja positivo e enriquecedor, e não pejorativo e excludente. =) Grato!
ExcluirBoa tarde. Muito interessante a perspectiva de como a ideia de "Oriente" é vista/construída no Brasil. Há um hiato entre a produção acadêmica e a população como um todo. Sua diminuição poderia ajudar a desmistificar alguns preceitos de mentalidade que ficam na longa duração. Nesse sentido:
ResponderExcluir* como fazer para que os conhecimentos de pesquisadores cheguem a mais pessoas?
* como tornar mais atrativas aos estudantes, e potenciais pós-graduandos, as temáticas do próximo oriente e extremo oriente?
Grata.
Vanessa dos Santos Bodstein Bivar
Cara Vanessa, obrigado pela pergunta! Esse hiato tem que começar a ser vencido dentro da universidade, onde o preconceito e o eurocentrismo determinam o que é feito do currículo. Infelizmente, é uma briga com colegas de cabeça fechada. Curiosamente, o dia a dia da convivência com a diversidade cultural força novas demandas, que ajudam a repensar esse jogo de relações e as adaptações no currículo. Depois disso, é aprender a transpor para os livros didáticos essa realidade - e diga-se de passagem, é outro abismo que existe, já que os 'acadêmicos eruditos' não gostam de vulgarizar pesquisa, e os produtores de livro didático, em geral, se atém a moda e a PCN, sem contemplar projetos mais amplos e diversos. No mais, acho que o interesse das pessoas será sempre diverso, mas não podemos deixar de abrir portas, não podemos privar os alunxs de possibilidades, que é o que ocorre. Um curso de Ásia já pode ajudar bastante =) grato!!!
ExcluirMuito obrigada
ExcluirPrezado prof. André, boa tarde! Parabéns pelo texto! Ao ler a comunicação deparei-me com a frase: “existem movimentos de impacto mundial que tem o ‘Oriente’ como berço: o Cristianismo, por exemplo, nasce em Israel, mas poucos lembram-se dele como uma religiosidade oriental”. O prof. entende que essa triste realidade cultural e esse processo de “apagamento” das origens, teve a sua gênese com o neocolonialismo do século XIX (imperialismo)? RENATA ARY
ResponderExcluirCara Renata, obrigado pelo questionamento! Acho que desde a Idade Média o Cristianismo já foi apropriado por Roma e ocidentalizado, criando uma versão antitética ao cristianismo oriental e depois, ao islã. Com certeza, porém, o pensamento neocolonial do século 19 é crucial em justificar epistemologicamente essa distinção, incutindo o imaginário a noção de uma cisão originária - em outras palavras, como se Jesus nunca tive nascido na Palestina.... Grato! =)
ExcluirProf. André, muito obrigada pela resposta! :) RENATA ARY
ExcluirPrezado, André. Seria interessante desconstruir dentro das Universidades e por parte de pesquisadores que não focam o Oriente em suas pesquisas. Por outro lado, os livros didaticos repetem a mesma história sempre. É preciso dar espaço e credibilidade a estudos sérios sobre o Oriente. Não só na Academia, mas ao público em geral.
ResponderExcluirNa sua opinião,com quebrar estes paradigmas?
SÓ arrumando pergunta acima foi feita por Fabio Ehlke Rodrigues
ResponderExcluirFabio Ehlke Rodrigues ,
ResponderExcluirCaro André, que Oriente se quer mostrar e como ele pode ser visto sem o preconceito?
A pandemia mostrou isso.
Olá André, é sempre um prazer ler seus textos.
ResponderExcluirVocê disse "Não houve a abertura de um espaço específico para o ensino das histórias orientais nas universidades [salvo alguns poucos cursos de árabe ou japonês], e as tradições culturais dessas mesmas civilizações seguiram como o objeto de estudo de especialistas solitários".
Pergunto: tenho a hipótese de que esse isolamento se dá, também, pelo fato de não haver concursos específicos sobre temas asiáticos no Brasil (com raríssimas exceções), você considera que essa falta de concursos públicos para carreira docente em "cadeiras" de estudos asiáticos é um fator que propicia o isolamento desses especialistas?
Matheus Oliva da Costa
Caro Matheus, sempre um prazer falar contigo! Simmmm, penso que o próximo desafio em termos de efetivas reformas curriculares é, no mínimo, abrir uma vaga/cadeira de história asiática, tal como foi feito com África. Porventura, pensar uma lei que incorpore também os saberes advindos da imigração, incluindo ai todos os migrantes de próximo e extremo oriente. Sem isso, corremos o risco sempre de ficar numa erudição de salão, que produz saber, mas não o distribui... Gratidão!!! abraço!! =)
ExcluirConcordo! Uma lei nesse sentido seria massa. Dependendo do resultado das eleições, se a defesa da diversidade cultural voltar à pauta política nacional, talvez isso seja realmente viável.
ExcluirComentário: sobre "quanto o Brasil era afro-asiático antes da vinda de Dom João VI e da família real para o país em 1812", toda vez que cito essas pesquisas, até hoje, sempre historiadores olham com cara de desconfiança, quando não expressam uma rejeição até corporal ao assunto, como se eu estivesse defendendo algo equivocado e não científico como "terra plana". Torço para que a formação em história do Brasil em todos os níveis seja mais inclusiva com as culturas asiáticas, especialmente as que nos impactaram.
ResponderExcluir'A China no Brasil', do José Roberto Leite, já daria uma boa ajuda nesse sentido... interessante pensar como a recusa é cognitiva mesmo! abraço!!
ExcluirÓtimo texto! André, como você vê as mídias sociais no contexto de uma possível recepção (histórica) às culturas asiáticas? Embora possa parecer uma pergunta deslocada, assistimos a uma grande penetração das mídias, aplicativos e plataformas de streaming em camadas sociais muito distantes do contexto universitário, e isto têm fomentado interesses inusitados pelas artes e história oriental. Tomo como referência o número crescente de alunos que guqin que me chegam pelas mídias por conta das séries asiáticas (chinesas e coreanas) disponíveis no Netflix. A historiografia digital já tem postulado coisas interessantes neste sentido. Percebo que as mídias sociais (e seus algoritmos) operam em resposta a relação que cada um faz com certo "Oriente" particular ao pesquisar na rede, entregando conteúdos e informações que os programas universitários ou bloqueiam ou ignoram. Penso, até mesmo, na iniciativa deste simpósio como que demarcando de forma muito rica a presença digital dos estudos orientais no Brasil (que se estende a países de idioma português).
ResponderExcluirCaro André, obrigado pelo comentário! A história digital é a nova fronteira em desenvolvimento na produção e difusão de documentos, criando um panorama rico e complexo de trânsitos culturais. Há uma nova leva de informações surgindo, dos mais diversos tipos e qualidade, que tem influenciado positiva e negativamente a curiosidade pelas culturas asiáticas. De forma mais pragmática, penso que a disponibilidade ainda é mais favorável do que ruim [apesar do fenômeno fake-news], pois é possível pesquisar, avaliar e discutir os materiais a partir de diversas fontes. Como bem apontaste, o simpósio nasceu dessa necessidade de criar um espaço onde possamos dialogar nossas pesquisas e perspectivas, criando um porto seguro de ideias. =D grato!!!
ExcluirBoa-noite, professor André! Parabéns pelo seu texto... realmente no nosso país, trabalhar o ORIENTE é um pouco complicado. E sempre digo que a BNCC agravou mais ainda este aspecto. Concorda?
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ResponderExcluirOlá professor, tudo bem? Gostaria de expor uma provocação. Quais estratégias podemos criar para divulgar conhecimentos científicos e acadêmicos sobre a Ásia em tempos de xenofobia e fake news em nosso país?
ResponderExcluirOi Vittória, obrigado pela pergunta! Mais do que nunca, os espaços de comunicação são um palco de disputa entre visões de mundo, onde as informações vinculadas dependem do objetivo dos postulantes. Nesse sentido, a saída é educacional e acadêmica, produzindo materiais que possam efetivamente contribuir para a formação de uma mentalidade mais saudável em relação as diferenças, e que ajudem na luta contra a desinformação acientífica. Grato!! =)
ExcluirEu que agradeço professor :)
ExcluirA questão do qual Oriente falamos no BRasil, ele se prende ainda a ideias voltadas a Guerra Fria e também a chegada de imigrantes orientais. Mas, vejo que evitasse falar deles no Brasil. Dizem que nosso país é acolhedor. Com o mundo global essa questão deveria ter sido superada. Mas na teoria é uma coisa, na prática é outra.
ResponderExcluirFábio Ehlke Rodrigues
Obrigado Fábio, por um comentário que toca na ferida! O Brasil é acolhedor em termos; ele desenvolveu a fantasia de ser hospitaleiro, receptivo e cordial, mas na prática a xenofobia, o racismo e o preconceito ditam muitas das práticas do dia-a-dia. O senso comum brasileiro dita que o 'subalterno' suporte suas piadas discriminatórias sem reação, como se isso fosse 'aceitação', e quando o faz, é submetido então aos mais variados gêneros de violência. A luta pela educação inclusiva e respeito a diferença é crucial. É um trabalhado para anos, que só começou recentemente, e por isso enfrenta tantas barreiras. Grato!
ExcluirBom dia professor. Primeiro, parabenizo pelo texto.
ResponderExcluirAlgumas das perguntas anteriores já tangenciam minha questão, mas gostaria de saber como poderíamos incorporar parte dessa discussão sobre "qual Oriente" no Ensino Básico?
Gratidão
Caro Harian, obrigado! =) peço por gentileza que confira as perguntas anteriores, onde discutimos um pouco sobre isso. Grato!
ExcluirOlá, Professor André Bueno!
ResponderExcluirTudo bem? Espero que sim.
Antes de mais nada, parabéns pelo competente texto.
Professor Bueno, as leituras dos seus textos e as participações em eventos com tal temática, têm o objetivo de preencher as lacunas da minha formação inicial em História. Mas, confesso: há, ainda, uma insegurança pedagógica quando penso em 'outros orientes' na perspectiva da sala de aula; muito em função da ausência de interlocutores (colegas professores), de adequados materiais didáticos (livro didático, por exemplo) e o currículo escolar estanque.
Pergunto: Professor, como o senhor percebe a Formação Continuada dos Professores da Educação Básica acerca dos de 'outros orientes'?
Abraço!
oi Antonio, obrigado pela pergunta! como percebo a formação de professores?.... como uma verdadeira marcha da insensatez, uma caminhada semiconsciente em direção a um abismo de ignorância no qual muitos profissionais se dispõe a se acomodar por pura e simples preguiça ou falta de responsabilidade na função do ensino... estamos realmente mal de colegas, que continuam a reivindicar uma estupidez recalcitrante sobre dois terços do mundo [as mães afro-asiáticas!]. Mas a saída, sempre, é continuar a lutar por um ensino mais consciente e crítico. E materiais e conteúdos, tentamos proporcionar aqui no evento ou por outros meios, buscando publicizar o que tem sido feito por quem já acordou para essa necessidade. grato pela pergunta! =) abraço!!!
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ExcluirEu que agradeço, professor pela resposta choque-de-realidade com esperança. Abraço!!!
ExcluirJuntos na empreitada! =) grande abraço!!
ExcluirTexto de importante discussão e desdobramentos, me trouxe muitas reflexões sobre a própria construção da historiografia brasileira. Para além do texto e como possibilidades dele, fico pensando como nós professores ( e aí me refiro a professores da rede de ensino fundamental e médio) podemos trazer aos nossos alunos de forma prática e enriquecedora discussões que façam mediação com conceitos mais reais de "Oriente". Sei que são muitas as possibilidades, mas agradeceria se pudesse balizar de forma pontual algumas dessas possibilidades. Professora Jeanne Silva.
ResponderExcluirProfessor Andre:
ResponderExcluiraqui é a professora Jeanne. Não consegui me identificar na pergunta anterior, mas cheguei a ler na linha de perguntas e comentários que a minha pergunta em parte, já foi respondida. Percebo a preocupação de vários colegas justamente com a questão da formação de professores, e as formas de ensino e tratamento da matéria junto aos alunos da escola básica e de ensino médio.
Professor, devido à esta visão do Oriente no Brasil, o senhor consegue expressar se há alguma perspectiva de inclusão do estudo sobre o Oriente nas grades escolares? Amplio também para o âmbito da universidade, já que, pelo menos na minha instituição, essa matéria não é prevista nem como optativa.
ResponderExcluirThais Helena Barbosa Esperança
Caras Jeanne e Thais, grato pelas perguntas, que buscarei responder de forma conjunta. =) O espaço acadêmico e o espaço escolar, enquanto produtores de saberes, são lugares ativos e em aberto a experimentação. O que eu quero dizer com isso? Que, independente de não termos disciplinas sobre Ásia na grade universitária, ou do espaço das aulas na rede ser reduzido, podemos inserir conteúdos, estudar, usar nossas ferramentas de pesquisa para desenvolver materiais e experiências. Hoje estamos um pouco melhores do que ontem, e não precisamos mais ser autodidatas para estudar os muitos orientes - embora uma boa orientação seja sempre bem vinda. Mas, como espaço de negociação, os ambientes de ensino precisam ser instados a lidar com essas novas realidades, e nossa parte é levar essas discussões e colocá-las em jogo. =) grande abraço!!
ResponderExcluirBom dia! Primeiramente gostaria de parabenizar o autor pelos apontamentos e discussões em sua pesquisa e agradecer pela sugestão de conteúdo e problematizações a serem levadas a baila do debate em sala de aula. Nas minhas aulas, problematizando o conceito de "oriente" e buscando uma terminologia menos partida de uma perspectiva exógena e nesse esforço, como trabalho China e Japão, utilizo o termo "Leste Asiático" deixando a palavra oriente para que seja objeto de nossa analise de critica de conceitos. Ainda que permaneçamos utilizando o termo, é oportuno problematizá-lo, se não pelas razões de localização, por sua amplitude, penso. Isso, também, para que tematize nas minhas aulas de Moderna Oriental a históriografia dos japoneses e chineses sobre eles mesmos e não, apenas, as representações externas sobre sua história. Que acha da proposta? Não poderíamos, ainda, pensar na cunhagem de outro termo baseado na geografia? Concordo, entretanto, que o termo Oriente exerce, ainda, enorme presença entre nós, seja por sua crítica ou por sua afirmação.
ResponderExcluirGrande abraço!
José Otávio Aguiar UFCG
Caro prof. José, é um honra sua presença aqui, obrigado! De fato, tenho pensado muito em como usar - ou não - o termo oriente, e se é possível reinventá-lo. Sonoramente, acho a palavra linda, e simbolicamente - o lugar onde nasce o sol - significa, a meu ver, a percepção de uma gênese humana afro-asiática que muito me agrada. No entanto, a palavra foi sequestrada pelo orientalismo imperial, e desde então, patinamos numa ressignificação. Já me aventurei em imaginar termos novos, como 'oeste distante' [afinal, eles estão mais a oeste de nós, do Brasil, e não a um extremo leste, rss], mas não cheguei a uma conclusão, sendo bem sincero. O que faço, igualmente por exercício pedagógico, e buscando criar um procedimento metodológico, é: 1. admitir que a palavra representa pluriversidade; 2. que a mesma deve ser respeitada e valorizada em suas diferenças, sem hierarquizações; 3. evitar o uso que homogenize [tal como 'os orientais pensam assim', ou 'os orientais agem' ]; 4. por fim, como Boaventura indicou, é uma fronteira epistêmica, a ser desconstruída. Mas topo sim, pensar uma reelaboração, um neologismo que possa dar conta de expressar um nova visão de diferença que seja positiva. =) Grato!! grande abraço!!!
ExcluirSaudações professor André.
ResponderExcluirsou graduando em história e achei extremamente interessante os exemplos de como o Oriente é construído a partir de uma visão do ''outro'' que seria um não-Ocidente e de como esse conceito é fluido e pode ser distorcido para se adequar a uma história do ponto de vista Ocidental. como por exemplo o cristianismo que apesar de ter origem no Levante é visto como uma religião ocidental.
Existem alguns outros exemplos interessantes na história que acabaram ficando de fora do texto por causa do tamanho ? Como no leste europeu ou no norte da África ? Desde já agradeço.
Meus cumprimentos, Gabryel Garcia Lima
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ResponderExcluirProfessor André Bueno,
ResponderExcluirObrigada pelo texto e pelos esclarecimentos em relação a esse tópico lacunar dentro dos estudos asiáticos.
Gostaria de fazer uma pergunta sobre o Pedro II, imperador do Brasil, e o trecho em que você o menciona e, consequentemente, o rastro dele como um "respeitado orientalista": é possível inferir que para além dessa "admiração ao exotismo" de Pedro II, havia também uma intenção política por trás, principalmente em relação de trazer a literatura "oriental" para o Brasil? Por exemplo, havia o desejo de entender melhor algumas culturas asiáticas a partir da literatura, portanto, dominá-las?
Abraço grato!
Maria Gabriela Wanderley Pedrosa
Cara Maria Gabriela, obrigado pela pergunta! Penso que no caso de Pedro II, ele via o conhecimento do Oriente como erudição, não necessariamente uma prática colonial [embora o orientalismo do século 19 se baseasse nisso]. A miragem da europeurização embranquecedora é que embaçou a relação tátil dos brasileiros com suas raízes eivadas das culturas afro-asiáticas. De se lamentar, de fato, que outros intelectuais brasileiros tenham se dedicado ao preconceito, e não ao estudo do outro, como Pedro II fez... Mas acredito que o fazia por conhecimento mesmo, um direito democrático que todxs devemos ter! =) grato!
ExcluirOlá, professor! Tudo bem?
ResponderExcluirEm um momento no qual a esfericidade da terra é questionada, o racismo é negado, e a ditadura brasileira é romantizada, e mesmo estando aptos a comprovar a falácia dessas informações, encontramos dificuldades. Como posso utilizar o pouco conhecimento sobre Oriente que adquiri na licenciatura para transpor as concepções propagadas por Hollywood e ajudar a educar uma população de trabalhadores rurais carentes de educação, mas fortes em suas opiniões?
Gisele Oliveira de Lima
Obrigado pela pergunta Gisele! Filmes são um ótimo material para desfazermos estereótipos, e ensinar os alunos a identificá-los. Os filmes envolvendo asiáticos, então... são recheados de preconceitos e fantasias da pior espécie. Podemos chamá-los a questionar suas crenças de mundo em face do real [tal como: chineses são x, y, z, mas tem uma das maiores economias do mundo... como pode ser isso? brasileiros se acham espertos, mas pq os chineses que tem ganho o mundo? etc, etc.]. No mais, mesmo que nosso conhecimento seja pouco, ele é sempre melhor do que não ter; e é sempre semente a florescer, se a gente regar com paixão e cuidado =D No mais, educar não é uma tarefa mole não... mas os desafios que nos fazem melhores, e nos ensinam a como exercitar as táticas pra discutir [e a paciência pra esperar resultados]. grande abraço!! grato pela pergunta!
ExcluirOlá professor, tudo bem?
ResponderExcluirO Oriente contribuiu de muitas formas para a nossa sociedade, exemplo disso, como citado no texto, foi a ascensão do cristianismo em Israel, mas quando paramos para analisar muitos desses acontecimentos passam despercebidos e a impressão que é passada é que tudo acontece no de bom e importante Ocidente e apenas o contrário acontece no Oriente, o que não é verdade. Minha pergunta é porque essa constante “diminuição” do Oriente feita pelo Ocidente?
Andressa Rodrigues da Silva Soares
ExcluirOlá professor, tudo bem?
ResponderExcluirO Oriente contribuiu de muitas formas para a nossa sociedade, exemplo disso, como citado no texto, foi a ascensão do cristianismo em Israel, mas quando paramos para analisar muitos desses acontecimentos passam despercebidos e a impressão que é passada é que tudo acontece no de bom e importante Ocidente e apenas o contrário acontece no Oriente, o que não é verdade. Minha pergunta é porque essa constante “diminuição” do Oriente feita pelo Ocidente?
Andressa Rodrigues da Silva Soares
obs: esqueci de assinar acima
Olá professor,
ResponderExcluirOutra pergunta que eu como graduanda da universidade de história gostaria de fazer é o porque da escassa oferta de matérias que falam sobre o Oriente e a Ásia na faculdade, e porque esses assuntos também são tratados de forma escassa nas Escolas.
Andressa Rodrigues da Silva Soares
graduanda do curso de história na universidade *
ExcluirOi Andressa, grato pela pergunta. Quanto a construção desse 'oriente' desprestigiado, é ver o trabalho de Edward Said, que inaugurou a crítica nesse campo de estudos; dali podemos entender como a construção dos currículos seguiu essa grade de leitura, recriando um imaginário profundamente problemático no Ocidente.
ExcluirGrato! =)
Muito interessante esse texto, realmente é um assunto que precisar ser tratado. Eu como estudante vejo esse déficit em relação aos estudos sobre o Oriente, os poucos autores que lemos na graduação não trás a devida relevância em relação assunto. E fica uma lacuna desse conhecimento que a muito precisa ser preenchida.
ResponderExcluirJucirene Martins Costa
ExcluirEstudante de licenciatura em História, UNAMA
Uma pergunta, como seria possível um estudo mais prático ou uma disciplina sobre o tema na sala de aula, visto que ainda se tem muita resistência quanto só tema. Por mais que se tenta falar sobre o tema em aulas, ainda tem essa dicotomia sobre o tema.
ResponderExcluirOlá Professor André.
ResponderExcluirParabéns pelo seu trabalho, esse mês trabalhei com meus alunos dos anos finais do ensino fundamental os meus alunos os conceitos de oriental e ocidental, isso ainda é um pouco confuso para eles, mas muitos entendem orientais como japoneses, como muitos tem a visão da África como um país. Na minha formação acadêmica praticamente esse assunto não foi trabalhado, na sua opinião não é necessário um trabalho mais focado nos cursos superiores e com consequência uma melhor formação dos novos professores?
Anderson da Silva Schmitt
Caros Gabriel, Jucirene e Anderson, grato! Em linhas gerais, como propus no texto, um ótimo ponto de partida é criar um disciplina de educação asiática, oriental, ou asio-brasileiras, enfim... algo que nos conecte com os temas, problemas, e que nos prepare minimamente. =) abraço!
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